Capítulo 17

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Esperei as cortinas fecharem, logo depois que todas as meninas passaram pelo processo de leilão, para sair correndo dali. Ouvi alguém me chamando, mas acabei por fugir dali e segui disfarçadamente para a saída, senti Jackson tentar me alcançar, mas eu não ia deixar.
Por isso usei a velocidade absoluta para sair daquele lugar e ir até a escadaria que era protegida por Rob e Brad, os guardas da porta de saída hoje não iria permitir ninguém que não fosse da casa ter acesso aos corredores dos quartos.
-Boa noite meninos.-cumprimentei eles que me cumprimentaram de volta.
-Está belíssima senhorita Amélia.-sorri.
-Se importam de não deixar ninguém passar?-assentiram firmemente.
-É o nosso trabalho senhorita.-olhei para o lado vendo Jackson. Sorri para eles e passei subindo a escadaria.
-Amélia, espere!-Jackson tentou vim até mim, mas os meninos o barraram. Eu não queria encontrá-lo agora, eu estava arrasada de mais.
Até o que parece ser o mais forte precisa chorar as vezes.
"Parece que ele não aguentou ficar muito longe da companheira." respirei fundo ouvindo as palavras de Michelle.
"Ex companheira, não temos mais laço algum."
"Não foi o que pareceu." comentou.
"O laço ainda não foi completamente quebrado." disse Lauren me fazendo respirar fundo, mas não levei isso a sério no momento. Eu sentia tristeza e raiva dele, isso era o suficiente. Vi Sakura se aproximar, ela passou por ele, mas foi barrada. Jackson lhe disse algo e ela se soltou dele e veio até mim me dando um sorriso fraco.
-Não se preocupe com isso agora.-dizia pegando minha mão e me puxando pelo corredor.-Ele não vai te incomodar por hora.-seguimos o corredor ao lado contrário o do nosso quarto e então entramos no armário em que fizemos o picnic ontem, só ali me permiti desabar. Me encostei na parede e escoei até o chão.
-Por que logo ele teve que me comprar? Por que todas as desgraças só recaem sobre mim?!-me segurei para não derramar lágrimas.
-Ele não vai te fazer mal.-ela ficou na minha frente.-Olha pra mim.-levantei meu olhar.-Você é linda, corajosa e a loba mais forte que conheci, não precisa temer.-sorri sentindo naquelas palavras um certo conforto. Ela se sentou ao meu lado.-Eu sei que pode doer porque é muito recente, mas falar sobre como foi sua rejeição pode te ajudar.-engoli seco sentindo um bolo na minha garganta e um frio na barriga. Lembrar ainda me causava dor.-É sério, foi assim que eu comecei a me sentir melhor.-mordi o lábio inferior.
-Ele estava fazendo 23 anos e era a cerimônia de passagem de posto.-ela franziu a sobrancelha.
-Tão tarde?-assenti. Normalmente esta cerimônia é realizada quando o lobo atinge a maioridade aos 20 anos para nós.
-Ele era bastante inconsequente e ainda não tinha encontrado sua companheira. Então seus pais decidiram adiar a mudança de posto.-expliquei rápido.-Eu fui naquela maldita cerimônia com meus amigos, apenas porque tinha prometido ir, mas me senti mal em ir e quando cheguei lá, ele me rejeitou na frente de todos seus convidados apenas porque eu tenho essas cicatrizes pelo meu corpo.-vi ela abrir a boca sem acreditar.-Ele contou a todos que meu corpo é marcado, fez questão de salientar minha falta de beleza enquanto seus amigos gravavam e no fim me deu um tapa.-suas expressões eram quase cômicas.
Indignação, surpresa, raiva...
-Claro que eu acertei um soco nele e quase brigamos ali, seus amigos tentaram me segurar, mas antes que ocorresse uma desgraça seu pai surgiu e me liberou e eu só corri pra longe, me transformando mata a dentro.-sorri.-Pelo menos naquele dia recebi algo bom, foi a primeira vez que usei a velocidade absoluta.-ela tocou meu ombro. Respirei fundo.
-Se sente melhor?-assenti.-Você usou a velocidade absoluta para me salvar naquele dia, não foi?-assenti.-Caramba! Nunca conheci alguém que tem um poder absoluto!-sorri a sua animação me deixava animada também.-Desculpa, eu sei que esse não é o momento...
-Não, tudo bem. Pode perguntar.-eu já andava a alguns dias com ela a ponto de conhecê-la o suficiente.
-Você usa igual um poder normal? Gasta sua energia lupina muito rápido? Como conseguiu treinar e chegar ao ponto de quase parar aquela besta? Você pode me mostrar?-sorri a chuvarada de perguntas, isso me distraía de tudo o que estava acontecendo a minha volta.
-É como um poder lupino e por isso gasta energia, o fato de ser um poder absoluto, tem um gasto muito rápido de energia. Eu usei minha memória dos meus treinos de luta iniciais, por serem muito pesados eu consegui treinar rápido.-respirei fundo.-Você tem algum acessório ai? Um brinco? Pulseira?-ela tirou um brinco.
-Aqui.-peguei a peça sentindo o peso e então devolvi.
-Lance na parede.-ela arregalou os olhos.
-Amy, esses acessórios não são nossos, temos que devolver e parecem ser caríssimos.-assenti.
-Confie em mim, jogue-o na parede.-ela deu de ombros e então lançou na parede, eu fixei meu olhar no pequeno objeto fazendo com que ele parasse na metade do caminho, assumindo uma velocidade 10 vezes mais lenta, eu estava conseguindo controlar o quanto de velocidade o objeto podia ter, aumentar sua velocidade ou diminuir, mas isso requeria bem mais de mim do que usando-o de qualquer maneira. Vi um barulho de surpresa, ela se colocou de pé se aproximando do objeto, encarando-o, tocando nele.
-Como? Ele está quase parando.-ela olhou pra mim ficando surpresa.-Seus olhos, eles... estão iluminados!-comentou.-Você nem parece está gastando tanta energia.-assenti suspirando.
-Mas estou, inclusive gastando muita energia.-apontei com a cabeça pro brinco.-Se não quiser perdê-lo, é melhor pegar.-ela se virou rápido e agarrou o brinco voltando a se sentar ao meu lado.
-Isso é incrível!-ela abriu a bolsa dela.-Vamos comer e recuperar as energias.-me mostrou sua bolsa cheia de salgadinhos de festa. Ri de seu comportamento igual ao de uma criança. Peguei um salgadinho.
-Você é cheia de surpresas.-é divertido o fato dela sempre ter comida por perto.-É verdade, fiquei tão chateada que não notei quem te comprou.-ela deu de ombros.
-Alguém que não conheço, espero me sair bem nos serviços.-ela deu de ombros. Senti vontade de ajudá-la de alguma forma.
-Tem algum acessório que seja seu por aí?-ela me olhou estranhando.-Um anel, pulseira, quem sabe o colar?-ela tirou o anel.
-Isso aqui é meu, foi minha irmã que me deu no dia que fui rejeitada. Ela abriu mão de portar o anel dada a primogênita só pra fazer eu me sentir melhor.-peguei aquele anel nas minhas mãos, a pedra era de diamante rosa, cortada em formato de coração, o anel tinha vários desenhos na parte dourada.
-É lindo.-segurei ele dentro das minhas mãos, fechei os olhos concentrando minha energia ali.-Sell paliever gustger man'rem corstan priliv'ever catimoster mulort.-das minhas mãos irradiaram um brilho lilás muito claro que envolveram o anel.-Luterir plas gust'yir masor loter.-as palavras foram surgindo automaticamente nos meus lábios. A luz ficou mais clara até que cessou, olhei para Sakura vendo-a a paralisada.
Respirei fundo, fazer aquele feitiço no momento em que estou tão debilitada emocionalmente me desgastou muito. Para os lobos, não tem importância o estado emocional do humano, contanto que seu estado físico esteja íntegro ele poderá utilizar todos os seus poderes, mas para alguém de minha espécie natural... o estado emocional leva muito em conta, independente do estado físico. Tossi.
Devolvi o anel a ela.
-Por ser minha amiga e por ter me deixado melhor, vou te dá um presente.-ela olhou boquiaberta para o anel.-Seu anel agora será como um escudo, ele vai te proteger de qualquer magia que queira te ferir e caso esteja em uma situação de emergência você precisa apenas derrubar uma gota de sangue sobre o diamante.-toquei a pedra em formato de coração.-Eu darei um jeito de ir até você e te ajudar.-ela sorriu e então me envolveu em um abraço forte.
-Obrigada!-nesse exato momento a porta se abriu e eu fiquei grata por ter sido alguns estantes depois de eu ter enfeitiçado o anel.
-Meninas! Estou procurando vocês a tempos!-Marcus entrou fechando a porta.-Sinto muito Amélia, mas a venda foi finalizada, se eu soubesse que Jackson foi quem te rejeitou não tinha permitido a entrada dele.-um balde de água fria foi jogada sobre mim só de ao ouvir o nome dele.
-Agora é tarde.-dei de ombros cabisbaixa.
-Me desculpe.-ele se sentou na nossa frente, seu olhar caiu para a bolsa de Sakura.
-Quer um?-ele balançou a cabeça negativamente.
-Tudo bem, eu vou enfrentar isso. Eu acho...-Sakura segurou meu braço.
-E se a gente fugir? Podemos ir embora sem ninguém saber e...
-...colocar a cabeça do pobre instrutor de vocês em jogo.-comentou Marcus.-Eu também queria ter uma maneira de contornar isso.-sorri para eles.
-Eu vou ficar bem, é sério. Vou voltar pra minha alcateia temporariamente e depois voltarei para aqui.-ele sorriu.
-Nós podemos pedir aos meninos para dá uma surra nele.-Sakura cruzou os braços.
-Amy mesmo pode bater nele.-disse convencida me fazendo arregalar os olhos.
-Não seja boba, ele é um macho alpha.-suspirei percebendo que ele não levou a sério.
-Eu poderia pedir que alguém jogasse um balde de água gelada nele?-Sakura riu.
-Poderia, posso me encarregar disso e depois lido com as advertências.
-Então deixa pra lá, eu vou me vingar dele de alguma forma, essa vai ser uma ótima oportunidade.-senti minha amiga acariciar meu ombro. Marcus remexeu nos bolsos de sua roupa e então nos deu papeis.
-Aqui está meu número, se vocês sofrerem algum tipo de maus tratos devem me telefonar de alguma maneira, eu mandarei buscar vocês.-sorri pegando o papel.-Precisamos sair, aquele alpha vai derrubar os seguranças alguma hora.-ele roubou um salgadinho de Sakura e colocou na boca.
-Hey!-ela riu comendo um também. Me levantei.
Está na hora de enfrentar meu novo inferno.
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Abracei Sakura uma última vez.
-Chega, está na hora.-soltei ela sorrindo. Abracei os guardas Rob e Brad que me envolveram rapidamente.
-Vamos.-Jackson puxou meu braço antes que eu abraçasse mais alguém, ainda bem que já tinha abraçado Marcus, acenei para eles pegando minha mala e seguindo Jackson para fora.
Me lembro de quando o Supremo fez questão de carregar minha mala, assim que cheguei aqui. Sorri de maneira involuntária.
-Está tão feliz de estar comigo?-fiquei séria me voltando pra ele.
-Estou feliz de lembrar de um homem bom, que não é você a propósito.-ele abriu o porta malas e eu coloquei minha mala lá dentro.
-E era um daqueles guardinhas?-perguntou com deboche.
-Isso não te interessa.-recebi um tapa forte na face esquerda que fez toda a minha cabeça virar.
-Agora eu sou seu dono, você me deve informações.-me virei para ele cruzando os braços.
-Não estava com pressa?-contornei o carro indo até o banco traseiro.
-Sente-se na frente.-respirei fundo tentando manter meu controle o máximo possível.
Me virei e abri a porta da frente, me sentando no lado do passageiro. Ele ligou o motor.
-O cinto de segurança.-cruzei os braços sem me importar. Ele deu de ombros colocando o próprio cinto.-Você terá que me obedecer a partir de agora.-voltei meu olhar para a janela, para a casa onde fui tão bem recebida, a casa que antes me dava medo e hoje me deixava triste por ir embora. O engraçado é que eu sabia que voltaria logo para minha alcatéia, mas fico triste por não sentir o mesmo com relação a casa das rejeitadas, é como se eu nunca mais fosse morar aqui.
-Irei trabalhar para você por alguns meses, depois disso.-sorri.-Pode saber que eu serei a primeira a te dá uma surra.-ele riu.
-Você? Uma mera fêmea rejeitada pode ter mais força que eu?-riu novamente. Dei de ombros.-Você pode tentar, não vou nem contabilizar seus esforços.-me virei assustada ao sentir sua mão sobre minha coxa de maneira firme.
-O que está fazendo?!-perguntei afastando a mão dele, mas ela subiu segurando meu ombro.
-Sabe que se eu tocar você, sua desgraça será menor. Posso te ajudar com isso por um preço bem pequeno.-suspirei vendo o que teria que enfrentar daqui para a frente.
"Eu devo arrancar a língua dele? A mão? A vida..?" Michelle estava eufórica, ela queria atacá-lo, mas como ele não tinha medo de mim o meu instinto não estava aflorado e eu podia me concentrar bem.
"Devemos tentar manter a calma, machucá-lo não vai resolver o problema." Lauren lembrou em seu tom sábio.
"Mas vai aplacar nosso furor, vai nos deixar mais confortável. Imagina Amy, o sangue dele escorrendo por entre seus dedos." virei meu rosto para a janela do carro tentando manter o controle. "Os gritos dele enquanto você arranca cada pedaço dessa pele bonitinha, você não ia adorar ouvir? O cheiro do medo dele..." meu coração acelerou, ela estava me desestabilizando.
"Pare! Você vai descontrolá-la!"Lauren gritou me deixando tonta.
-Pare o carro.-pedi respirando fundo.
-O que?
-Pare o carro se não quiser que eu vomite aqui.-ele parou imediatamente e eu saí respirando ar puro. As estradas que levavam de volta a alcateia eram rodeadas de florestas, o ar ali era muito puro. Respirei fundo novamente fechando os olhos.
-Ficou enjoada?-ele apareceu no meu lado, mas eu já tinha me controlado o suficiente para não atacá-lo. Eu teria que me acostumar, não sabia que dia o supremo voltaria, mas tinha esperanças que fosse logo.
-Fico enjoada de estar no mesmo lugar que você.-ele me olhou sério.
-É por isso que rejeitei você, é fraca.-fiz um barulho de indignação.
-Eu sou tão fraca que mesmo depois da rejeição ainda quero te perdoar.-ele se calou.-Mas isso não significa que teremos algum futuro juntos, não importa o que você me ofereça, nunca permitirei que me toque. Serei apenas sua funcionária e quando esse período acabar eu estarei livre de você para sempre.-voltei ao carro sem esperar que ele disse-se algo, estava decidida a ignorá-lo e também a dar o troco. Fazê-lo pagar por tudo o que eu senti.


Hiii! Ainda tem caps pra publicar, quero publicar todos o quanto antes, mas ainda tô no processo de revisão.
Obrigada por estarem acompanhando.
Alguns caps estão sem revisão então podem ter algumas palavras erradas e tal.
O combo que comecei a postar esses dias contém quase 20 capítulos, espero que gostem! <3
Me digam se estão gostando da quantidade de novos detalhes e memórias da Amy, que acrescentei ao livro. Vou colocar mais coisas ainda :D



Rejeitada pelo Alpha - Aceita pelo Supremo (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora