ɪssᴏ ᴇ́ ᴀ ᴠɪᴅᴀ ʀᴇᴀʟ?
ɪssᴏ ᴇ́ ᴀᴘᴇɴᴀs ғᴀɴᴛᴀsɪᴀ?
ᴘʀᴇsᴏ ᴇᴍ ᴜᴍ ᴅᴇsʟɪᴢᴀᴍᴇɴᴛᴏ
ɴᴀ̃ᴏ ʜᴀ́ ᴄᴏᴍᴏ ᴇsᴄᴀᴘᴀʀ ᴅᴀ ʀᴇᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ
ᴇᴜ ɴᴀ̃ᴏ ϙᴜᴇʀᴏ ᴍᴏʀʀᴇʀ
ᴀ̀s ᴠᴇᴢᴇs ᴅᴇsᴇᴊᴏ ϙᴜᴇ ᴇᴜ ɴᴜɴᴄᴀ ᴛɪᴠᴇssᴇ ɴᴀsᴄɪᴅᴏ
━━━━━━━ ⸙ ━━━━━━━
𝐉𝐚́ 𝐩𝐞𝐧𝐬𝐨𝐮 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐬𝐞𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐩𝐞𝐬𝐬𝐨𝐚 𝐪𝐮𝐞𝐫𝐢𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐫𝐫𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐝𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐢𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐬𝐞𝐮𝐬 𝐨𝐥𝐡𝐨𝐬?
Como você reagiria?
A Anderson já presenciou esse sentimento. Muitas e muitas vezes.
Mas ainda sim, não sabia como lidar com ele de uma forma... racional.
Talvez fazer uma cicatriz para se lembrar de cada ente querido poderia ser um tipo de terapia. Um vicioso e nada saudável tipo de terapia.
Até agora, eram quantos?
Joe.
Amy.
Sophia.
Jim.
Shane.
Andrea.
Dale.
Quem mais estaria nos pulsos de Kenny? Cravados em sua atmosfera caótica, a lembrando de todo o passado.
E talvez Carl estivesse certo quando disse que ela não sabe lidar com a ideia da morte de seus entes queridos.
No entanto, que opção ela teria?
Todos que ela amava morreram. E os que estavam vivos, poderiam morrer a qualquer momento.
Pessoas encontram suas próprias formas de lidar com a dor.
Por mais que essa forma não seja a das melhores...
៚
A morena e Eliot gastavam seu tempo debruçados na cerca. Entediados, e com o Sol batendo em seus rostos.
Haviam saído para ajudar a recolher os corpos dos prisioneiros mortos, no entanto, Carol os mandou descansar. O que havia sido uma furada para os dois, que estavam ocupando o tédio levando os corpos.
A Anderson observava Aliss de longe. A mulher sequer se esforçava em carregar um corpo morto. Fazia as coisas com tal maestria e facilidade, que fazia parecer fácil.
- Desde quando seus peitos cresceram? - Eliot pergunta naturalmente, enquanto afia um galho.
- Que tipo de bocó pergunta isso? - ela pergunta olhando para o lado para disfarçar seu rubor, e fecha seu casaco.
- Bocó? Você já foi melhor nos xingamentos - ele ri - E de qualquer forma, dá pra enxergar o sutiã rosa de florzinhas - dá de ombros - Essa blusa que você tá usando é quase transparente, sorte sua que mais ninguém viu.
- Que raiva! Idiotice, Kenny, idiotice! - pigarreia escondendo o rosto nos joelhos.
- Eu tenho umas camisas pretas sobrando, posso te emprestar.
- E porque você faria isso?
- Sabe como é - ele dá um sorriso convencido - Estou concorrendo ao prêmio Nobel da bondade, ajudar os necessitados e tudo mais.
- E quem mais concorre a esse prêmio?
- O Daryl.
- Parabéns, você ganhou - ela ri da cara dele, e ele ri junto, dando um soquinho no ombro dela.
Dois dias haviam se passado desde que Hershel acordou. E as coisas estavam normais até então. Eliot e Beth estavam cada vez mais próximos, e quase nunca se desgrudavam.
Riggs não saia de perto e Hershel. Desde o dia do incidente na fazenda, em que, Riggs teimou em ir com os outros, e não saiu de perto do idoso, eles acabaram desenvolvendo um quase laço de pai e filho. O que invejava Eliot, já que o loiro apenas desejava ter a aceitação do "futuro sogro" como ele gostava de dizer.
- O Carl tentou me beijar - Kenny diz olhando para a própria mão.
- Que?! Sério?! - ele finge estar surpreso - E... o que você achou?
- Não tem sentido nenhum, porque ele me beijaria? Eu tinha acabado de dar uma bronca daquelas nele, e ele chegou com um papo de "eu me preocupo com você" e outras baboseiras.
- Aah, não sei, sei lá - o loiro finge estar extremamente impressionado diante da "revelação"
- Será que ele gosta de mim?
- Será???
- Mas eu não gosto dele - ela põe a mão no queixo - Não assim...
- Não?
- Não!
Eliot pronuncia um pequeno "droga, Carl", mas não é algo que a morena consegue ouvir.
Estava pensando em como ainda não haviam encontrado o suposto prisioneiro desaparecido, mas Rick afirma com toda certeza te-lo matado, então as buscas foram suspensas, bom, antes mesmo de serem começadas. Algo que deixava Kenny estressada, já que a mesma tinha certeza de ter visto o desgraçado pelos corredores.
Algo que também importunava a azulada era Carl. O garoto estava estranho desde a tentativa de beijar a garota, que, mesmo sendo afirmado pelo garoto um milhão de vezes ser só uma tentativa de abraço, a garota tem certeza que aquilo era um quase beijo.
Todavia, ela não se preocupa com isso. Gosta de acreditar que ele só estava tentando reconforta-la ou, qualquer coisa menos um beijo. Mesmo acreditando ser um... enfim.
Em resumo, o Kerc estava indo bem. Ou melhor dizendo, os membros do Kerc.
- Ei! - Eliot chama a atenção dela - Saca só! O Hershel!
Apontando para o portão do bloco C, é possível enxergar o grisalho saindo de lá com a ajuda se Beth e Lori, e sua muleta simpática.
- Hershel! - a garota se levanta rápido, e corre junto de Eliot até eles com um sorriso no rosto.
Hershel estava conseguindo andar até que bemde muleta. Lori e Beth estavam ao seu lado o ajudando, e atrás dele, Carl e Riggs caminhavam.
Kenny sorri diante da situação. Estava feliz de ver o velhinho bem, sorrindo e andando.
Se culpava levemente por não ter ido o visitar em todos seus dias de repouso, mas sabia que o sem pé a perdoaria.
- Ele está andando bem! Tão vendo? - Riggs comemora alegre, estando ao lado do homem, juntamente de Carl.
- Daqui a pouco eu vou passar vocês quatro em uma corrida - o Greene brinca, os fazendo rir.
- Só se eu estiver amarrada! Ninguém me vence em uma corrida, ninguém! - Kenny brinca risonha.
- Convencida! - Carl aponta.
- Convencida não! - ela faz um sinal com a mão, parecendo com os sinais das patricinhas quando estão prestes a dizer algo óbvio - Eu prefiro me chamar de talentosa!
- Ah, Cala Boca! - Eliot ri a empurrando.
Os outros membros do grupo também enxergavam Hershel de longe. E um sorriso esbanjava no rosto de cada um.
Era reconfortante ver como aos poucos, a alegria retornava no rosto deles. E que aos poucos, conseguiam ter aquele sentimento de paz voltado para seus corações.
Mas como as pessoas, nem todo sentimento é duradouro.
- Esse cheiro... - o loiro convencido chama a atenção da morena ao seu lado por um instante, procurando algo de errado com a visão.
Até que ele finalmente enxerga.
- Errantes! - Eliot berra, apontando para o caminho atrás de Carl, Riggs, Hershel, Lori e Beth.
Beth rapidamente se põe à frente de Hershel, o protegendo, e quanto ao outro loiro, Eliot, corre até os dois, ficando a frente de Beth, e pegando sua pistola e se colocando a atirar nos errantes mais próximos.
Riggs corre até Lori, e junto de dos dois Grimes presentes, atiram nos errantes também.
Atrás deles, Kenny atirava com seu revólver, e arremessava algumas facas.
Os demais do grupo corriam para se aproximar, no entanto, estavam longe demais, preocupados em fechar o portão o quanto antes
Os mais próximos, como Maggie, Carol, e T-dog, começam a atirar também, mesmo que de longe.
- Beth, Riggs, Hershel, ali! - Eliot aponta para uma portinhola, a qual a loira correu ate la, e Hershel passa a se apressar logo atrás.
Os garotos usam suas armas para protegê-los, e matar os errantes que se aproximavam dos outros dois. Quando tudo fica liberado, eles entram também.
Rick, Daryl, Aliss e Glenn, se concentravam em tentar fechar a passagem que estava permitindo a entrada de tantos errantes.
- Lori! Aqui! - Maggie abre a porta principal do bloco de celas, chamando não só a atenção da Grimes, como a de Carl e Kenny também.
- Vai, vai, vai! - Kenny grita até eles, que começam a ir para lá.
Maggie abre caminho para garota, atirando nos errantes que a seguiram, e quando todos entram, a morena fecha a grande porta de metal.
Do lado de dentro, Maggie tomava a frente da situação, caminhando até o bloco de celas, porém, antes de chegar lá, é surpreendida por mais um aglomerado de irracionais.
Ela quase é pega por um, mas Kenny a puxa antes de qualquer coisa ruim acontecer.
- Maggie, aqui! - Carl chama a atenção da mais velha em direção à porta dos corredores escuros, e assim, a Greene, junto de Lori e Kenny, correm até lá, com Carl fechando a porta em seguida.
Enquanto isso, do lado de fora, T-dog consegue fechar o portão que dava acesso aos errantes, mas acaba sendo mordido no processo.
Os feiosos que restaram, já estavam sendo aniquilados por Rick, Glenn, Daryl e os dois prisioneiros amigáveis restantes.
Uma sirene começa a ecoar no lugar. Como um alerta de recolher ou algo do tipo, algo que conseguiu agitar os errantes não só de dentro, mas como de fora.
Enquanto isso, as três garotas e Carl, corriam pelos corredores.
- AAH!! - Lori solta um grito e protesto a dor se apoiando a parede.
- O que aconteceu?! - Maggie pergunta indo até a mulher e como em algo automático, posicionando a mão sob a barriga da Grimes.
- Você foi mordida?! - Carl questiona, se aproximando também.
- Você tá doente? - Kenny supõe.
- Tem alguma coisa de errado - a Grimes põe a mão na barriga - Eu... eu acho que o bebê vai nascer! - ela arregala os olhos olhando para os três ao seu lado.
- Não, mãe! Deve ter algo de errado e...- Carl chama a atenção da mulher, mas outra coisa aparece atrás de si.
- Feiosos! - Kenny anuncia, puxando Carl para trás e se pondo a atirar em alguns dos feiosos.
- Não vai dar tempo de matarmos eles! - Maggie afirma - Vem, vamos dar meia volta!
- Mas--- - antes da azulada questionar, Carl a puxa, e eles começam a ir.
Maggie ajudava Lori a andar, e Courtney vigiava a retaguarda deles, enquanto Carl liderava o caminho.
- Aqui! Tem uma sala aqui! - Carl diz abrindo uma porta, dando espaço para as três entrarem, e em seguida fecha.
Enquanto o de chapéus desce as escadas para ver se havia algum irracional lá, Kenny ajuda Lori a descer, enquanto Maggie fica na frente da mulher, no caso de ela acabar caindo.
- Vai ficar tudo bem, você vai ficar bem, né? - Kenny sussurrava para si mesma, diversas vezes.
A garota olhava a mais velha inquieta. Suas mãos estavam trêmulas e quando olhou para seu amigo, ele estava com a mesma reação.
A Grimes acalmava seus ânimos apertando um tipo de corrente que estava pendurada no teto, mas ela sabia, e Maggie também, que aquele bebê iria nascer ali, e agora.
- Que alarmes são esses? - a grávida questiona, quando o som começa a ecoar mais alto ali também.
- N-não se preocupe com isso, okay? - Maggie diz pondo as mãos nas costas dela.
- E se isso atrair os errantes? - Carl questiona.
- Então matamos eles! - Kenny conclui.
Lori caminhava até uma parte afastada da porta principal do lugar.
- Lori, você precisa se deitar! - Maggie adverte.
- Eu não posso eu... - a respiração da mulher era abafada, a cada palavra dita, uma contração vinha.
- Temos que voltar pro nosso bloco e pedir para o Hershel nos ajudar! - Carl diz.
- Não tem Hershel, Carl! - Maggie informa - Estamos presos aqui! É perigoso demais sair!
O garoto arregala os olhos enquanto olha para a própria mãe. Ele acaba dando passos para trás para distanciar-se da situação, mas acaba batendo suas costas com o corpo de Kenny.
Ambos se entreolham por um momento, e para surpresa do garoto, a morena põe a mão no ombro dele.
- Você vai ter que ter o bebê aqui, Lori! - Maggie diz.
- N-não! Eu...eu .. --- AAAH!!!
A Grimes tentava formular frases, mas sua respiração descontrolada e as contrações a fazia não conseguir se comunicar.
Maggie a deita no chão, tirando as calças da mulher, e apalpando a barriga da mesma, para verificar coisas sobre o bebê.
- Vocês dois vão ter que ajudar no parto - Informa - Acham que dão conta?
Os dois se entreolham por um momento.
- O que precisamos fazer? - a morena pergunta enquanto tira sua jaqueta e a coloca de lado, se ajoelhando ao lado de Maggie, e logo atrás dela, Carl faz o mesmo.
- Kenny, você vai segurar a cabeça dela, e Carl, fique ao lado ela, tudo bem?
- Tá bem! - os dois fazem o que a mais velha disse.
- Vou ver se está dilatado, está bem? - Maggie informa para Lori.
- T-tudo bem...
- Como você sabe fazer isso? - Kenny questiona.
- Meu pai me ensinou na fazenda - a mulher diz avaliando Lori - Eu acho que não sei dizer ao certo...
- Eu preciso empurrar... - a Grimes diz começando a fazer força.
Enquanto agonizava de dor, Lori apertava a mão de Carl, e Kenny limpava o suor que escorria da cabeça dela com a ponta de sua blusa.
Estranhamente, sempre que um grito era soado pela mulher, o rosto da azulada fazia uma careta de protesto. Como se fosse uma tortura ver a mulher sofrer.
- Você vai conseguir, você vai! - Maggie a encorajava.
- Eu....AAAAH! - e mais uma vez, agoniza de dor.
- Você tá indo bem, você tá indo muito bem! - Maggie afirma.
A mulher empurra novamente, no entanto, era como dar um tiro no escuro.
E de fato, as coisas não estavam bem lá em baixo.
- Lori, para! Agora! - Maggie berra - Tem alguma coisa de errado! - a morena olha para própria mão, e continha sangue no lugar.
- AAAAAAH! - a morena esperneia mais uma vez.
- Mãe! - Carl chama a atenção da mulher - Mãe, me olha, por favor, okay? Você precisa ficar com os olhos abertos! - ele começa a passar a ponta dos dedos nas maçãs do rosto da mais velha, tentando recorrer a qualquer ajuda possível.
- Nós precisamos te levar pro meu pai... - Maggie segura a mão da mais velha, pensando em alguma possibilidade de este parto dar certo.
- Eu não consigo... - respira fundo - Eu não...
- Mas Lori...! - Maggie começa a se descontrolar - Você tá sangrando demais! E... eu nem sei por onde começar, não tem dilatação!
- Eu posso dar meu sangue pra ela! - Kenny sugere - Eu sou 0- lembra?
- Não adianta... - Lori soa de forma abafada - Eu sei o que isso significa... - ela olha para Maggie - Você vai ter que me abrir.
Carl e Kenny arregalam os olhos por um momento. Era quase como algo automático eles se entreolharem sempre que alguma coisa surpreendente ocorria. Enxergavam um no outro um amparo, e talvez uma resposta, mas nessa situação, não havia nada.
- O que?! Não! Eu não posso fazer isso! Eu não sei--
- Não tem escolha...
- Eu... eu vou buscar ajuda! - Carl começa a correr.
- Não! - as três dizem ao mesmo tempo, fazendo o garoto parar.
- Lori, a Carol praticou isso! Meu pai só me ensinou o passo a passo, eu não sei fazer isso!
- Por favor...
- Eu não tenho anestesia! Nem equipamento!
- A Kenny tem uma faca...
Maggie olha para a morena.
- O que? Não! Ninguém vai te abrir hoje, Lori!
- Isso... não vai funcionar... ele não vai sobreviver, Lori!
- Meu bebê tem que sobreviver... - respira fundo - Ele precisa... Por favor... Por favor, Maggie!
- Lori... - Kenny põe a mão no rosto dela, com os olhos marejados.
Carl se aproxima da mulher, se sentando novamente ao lado dela e acariciando seu rosto. Fazia isso para afastar os pensamentos pessimistas, algo que Kenny não conseguia fazer.
- Você enxerga minha cicatriz de cesariana? - A morena mostra, enquanto sobe a camiseta - Isso vai te dar uma base... É só cortar e-
- ...Não, Lori! - Maggie pigarreia enquanto chora - Eu não consigo fazer isso!
- Consegue... - suspira - Você precisa...
As duas crianças se entreolham mais uma vez, seus olhares representavam a mesma sensação; Medo.
Estavam com medo de perdê-la. Medo de perder o bebê. Medo de algo dar de errado para os dois, ou algo pior
- Carl, você precisa ser corajoso, está bem? - Lori instrui - Não se esqueça de tomar conta do seu pai por mim, okay? E do seu irmãozinho ou irmãzinha, está bem?
- Mãe! - Carl nega com a cabeça - Você não precisa fazer isso, você vai viver! Não precisa se despedir... não é hora pra isso!
- Você vai ficar bem! Vocês dois vão! Vocês vão ganhar desse mundo, e provar para todos que são fortes! Kenny, você é esperta e muito, muito forte, e Carl - ela sorri - Você é corajoso, e tem um coração enorme - ela leva a mão até o rosto de Carl - Eu amo você filho. Eu sempre vou amar você.
- Lori... - a morena seca as lágrimas que escorriam no seu próprio rosto com as costas da mão.
- Eu também te amo mãe! - ele diz com os olhos marejados - Eu também te amo e por isso não vou deixar você morrer!
- Me prometa sempre fazer o que é certo, meu amor - ela olha para ele - Me prometam que nunca vão soltar a mão do outro. Me prometam que sempre estarão juntos um para o outro...
- Não...Lori, não... - Kenny põe a mão no próprio rosto, contendo as lágrimas que ainda insistiam em cair.
- Mãe... eu... eu prometo...
- É tão fácil fazer coisa errada nesse mundo... então... se algo parecer errado... não faça... está bem? Se parece fácil, não faça. Se parecer o caminho com menos dor, não faça - ela se impede de chorar - Não deixem o mundo ferrar vocês! Não deixem que o mundo mude vocês!
Os dois choravam. Sabiam o que estava por vir. Sabiam o destino final. E entendiam que as palavras de Lori eram as últimas.
E o que mais os espantava, era que mesmo em seu leito de morte, ela só queria o melhor para eles.
- Você é meu filho - Lori seca as lágrimas de Carl - O meu docinho... - ela olha para cima, vendo Kenny segurar sua cabeça - E você... você é o mais perto de uma filha que eu já tive. E eu agradeço por você me dar uma segunda chance... De recomeçar com você.
Kenny começa a negar com a cabeça.
- Vocês foram minhas melhores escolhas... E eu amo... eu amo vocês!
Carl vai de encontro com Lori e a abraça, e Kenny faz o mesmo.
O abraço os aquecia. Mesmo que eles soubessem que esse, era um abraço de despedida.
Estavam se despedindo de uma pessoa especial.
Para Carl, uma mãe.
Para Kenny, o mais perto de mãe que ela já teve.
- Eu amo vocês... - ela acaricia o cabelo dos dois, os abraçando forte - Eu amo... eu sempre vou amar vocês...
Os dois se afastam dela.
- Tá bom...ta bom... - ela olha para cima - Maggie quando isso acabar, você vai ter que---
- Shhh! - a mulher, que também chorava, calava a Grimes.
- Você tem que fazer isso, não pode ser o Rick ou mais ninguém! - exclama.
Kenny olha para própria faca, e em seguida a passa para Carl. Que passa para Maggie.
- Tá tudo bem... tudo está bem... - Lori sussurrava para si mesma.
Maggie olhava a faca.
- Boa noite meus amores - ela olha para os dois - Eu vou ficar bem.
- ....me desculpa Lori - Maggie dizia.
A Greene olha para Lori, que faz um sinal de permissão com a cabeça, e crava a faca contra a pele da mulher, abrindo, da forma mais anterromantica a barriga da mulher.
- AAAAAAAH! - começa a berrar, espernear, agonizar.
- O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO, MAGGIE?! ISSO TÁ ERRADO! ELA NÃO DEVERIA--- - Kenny berrava, mas para ao ver Lori ceder diante de suas pernas.
O menino de olhos azuis dá as costas pata situação e rodeia seus braços ao corpo de Kenny. Naquele momento, ele só queria evitar ver sua mãe sofrer, enquanro a garota, acreditava que parar de penar, gritar e espernear, ajudaria em algo
- Kenny eu preciso das suas mãos! - a voz da Greene ao soar essa frase consegue fazer o coração da azulada congelar.
- O QUE?!
- KENNY!
A garota apoia a cabeça de Lori em seu casaco, e corre até Maggie, deixando o garoto longe de seu amparo.
Quando se ajoelha ao lado da mulher, ela vê a real situação em que Lori se encontrava.
- Você precisa manter esse lugar limpo, está bem?
- ...tá bom... tá, eu... eu vou... - a garota respira fundo antes de colocar as mãos nas aberturas da barriga de Lori, e vira a cabeça para o outro lado ao sentir as entranhas da mulher.
O sangue de Lori molhava as mãos da garota. Que se segurava imensamente para não desabar ali mesmo.
Enquanto isso, o de chapéus caia em lágrimas enquanto segurava o rosto de sua mãe.
- Certo, vamos lá... - Maggie pronuncia - Eu estou vendo as orelhas! Eu vou poder puxar..
Puxando de dentro da barriga de Lori, Magie tira o bebê.
Kenny e Carl o observam por um momento, e se permitem sorrir pela primeira vez naquela situação. Como se, ao ver aquele pequeno aglomerado de células, os fizesse esquecer que a mãe deles estava morrendo.
Ele, ou ela, era lindo... por mais ensanguentado e pequeno que fosse, conseguia os fazer enxergar algo a mais. Como uma chave para o futuro.
Não era só Carl que havia ganhado uma irmã naquele dia. Até porque, o maldito componente biológico fazia Kenny ser filha do mesmo pai dessa criança.
Porém tinha um porém.
O bebê não chorava.
- O que tem de errado?! - Carl pergunta.
- Porque ela não chora?!
- Esperem, esperem!
A mulher começa a massagear o coração do bebê, o virando de costas, dando pequenas batidinhas, mas nada.
Kenny começa a se erguer do chão para enxergar melhor, mas algo a impede.
Maggie consegue fazer o bebê chorar.
- Aqui... toma! - Carl entrega seu colete a Maggie, que enrola em volta do copo do bebê.
- Nós temos que ir... - Maggie diz enquanto se levanta, junto do bebê.
- Não podemos deixar ela assim - Kenny diz, se referindo ao corpo de Lori inconsciente no chão.
- A arma - Carl vai até Maggie, que tira sua pistola do bolso, prestes a caminhar até Lori, mas Maggie entra em sua frente - Não...
- Carl... - a mulher reluta.
- Ela é minha mãe. Eu atiro.
- Certo... está bem... - Maggie entrega a arma até ele, e vira de costas para os dois, indo verificar a porta.
- Você não tem que fazer isso sozinho, Carl - Kenny vai até ele.
- ...eu preciso - ele olha para as mãos da garota. Onde continha o sangue de Lori. O sangue da mãe dele - eu... - vira seu olhar para a arma.
- Podemos fazer isso... juntos?
- ... - ele exita antes de dizer - Juntos.
Kenny vai para trás dele, andando junto a ele, com as mãos apoiadas em suas costas.
O menino ergue sua arma.
- Mais pra direita... - Kenny, que estava com o corpo abraçado ao de Carl, coloca a mão no cano, o posicionando melhor.
- Você acha que veremos ela através da luz?
- Talvez...
E por um momento, Carl se lembrou do que disse a Kenny.
"Você não sabe lidar com a morte das pessoas"
E talvez agora... ele não saberia lidar.
Talvez agora, ele sentisse o que Kenny sentiu, uma, duas, diversas vezes.
E agora, ele se sentia sozinho no mundo. Mesmo tendo alguém que amava ao seu lado. Mesmo tendo seu pai. Hershel. Kenny. E todos os outros.
Mas perder alguém tão importante, o fazia se sentir em um corredor escuro.
Mas ele não poderia soltar a mão de Kenny. Ele prometeu para Lori.
E então, com a arma apontada para a cabeça da propria mãe, e sendo abraçado pela garota que ele considerava gostar um dia, ele atira.
E em um dia, não só ele, como Kenny;
Perderam uma mãe.