Não me veja.

Від SSMSantos

56.6K 6.9K 3K

Você já amou perdidamente uma pessoa sem ao menos vê-la? Amar é acreditar sem ver. É sentir, mas sem tocar. M... Більше

Personagens.
Apresentação.
Sinopse.
Alessandra - Capítulo 1
Teóphilo - Capítulo 2
Alessandra - Capítulo 3
Teóphilo - Capítulo 4
Alessandra - Capítulo 5
Teóphilo - Capítulo 6.
Alessandra - Capítulo 7.
Teóphilo - Capítulo 8
Alessandra - Capítulo 9
Teóphilo - Capítulo 10
Alessandra - Capítulo 11.
Teóphilo - Capítulo 12.
Alessandra - Capítulo 13.
Teóphilo - Capítulo 14.
NÃO É CAPÍTULO.😳
Alessandra - Capítulo 15.
Teóphilo - Capítulo 16.
Alessandra - Capítulo 17.
Teóphilo - Capítulo 18
Alessandra - Capítulo 19.
Teóphilo - Capítulo 20.
Alessandra - Capítulo 21.
Teóphilo - Capítulo 22
NOTA.
Alessandra - Capítulo 23.
Teóphilo - Capítulo 24.
Alessandra - Capítulo 25.
Teóphilo - Capítulo 26
Alessandra - Capítulo 27
Teóphilo - Capítulo 28
Alessandra - Capítulo 29.
Teóphilo - Capítulo 30.
Alessandra - Capítulo 31
Teóphilo - Capítulo 32.
Alessandra - Capítulo 33
Me Ajudem!
Teóphilo - Capítulo 34.
Alessandra - Capítulo 36
Teóphilo - Capítulo 37.
Alessandra - Capítulo 38
Teóphilo - Capítulo 39
Alessandra - Capítulo 40
Teóphilo - Capítulo 41
Alessandra - Capítulo 42
Teóphilo - Capítulo 43
Alessandra - Capítulo 44.
Teóphilo - Capítulo 45
Alessandra - Capítulo 46
Teóphilo - Capítulo 47.
Alessandra - Capítulo 48.
Teóphilo - Capítulo 49
FELIZ ANO NOVO!
Alessandra - Capítulo 50.
Alessandra - Capítulo 51.
Teóphilo - Capítulo 52
Alessandra - Capítulo 53
NÃO É CAPÍTULO.
Alessandra - Capítulo 54
Teóphilo - Capítulo 55
Teóphilo - Capítulo 56
Teóphilo - Capítulo 57
Teóphilo/ Alessandra - Capítulo 58
Desculpas.
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 59
Alessandra/Teóphilo - Capítulo 60.
Teóphilo - Capítulo 61
Teóphilo e Alessandra - Final.
Agradecimentos.

Alessandra - Capítulo 35

612 89 61
Від SSMSantos



– A senhora fez o que? – Espanto-me assim que mamãe nos informa sua decisão. – É sério mesmo mãe? Eu nunca imaginei que a senhora tomaria coragem para fazer isso. – Sento-me ao lado de Antônia. Alexandre está em pé ao lado de mamãe, ele pica um frango, para cozinhar com quiabo. Estou escolhendo o arroz, tirando os grãos ruins e, Antônia faz o mesmo com o feijão. Este final de semana eles resolveram vir para Carmo. Ambos estudam nas Universidade Públicas de Belo Horizonte e, como a distância é grande, Aurora e eu pagamos as despesas com aluguel, água, luz e internet fica a cargo dos dois. Eles obtiveram um bolsa estágio de pesquisa de iniciação científica e com o valor da bolsa eles conseguem viver bem em BH, não há luxo, mas dá para além de pagar os boletos de dividas eles podem sair para se divertir e comprar roupas, calçados enfim, eles estão bem.

– Eu acho que mamãe demorou demais para tomar esta decisão. Por mais que nosso pai seja um bom pai, ele foi um péssimo marido. Ele nos deu carinho, nos protegeu, lia histórias para nós quando éramos crianças e fez tantas outras coisas por nós em nossa adolescência e na idade adulta, mas nada compensa como ele tratava nossa mãe. – Alexandre diz. – Me desculpe vovó, sei que ele é seu filho, mas infelizmente papai só fez merda. – Vovó dá de ombros.

– Ele nunca ergueu a mão para me bater, mas a forma como minhas vontades e meus conselhos e palavras eram tratados me deixava mau. – Mamãe diz. – Ele me ouvia, mas nunca fez o que pedia, Jamal dava mais valor aos conselhos de seus amigos de bar e jogatina do que aos meus. Eu dei tantas chances nestes anos de casado, mas agora não dá mais. – Ela suspira. – Conversei com sua avó pedindo conselhos, orei muito e conversei com uma psicóloga que trabalha na empresa. Eu não queria fazer nada de cabeça quente. – Ela vem até a mesa e pega a vasilha com o arroz e leva até a pia para lavar.

– Depois de tantos anos casados e passando por cada perrengue com senhor Jamal, agora a senhora quer o divórcio mãe? – Pego um punhado de feijão e ajudo Antônia a escolher.

– Estive na clínica e vi que mesmo depois desses um mês e pouco internado, seu pai continua o mesmo. Ele não mudou nada, nada! Eu achava que Jamal mudaria, que se arrependeria, mas não foi o que vi. Seu pai é um egoísta, que sempre pensou nele. Vocês creditam que quando fui questionar sobre seu tratamento ele me disse que não iria valer de nada, pois saindo da clínica ele voltaria para a antiga vida. Vi ali que não valeria a pena continuar com um casamento que só me trouxe tristeza. Estou casada de levar tudo nas costas sozinha, basta de ser tratada como trouxa. – Ela se vira para nós enxugando as mãos. – Vocês são as únicas coisas boas desta união e nunca me arrependo de tê-los. Vocês são o melhor de nós dois. – Ela sorri em conformidade, levanto-me e vou até ela e abraço seu corpo magro.

– Nós amamos a senhora mãe e, independente de suas escolhas estaremos aqui para apoiá-la. Todos nós vimos o que passou com papai, vimos sua luta para pôr dentro de casa o alimento e nos mostrar e nos ensinar a ser pessoas de caráter. Isso nunca será esquecido por nenhum de nós pode ter certeza. – Beijo seu rosto e ela sorri.

– Quando conheci seu pai, ele era um homem bom, trabalhador, dedicado, inteligente. Ele estava no último ano da faculdade quando nos casamos e eu pensava que nosso relacionamento duraria para sempre. Jamal era um homem totalmente diferente do que é hoje em dia, o salário era para pagar as despesas de casa, pôr alimento na mesa e ter um pouco de lazer. Mas, depois de alguns anos ele começou a me tratar com indiferença, passou a frequentar os bares e as casas de jogos e isso foi o começo do fim. Seu pai se afundou de uma forma que eu não conseguia mais fazer nada. Eu simplesmente abandonei, larguei de mão e parei de me importar se ele traria ou não alimento para dentro de casa. Como eu briguei com ele, nossa! Eram brigas e mais brigas e ele me olhava com desdém e me deixava falando sozinha. Quantas vezes fui dormir na sala por não suportar o mal cheiro de bebida. – Ela refoga o arroz, mexendo para não queimar. – Um dia, estava lavando roupa, aquele dia eu não olhei nos bolsos da sua calça. Uma certa hora do dia seu pai apareceu em casa desesperado e perguntou sobre a tal calça, disse que havia lavado, ele ficou desesperado e foi até o varal, ele pegou a peça de roupa e passou a procurar o que ele queria. Fiquei lavando a louça, quando de repente ouvi um grito e saí correndo para ver o que era, seu pai estava sentado no chão do quintal chorando. Me aproximei e ele me disse que eu havia lavado destruído o cheque que ele havia conseguido com um colega para comprar comida para nós. Fiquei com dó e o tranquilizei dizendo que tinha um dinheiro guardado, foi a pior besteira que eu fiz. Ele se recompôs e logo saiu de casa como se nada tivesse acontecido. Dois dias depois quando fui a procura do dinheiro ele havia sumido, fui indagar seu pai e ele me disse que havia gastado com bebidas e jogos. Eu fiquei com tanta raiva e ele simplesmente chorou de novo dizendo que não conseguia parar. Nós conversamos muito aquela noite e, disse que o ajudaria a se recuperar indo a um psiquiatra. – Mamãe meneia a cabeça. – Nos dias que se seguiram, ele simplesmente me deu seu desprezo. Vi ali que não adiantaria falar nada, ele simplesmente me ignoraria, então, passei a evitar um confronto, precisava me privar, me resguardar. Se ele não se importava com nada e muito menos com ninguém, eu sim, eu queria impedir que vocês se machucassem com toda esta história. – Aurora lava o feijão e coloca na panela de pressão.

Minha irmã, Antônio, Carla e Giovana minhas sobrinhas chegaram bem cedo. Estava com muita saudade deles. Ontem, recebi uma ligação de Aurora me avisando que eles viriam para Carmo do Rio Claro para passar alguns dias de férias. Desde quando me casei com Teóphilo que não os via. Sempre conversamos por telefone ou por mensagem, pois a distância é grande entre uma cidade e outra. A viagem de Nova Lima até Carmo é feita em quase seis horas de carro, então as visitas são mínimas, nos vemos nas férias da escola das meninas e em algum feriado prolongado, assim podemos aproveitar mais. Antônio meu cunhado está à mesa preparando as carnes para o churrasco. Está aí um homem que gosta de um churrasco. Sempre que nos juntamos ele compra as carnes e faz assada na churrasqueira. Além de um ótimo esposo e pai ele cozinha muito bem.

Aurora tirou a sorte grande!

– No fim a senhora quis nos privar, mas já estávamos tão envolvidos que não tinha como não nos sujar com toda as coisas que papai estava metido. – Alexandre diz. – Agora é vida que segue para ambos. Ele não deixará de ser nosso pai e muito menos a senhora de ser nossa mãe. Eu só quero vê-los felizes. – Assentimos.

– Com certeza, se não dava mais para viver juntos esta foi a melhor escolha. Espero que papai quando sair da clínica esteja com a cabeça no lugar. – Antônia se pronuncia. – E o emprego dele na Graham Lacty como ficou? – Dou de ombros.

– Não sei Antônia, não conversei com o Teóphilo sobre isso, na verdade eu nem havia pensado nisso. – Pego a alface e começo a lavar. – Depois de tudo o que aconteceu, não sei se Teóphilo manterá o emprego de papai. Ele está pagando todo o tratamento na clínica e... – Meneio a cabeça. – Eu não posso pedir uma coisa destas a ele depois de tudo o que papai fez. Eu preciso pagar a dívida, preciso devolver cada centavo que Teóphilo pagou para livrar o papai da enrascada que se meteu. Ele já fez demais por mim, agora eu preciso retribuir. – Coloco as folhas na vasilha.

– Como assim retribuir Alessandra? – Antônia de pronuncia. – Eu achava que você ainda estava com raiva de seu esposo. – Ela faz aspas. – Lembro-me de vir aqui e você estava transtornada e agora quer retribuir? Retribuir o que? Sinceramente eu não entendi! – Olha para ela que tem um olhar gatuno como se soubesse de algo.

Mãe, onde está o tomate? Preciso lavar para cortar. – Aurora pergunta indo em direção a geladeira. Ela pega as frutas e leva até a pia, passa a buchinha com detergente para tirar qualquer agrotóxico.

– Onde estão as meninas Aurora? Está tudo muito quieto por aqui.– Pergunto e logo ela sai do cômodo simples indo em direção ao quintal gritando o nome das duas mocinhas.

– E mais uma vez você se esquiva do assunto senhora Salazar. Cara, por que é tão difícil falar como está sua vida conjugal? Seu esposo é tão ruim assim? – Antônia é uma sem noção e nunca sabe a hora de ficar calada. Enxaguo os tomates e levo até a mesa para cortar.

– Cala boca Antônia! Alessandra não é obrigada a nos dizer nada. Ainda mais para alguém linguaruda como você. – Alexandre diz e vejo minha irmã revirar os olhos e mostrar o dedo. Sorrio ao ver que nada mudou. Alexandre é muito tranquilo e prático e eu adoro isso nele. – Se não quiser falar está tudo bem Alessandra Queria que pelo ou menos uma vez na vida você se tocasse e não ficasse importunando as pessoas quando elas não querem falar algo Tonha. – Ele diz o apelido ridículo que deu a ela e Antônia suspira ruidosamente. – Ninguém é obrigado a dizer nada se não quiser, entenda isso de uma vez. – Alexandre coloca o frango na panela para cozinhar.

– Se você me chamar por este apelido de novo eu juro por tudo que é mais sagrado neste mundo que eu vou te bater tanto, mais tanto que você não vai lembrar qual é seu nome seu ridículo de uma figa. – Ele dá de ombros literalmente. Confesso que sinto saudades disso tudo. Todos damos risada. Eles são gêmeos, mas em termo de personalidade, não são nada parecidos.

– Então pare de ser intrometida que aí eu paro de te chamar de Tonha sua Tonha! – Gargalho ao ouvir o adjetivo que Alexandre deu ao apelido. Antônia joga um pano que acerta no rosto de meu irmão. Ele sorri e joga o pano em Antônia deixando-a ainda mais raivosa.

– ANTÔNIA E ALEXANDRE PAREM AGORA MESMO COM ESTA BRIGUINHA BESTA SENÃO EU VOU METER A MÃO EM VOCÊS DOIS. – Mamãe grita ao ver a guerra de panos que ambos estão fazendo. Vovó ri. – EU AINDA POSSO BATER EM VOCÊS! PAREM JÁ COM ISSO. – Levanto-me e vou até a pia e lavo minhas mãos.

Saio da cozinha e vou até meu quarto, pego uma muda de roupa que trouxe comigo e coloca sobre a cama, sigo até o banheiro para tomar um banho, estou cheirando a alho e cebola. Saí bem cedo da mansão, dona Guiomar não pode vir, então estou sozinha e mais tranquila, posso ficar um pouco mais de tempo com meu povo.

Ouço meu celular vibrar, olho e vejo uma ligação de um número estranho, deslizo o dedo e desligo. Não gosto de atender ligações de números que não conheço. As vezes que atendi, a pessoa desligava na minha cara, ou ficava muda, então resolvi não atender. São raras as vezes que ainda teimo e atendo vai que!

Deixo a ligação cair e sigo até o banheiro, tomo um banho quente e me sinto relaxada, aproveito e lavo meu cabelo. Saio do banheiro enrolada com meu roupão, quando entro em meu quarto logo escuto um toque, e vejo Aurora colocar a cabeça para dentro.

– Posso entrar? – Sorrio e aceno para que entre, ela entra fechando a porta. – Queria conversar com você longe de toda aquela confusão. Antônia não muda mesmo né? – Ela sorri e se joga em minha cama enquanto me troco. Ela se deita de lado com a mão na cabeça.

– Eu não me surpreendo mais com as atitudes de Antônia. Ela é assim por natureza, vem dela, mas tem um coração enorme, com uma alma linda e cheia de amor. – Acabo de me trocar e pego meu pente e desembaraço meu cabelo. – Mas, me conte como andam as coisas Arora. – Digo e ela torce a boca e logo sorri com o apelido bobo.

– Estamos bem Ale, Antônio e eu estamos trabalhando muito e as meninas cada dia mais lindas e inteligentes. Você acredita que esses dias fui buscar Carla na creche e tinha um engarrafamento e, justo naquele dia eu prometi leva-la a sorveteria. Eu comecei a orar pedindo para Deus guardar as pessoas envolvida no acidente e Carla me acompanhou, mas a oração dela foi para que os carros parados não a atrapalhassem chegar à sorveteria e tomar sorvete. – Eu gargalho ao ouvir o relato de minha sobrinha mais nova. – Menina eu tive que controlar para não rir na hora. Eu a repreendi e seguimos para o local, quando cheguei em casa e contei a Antônio ele riu tanto de chorou. – Meneio a cabeça ainda rindo. – Ela é demais Ale, muito esperta, pega as coisas no ar. Sempre que vamos conversar, Antônio e eu o fazemos quando as meninas estão dormindo, não queremos correr o risco de elas ouvirem algo que não deve. – Me ajeito na cama e Aurora se vira ficando de frente para mim. – Quando você se casou, estávamos conversando na cozinha e Giovana ouviu e ficou perguntando quem havia casado, quando disse que foi você, ela ficou tão feliz e saiu correndo para contar para Carla e minutos depois as duas estavam fazendo inúmeras perguntas sobre o seu casamento. Não quis entrar em detalhes falando o porquê do casamento repentino, apenas disse que você precisou se casar para defender o vovô Jamal, e elas ficaram bem animadas. Gio disse que você é a Bela que tomou o lugar do papai para ficar aprisionada. – Sorrio ladino e meneio a cabeça suspirando.

– Minha atitude não chega aos pés do que a Bela fez para salvar o pai dela. Nosso pai não estava voltando de viagem e passou em frente da mansão onde moro e pegou uma rosa para me dar de presente. Na história, o pai de Bela ao pegar a rosa foi ameaçado de morte pela Fera. Na história original o pai de Bela tinha três filhas e três filhos e, uma das filhas deveria trocar de lugar com ele para poupá-lo da morte e foi aí que nossa mocinha, uma filha bondosa, gentil, amorosa e bonita toma o lugar do pai e vai morar no palácio mesmo com medo da Fera. – Falo com deboche. Aurora segura minha mão e eu aperto. – Eu não tive a atitude de Bela de trocar de lugar com papai, não senti empatia alguma com o sofrimento dele Aurora, pelo contrário eu exigi que ele se virasse em pagar. – Suspiro e aperto sua mão. – Eu nunca contei isso a ninguém, pois me senti suja, você é a segunda pessoa que eu conto. – Engulo em seco. – Uns dias antes de eu me casar com Teóphilo, um homem me abordou em frente à escola e me contou sobre a dívida de jogos de papai, ele me deu um prazo para que tudo fosse saldado, mas se papai não conseguisse ele disse que o pagamento seria me ter como sua amante ou sei lá o que. Ele disse que papai teria passe livre em seu cassino clandestino se eu me tornasse sua "cadelinha" – Faço aspas na palavra. – Eu teria que estar disponível para ele todas as noites, ou melhor quando e onde ele quisesse Aurora. Pensa em uma pessoa que ficou transtornada com tudo isso! – Passo a mão na boca.

– Por que você não me contou sobre isso Alessandra? Eu daria um jeito de te ajudar. Meu Deus irmã! – Olho para ela que tem seus olhos marejados.

– Eu até consegui uma quantia com dona Guiomar e dona Dalva, mesmo assim não chegava a dez por cento do valor que papai devia. – Enxugo as lágrimas. – Fiquei desesperada Aurora, como eu poderia me entregar sem lutar, simplesmente deixar que aquele homem asqueroso me tocasse, me... Eu não sou uma prostituta, uma moeda de troca ou algo banal a ser trocado assim Aurora. – Sinto minha garganta apertar e mais lágrimas escorrem de meus olhos. –Tenho meus princípios e ao final de tudo, fui feita de moeda de troca. Eu fui incapaz de cuidar de papai, de pagar a dívida e agora estou nas mãos de meu esposo que é meu tutor. – Fungo. – A personagem Bela da escritora Madame Jeanne-Marie de Beaumont tinha um bom coração e se doou para ver seu pai bem. Além disso a Fera se encantou com a bondade e pelo caráter da mocinha e vivia pedindo para que ela se casasse com ele. Meu esposo nunca se apaixonará por mim, não tenho essas qualidades, estou longe de ser como a Bela. – Abaixo a cabeça e suspiro.

– Isso só aconteceria se seu esposo fosse um cego, um louco que não consegue reconhecer uma pessoa caridosa, amorosa, piedosa e cativante como você minha irmã! – Continuo de cabeça baixa. – Ale, você é a pessoa mais compreensiva e generosa que eu conheço. Mesmo papai fazendo o que fez, eu nunca ouvi você reclamar, maldizer ou amaldiçoar sua vida e muito menos de quem fez este mal. Se fosse outra pessoa com certeza já teria feito coisas horríveis, mas você não, está aqui, bem e pelo jeito feliz. Eu sinto que você é feliz em sua nova vida. Você está, não está? – Olho para minha irmã e suspiro mais uma vez.

– Eu achava que seria massacrada por Teóphilo, por papai dever tanto dinheiro. Um milhão de reais não se acha em uma maleta ou nos galhos de uma árvore e mesmo assim ele me trata muito bem. No começo foi bem estressante, mas agora... – Sorrio em conformidade. – Somos tão diferentes Aura, somos de mundos opostos e um homem como ele nunca se quer olharia para mim e mesmo sabendo disso meu coração bobo se apaixonou por meu esposo. – Ela sorri emocionada. – Muito clichê isso né? – Dou um sorriso frouxo. – Eu adoro nossas conversas, nossas divergências, adoro ouvir sua voz, o tom dela me acalma, adoro olhar para os presentes que ele me deu e saber que não teve uma presunção em seu ato e sim uma espontaneidade e para mim isso tem um significado profundo e um simbolismo em um gesto de carinho e gentileza. – Aurora limpa meu rosto e sorri. – Eu...eu sei que fui ingênua demais ao cair em tantas gentilezas, mas não sei o que fazer para que ele se veja como eu o vejo, queria que ele enxergasse em si o homem amoroso, carinhoso, bondoso e apaixonante que ele é! Desde o dia que fui morar na mansão, semana passada foi o único dia que eu o vi e, Aurora, foi uma experiência maravilhosa! – Jogo a cabeça para trás e fecho meus olhos. – Foi a primeira vez que nos vimos e ele me beijou Aurora! Conversávamos sempre sem nos ver, primeiro foi através de alto falante ou sei lá o que e depois passamos a nos encontrar na cozinha, mas nunca pude vê-lo. Teóphilo é o homem das sombras, o fantasma que todos dizem existir na mansão. A primeira e única vez que eu o vi ele estava mascarado não pude ver seu rosto, ele me disse que sofreu queimaduras graves pelo corpo e por isso ele se esconde de tudo e de todos. – Meneio a cabeça a passo a mão em meu rosto. – Eu não entendo Aura. – Fungo.

– O que você não entende, Ale? Ele te mostrou quem ele é mesmo que não da forma que você queria eu sei, mas...Sei que não é fácil para você, mas você deve entender... – Interrompo-a.

– Eu não o julgaria por sua aparência se é isso que vai falar Aurora! Eu nunca faria isso! – Limpo as lágrimas.

– Eu sei que não. – Aurora toca minha mão e suspira.

– Olhe para mim! – Exclamo. – Eu sou enorme de gorda e porque eu apontaria os defeitos dele? Logo eu que fui tão caçoada em minha infância e na adolescência sofri bullying de todas as formas possíveis e quando me casei fui anulada por quem eu achava que amava. – Aurora morde os lábios e seus olhos carregados de lágrimas escorrem. – Eu só... – Ouço um barulho alto e uma gritaria do lado de fora do quarto. Enxugo as lágrimas e olho para Aurora com o cenho franzido.

– O que será que está acontecendo lá fora. – Nos levantamos, abro a porta do quarto e seguimos para a cozinha. A gritaria só aumenta. Ouço mamãe falar alto com alguém que está do lado de fora da casa. Me aproximo da porta e vejo a minha família parada, todos olham para fora.

– O que esse desgraçado está fazendo aqui? – Alexandre diz ao se aproximar, vejo Antônio menear a cabeça.

– Eu achava que ele havia sumido. O QUE VOCÊ QUER AQUI SEU DESGRAÇADO? JÁ NÃO BASTA O QUE FEZ A MINHA IRMÃ NO PASSADO? QUER MAIS O QUE AQUI SEU FILHO DE UMA RAPARIGA! – Antônia grita. Saio ficando na área da casa e vejo Marcos meu ex companheiro parado com um sorriso no rosto.

Mas...o que esse doido está fazendo aqui? – Aurora diz em um sussurro vindo ao meu lado. – O que você quer aqui Marcos. Você não é bem-vindo! – Ela diz exasperada.

– Ah cara cunhada, eu achava que minha recepção seria muito melhor. Achei que vocês adorariam saber que estou de volta já que o que foi acordado entre nós não está sendo cumprido por vocês. – Ouço, mas não entendo o que ele diz.

– Você deveria estar longe daqui Marcos, dissemos para você nunca mais aparecer. Depois de tudo o que aconteceu, você ainda vem aqui na maior cara de pau? Realmente você não tem vergonha na cara! – Mamãe diz.

– Sabe o que é sogrinha – ele diz em tom de zombaria. – Aquele dinheiro que vocês me deram já acabou e é muito difícil manter minha vida de marajá. Sei que não é para tanto já que a quantia que me deram para me afastar de Alessandra não foi tão alta assim. Eu tive que suportar um fardo muuuito pesada diga-se de passagem. Meu afastamento vale muito mais que apenas quinhentos mil reais, não acham? – Olho para ele sem saber o que falar. – Ah, você não sabia meu amor? Pois é, sua família nos separou e me deram esta quantia para me afastar de você e, como eu não poderia deixar passar um ganho de dinheiro assim de bobeira eu aceitei. Sei que não deveria aceitar, porque eu te amo muito, mas entre ficar com uma quantia boa em dinheiro e te ouvir reclamando pela morte do monstrinho eu optei em aceitar o dinheiro, foi muito mais vantajoso e proveitoso. – Avanço sobre ele e bato em seu peito com as mãos em punho.

– SEU DESGRAÇADO! EU TE MANDEI EMBORA AQUELE DIA NO HOSPITAL, EU NÃO TE QUERIA MAIS! FOI POR SUA CULPA QUE EU PERDI MINHA FILHA SEU MISERÁVEL! VOCÊ ME EMPURRO CONTRA A MESA E O VIDRO SE QUEBROU! VOCÊ É UM ASSASSINO! ASSASSINO! – Grito com toda força avançando contra ele. Alexandre e Antônio me seguram e Marcos ri.

– Eu não fiz nada, você que sempre foi estabanada e caiu sobre a mesa. Eu mal cheguei a encostar em você, seu excesso de peso apenas ajudou no impacto e você perdeu a menina. Você tinha que estar feliz, pois se tivesse aquela...coisa, com certeza seu atual esposo te daria um pé na bunda. – Alexandre avança sobre Marcos que cai no chão de terra ao ser atingido com um soco.

– Você é um bosta de gente Marcos! Espero que este soco tenha servido de aviso. Nunca mais se aproxime de mim ou de qualquer um de minha família! Se você se afastou para ganhar dinheiro o problema é seu e não meu. Quer dinheiro? Vá trabalhar, vá cuidar da sua vida de marajá e me deixe em paz. Estou muito bem sem você por perto. – Digo e suas narinas se dilatam e seus olhos de olham com raiva. Meu nervosismo é extremo.

– Sua gorda imunda! Eu vou te matar, vou acabar com você e sua família de merda! – Ele rosna em puro ódio.

– Cala tua boca seu infeliz, filho da puta! Saia da frente da minha casa agora mesmo! Senão vou chamar a polícia e vou te denunciar! – Alexandre diz. Marcos toca seu rosto e mexe o maxilar levantando-se em seguida. Olha para mim e depois para minha família.

– Se me quiserem longe novamente eu espero ter a mesma quantia na minha conta até o final do dia, senão... – Ele olha para mim e sorri ladino. – Como vai seu casamento Alessandra? Pelo jeito ainda não matou seu esposo espremido com seu peso. Ainda bem que aceitei sair da sua vida senão teria tirado ela de você, assim como... – Ele sorri e ergue a sobrancelha. – Avisa aquela velhota que estou no aguardo do MEU dinheiro, se ele não cair na minha conta até amanhã virei aqui novamente e não será nada legal. – Passa a mão na roupa. – Bom é isso o que eu tinha para dizer, então até mais. – Ele se inclina para frente, pisca e sai entrando em um carro prata que estava estacionado na rua.

Deixo que toda raiva, frustração, ódio e rancor sai, minhas pernas falham e caio de joelhos na rua. Sinto uma dor imensa em meu peito.

– De novo não! De novo não meu Deus!  – Digo.

– ALESSANDRA MINHA FILHA! AJUDEM ELA GENTE! – Ouço vovó dizer ao longe.

Quem daria dinheiro para Marcos se manter longe?

Me sinto perdida, não sei o pensar e muito menos o que fazer.

E mais uma vez a história se repete.

– Meu Deus quantas vezes mais isso vai se repetir?

Acabo me entregando e sinto minhas forças se esvair. Entro em um mundo escuro e espero achar uma luz no meio de toda essa escuridão.




Olá pessoas lindas, como estão? Espero que bem.

Estou bem ausente da plataforma por esses dias, só entro mesmo para postar o capítulo. Nem cabeça para continuar a escrever a história estou tendo devido a toda situação que envolve a saúde de minha sobrinha. Ela está a quase 1mês na UTI, ela está melhor, mas ainda com um quadro bem delicado. Peço que continuem orando por nós.

Obrigada pelas mensagens e orações, peço a Deus que recompense a cada um de vocês que tem se lembrado de minha família.

Bom, fiz uma revisão básica no capítulo e mesmo assim acho que encontrarão erros. Peço desculpas.

Tenham uma semana excelente e mais uma vez muito obrigada pelo suporte e me perdoe por não responder os comentários. Eu AMO interagir com vocês e espero que esta fase ruim passe logo para que eu posso conversar com vocês.

Beijo grande no coração de todos/as.


Продовжити читання

Вам також сподобається

2.1M 146K 158
História da Ingra e Marcela. Leitura +18.
Mais De Você Від Cherry

Романтика

214K 18.6K 38
Audrey Hayes. Conhecida como a líder de torcida mais perfeita e desejada que os estudantes do colégio de Winterfell já conheceu. A garota padrão e na...
1.5M 117K 47
Domenico e Dante são CEO's bem cobiçados em Milão e irmãos muito possessivos com o que lhes pertence. Mesmo tendo várias mulheres aos seus pés, eles...
Amor ao extremo Від Anjo sonhador

Жіночі романи

79.9K 4.7K 12
Uma linda mulher com deficiência encontra o amor e a cura em único homem. Antonella é linda,alegre,cheia de vida,ama sua família e gosta de ajudar a...