Teóphilo - Capítulo 55

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Cinco horas após o sequestro

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Cinco horas após o sequestro.

Todos nós sofremos uma hora durante a nossa vida.

Seja pela dor da perda de alguém, um coração partido, medos, dificuldades da vida. Sofremos pela falta de oportunidade de alguém ou de algo, laços rompidos, e tantas outras coisas. Uma hora ou outra, todos passaremos por momentos ruins e, por isso, sabemos o que é sofrer.

Eu sei o que é isso e qual o real significado dessa palavra.

A compreensão e a percepção que temos a respeito do sofrimento traz consigo um sentimento de dor, mal-estar e infelicidade e sempre o associamos a coisas negativas por sempre sentirmos tristeza e pesar.

O sofrer tem diversos sinônimos e, vários sentidos e um deles, o de receber um golpe ou pancada e, literalmente é essa a sensação que toma todo meu ser nesse momento. A situação pela qual estou passando eu não desejo a ninguém. Sentir que você está com a felicidade em suas mãos e que a qualquer momento ela pode simplesmente sair pelo vão dos dedos é angustiante e desesperador.

Há mais de dez anos eu sofri com a morte de meus pais, e depois por longos anos com a consequência do acidente e hoje, mais uma vez a vida me pregou uma peça e desta vez está ainda mais difícil de engolir.

Abro meus olhos, e suspiro.

Noto pela janela do veículo a infinidade de pessoas circulando pelas ruas da grande Capital Paulista.

Observo.

Analiso.

Presto atenção em meu contorno.

Olho, fecho meus olhos e inspiro e expiro.

Preciso trabalhar minha respiração, não posso deixar que meus medos se aflorem e me maltratem.

Preciso estar bem, preciso ficar bem.

Inspiro e expiro mais uma vez e abro meus olhos mais uma vez.

Olho em volta e tudo o que vejo são pessoas e mais pessoas falando, gritando, agitadas. Muitas ao telefone conversando talvez com algum ente querido, um patrão, um namorado ou esposa, outros com passos vagarosos caminham observando as vitrinas das lojas, vendo talvez se aquela peça de roupa lhe cairia bem ou não. Transeuntes, andando rápido, vagando, movendo com pressa, com medo, com receio e com raiva, todos indo a algum lugar e todos absortos, alheios ao que acontece ao seu redor.

Queria poder fechar meus olhos e ao abri-los, ver que tudo o que está acontecendo não passou de uma pegadinha, de um mal-entendido, que tudo o que estou passando é uma grande brincadeira, que Tiago não procurou direito por minha esposa e por isso não a encontrou.

Eu queria.

Como eu queria que isso fosse uma grande mentira.

Mas não é! E pensar nisso tem me feito louco.

Não me veja.Where stories live. Discover now