Sombras do Amor [M]

By Rebwca

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+18| Ela, um verdadeiro anjo. Ele, o próprio diabo. Esta é uma história que foge dos padrões de um lindo roma... More

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𝙰𝚐𝚛𝚊𝚍𝚎𝚌𝚒𝚖𝚎𝚗𝚝𝚘𝚜
𝙻𝚒𝚟𝚛𝚘 𝟸 - 𝚂𝚘𝚖𝚋𝚛𝚊𝚜 𝚍𝚊 𝙳𝚘𝚛

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By Rebwca

📌 Este livro se tratava de uma fanfic e passou recentemente por revisão. Estejam cientes que os nomes dos personagens sofreram alterações e podem não coincidir com os comentários.

1
Luna Oliveira

— Me deixa em paz, porra! Você não é a droga da minha mãe! — Ela gritou irritada enquanto fechava as portas do armário com uma pancada. Sua pele estava pálida e olheiras fundas predominavam seu rosto.

Suspirei e ajeitei a armação do óculos no meu rosto, tentando me manter calma. Sabia que se eu gritasse com ela seria ainda pior, Lara estava totalmente sem controle, acabando com a própria vida.

— Você tem razão, eu não sou a mamãe, Lara. Talvez ela conseguisse colocar um pouco de juízo nessa sua cabeça teimosa. Não consegue entender que não quero te perder? Eu não quero sair um dia e encontrar o seu corpo jogado em uma vala qualquer por aí. — Cruzei os braços acima do peito, implorando em silêncio para que minha irmã deixasse eu cuidar dela.

No entanto, a mesma estava irredutível.

— Mais que merda, cadê a porcaria do dinheiro que eu deixei aqui? — Gritou, batendo furiosa a gaveta de talheres.

Seu corpo raquítico já dava sinais de fraqueza. Eu conseguia enxergar cada osso das suas costelas, de tão magra que Lara estava. Não se alimentava bem, na verdade nem eu, mas ao contrário de mim, ela passava o dia inteiro se entupindo de drogas.

— Aquele dinheiro não era seu, você pegou sem a minha permissão.

— Ah, é claro que a minha irmãzinha egoísta vai jogar isso na minha cara. — Ela riu sarcasticamente, e passou ao meu lado transtornada. Era assim que ficava quando não usava as suas drogas. Transtornada, fora de si. — Eu odeio tanto você, Luna. Por que não morreu assim como nossos pais? Que saco, caralho!

Permaneci em silêncio, engolindo o choro. Eu não poderia levar em consideração as besteiras que ela me dizia quando estava tendo uma crise de dependência química. No fundo, eu sabia que Lara jamais me diria aquilo estando consciente, ou seria capaz de desejar a minha morte.

Ouvi a porta de casa batendo com força e me joguei de qualquer jeito no sofá. Estava ficando cada dia pior. O vício de Lara só piorava. A nossa situação só piorava. Eu sequer tinha dinheiro para pagar o aluguel.

Como olharia Dona Lúcia nos olhos e lhe diria que o aluguel desse mês também atrasaria? Já era o segundo mês que eu não pagava.

O salário que eu recebia por trabalhar meio período no bar do Portuga era o bastante para pagar as contas e comprar um pouco de comida, pelo menos o suficiente para que Lara e eu não morrêssemos de fome. E quando eu dizia apenas o suficiente, estava me referindo a arroz e feijão.

Às vezes, Lara me roubava alguns trocados para sustentar seu vício lá na boca de fumo, da última vez que fez isso, ficamos sem luz em casa por um bocado de tempo.

Mas nem sempre ela se resumia a isso. Quando nossos pais ainda eram vivos, minha irmã mais nova era uma garota feliz e obediente, totalmente dedicada aos estudos. Porém, assim que eles entraram para a estatística de vítimas de bala perdida durante um confronto da CDD com a polícia, Lara se afundou de vez.

E não pude fazer nada a respeito, para falar a verdade nem percebi. Eu só tinha quatorze anos de idade quando aquela tragédia aconteceu, a responsabilidade de cuidar de uma criança de doze anos e manter a casa era demais para mim.

Dois anos se passaram desde então e as coisas pareciam só complicar. Lara deixou de frequentar a escola, ficava o dia inteiro se drogando e vagando por aí feito um andarilho. Ela só se metia em confusões, desde dívidas a brigas na rua, e por causa disso já recebi inúmeras ameaças dos traficantes.

Morávamos na Cidade de Deus, uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro. Aqui ninguém se importava com o seu bem estar, ou se tinha uma família em casa te esperando. Meu maior medo era perder Lara para essa vida, de chegar tarde da noite em casa e receber a notícia de que ela foi morta.

— Luna! — Ouvi me gritar lá de fora.

Suspirei e peguei a minha mochila jogada no chão, abri a porta que rangeu por conta da velhice. Qualquer dia ela cairia, de tanto tombo que Lara dava quando estava nervosa.

— Você está péssima, amiga. — Gabi murmurou, assim que terminei de trancar a porta da frente e caminhei até onde ela estava me esperando.

— Cheguei tarde do serviço, não consegui dormir direito. — Expliquei começando a andar do seu lado em direção ao nosso colégio, que ficava na parte alta do morro.

Apesar da falta de tempo e o cansaço por trabalhar no final da tarde, não desisti de terminar o ensino médio. Eu sabia que apenas o estudo seria capaz de me tirar da situação difícil que eu estava, quem saiba um dia eu até tivesse condições de morar em outro lugar.

— Lara não dormiu em casa de novo? — Ela perguntou, e eu concordei com um aceno. Gabi sabia que quando minha irmã não passava a noite em casa, eu não conseguia colocar a cabeça no travesseiro e dormir por conta da preocupação.

— Chegou agora de manhã, procurando o dinheiro que tinha escondido de mim. — Falei após um suspiro.

— Ela só vai melhorar quando você a internar em uma clínica. Entende isso, não é? — Gabriela voltou a dizer, olhando com cautela.

— Eu sei, mas não tenho como pagar, Gabi. — Engoli o nó que se formou na minha garganta e fiquei em silêncio. — Nossa, estou morrendo de fome, não como nada desde ontem, a comida acabou. — Falei quando minha barriga fez um barulho alto.

— Por que não me ligou? Você sabe que pode contar comigo, Lua. — Bufou, cruzando os braços. — Nós somos amigas, quando vai entender que pode pedir minha ajuda quando precisar?

Gabriela era a minha única e melhor amiga. Nos conhecemos ainda no fundamental, e desde então nos tornamos inseparáveis uma com a outra. Ela sempre me ajudava quando dava, mas não podia abusar da sua boa vontade. A sua família também era pobre e se virava com o pouco que tinha.

— Não quero incomodar, você já faz demais por mim, Gabi. — Sussurrei com o rosto corado.

— Já tentou cadastrar seu nome lá na boca? Para receber uma cesta básica todo mês? — Ela deu a ideia, esperançosa.

— Sim, mas não quiseram me aceitar por conta da Lara. — Fui lá uma única vez, mas negaram ajuda assim que falei meu nome. Me disseram que se minha irmã tivesse dinheiro para se drogar, também teria para comprar comida.

— Ai que droga, sempre a Lara... Ela só te ferra. — Calou-se assim que deu conta do que tinha dito. — Desculpa, não quis dizer isso da sua irmã.

— Eu sei que você quis, e não tem problema. É a verdade. — Dei de ombros. Tinha consciência que Lara só dificultava as coisas para mim, mas jamais daria as costas a ela.

Chegamos ao colégio depois de alguns minutos de caminhada, havia um bocado de alunos na frente do portão, conversando. Gabriela e eu fomos direto para a sala de aula, que ainda se encontrava vazia e com poucos alunos sentados.

Minha barriga voltou a roncar e eu apertei com força meu abdômen, na esperança que ele parasse de fazer aqueles barulhos constrangedores. Ai que fome... meu Deus. Ainda teria mais duas aulas antes do intervalo, onde era servido um almoço para os alunos.

Dei graças ao senhor quando o sinal tocou e a sala foi ficando cheia aos poucos. Logo a professora de português apareceu e espalhou o próprio material em cima da mesa, antes de encher o quadro com textos.

Eu, particularmente, não gostava muito dessa matéria. Sempre lidei melhor com cálculos. Mas me esforçava para tirar pelo menos um sete ou oito. Ao contrário de Gabriela, que passava boa parte da aula de cabeça baixa, dormindo, na carteira atrás da minha.

Os meus olhos começaram a pesar antes mesmo de ela começar a explicar sobre as tais classes morfológicas. Só desejava que a manhã passasse depressa para que eu fosse para casa descansar um pouco. Como eu pegava no trabalho somente às 16h, às vezes eu voltava para casa e dormia um pouco. O bar do Portuga ficava logo na saída da CDD, do outro lado da rua.

— Vamos para o baile amanhã? — Minha amiga perguntou assim que o professor do terceiro período nos liberou para o intervalo.

Praticamente voei em direção a cantina, já estava roxa de tanta fome. Por sorte, a nossa sala tinha sido uma das primeiras a serem liberadas e a fila da comida estava pequena.

— Hum... Não. — Gabi fez um bico enorme e me encarou com os olhos pidões. — Acho que vou fazer hora extra amanhã, preciso arrumar um jeito de pagar o aluguel desse mês.

— Mas o baile começa bem tarde, dá tempo de você ir. Se quiser eu te busco na frente da sua casa. — Argumentou, tentando me convencer.

Peguei um prato consideravelmente farto com arroz, feijão e frango. Com certeza tinha sido preparado para os meninos do time de futebol.

— Você sabe que eu não gosto de ir para esses lugares, Gabi. É muito perigoso, e eu nem sei dançar. — Encolhi os ombros. Me sentei em um banco próximo ao corredor das salas e Gabriela se ajeitou ao meu lado.

— Não é perigoso, a não ser que você mexa com coisas erradas, o que não é o seu caso. Eu vou toda semana e nunca me aconteceu nada.

— Cadê o Igor? — Mudei de assunto, olhando em volta do pátio central, que começava a ficar cheio. Esse ano ele foi transferido para outra sala e por isso nos encontrávamos apenas na hora do intervalo.

— Sei lá, deve estar se pegando com algum macho por aí. — Riu. Não discordei, até porque Igor realmente só queria saber dessa vida.

Deixei um gemido escapar quando comecei a comer. A fome era tanta que até pedra seria uma grande refeição para mim. Mas abaixei minha cabeça e respirei fundo quando vi a Bruna caminhando pelo corredor, aproximando-se da nossa mesa.

Era sempre assim, ela fazendo de tudo para encher a merda da minha paciência.

— Olha só o tamanho desse prato, Dri. A quatro olhos não passa de uma morta de fome! — Bruna me insultou, rindo. Sua amiga, Adriana, que estava ao seu lado, disfarçou uma risada. — E esse uniforme todo esfarrapado. Você dorme na rua por acaso, sua imunda?

— Vai se ferrar, sua vaca! — Minha amiga se levantou irritada, enfrentando a Bruna. Meu coração disparou no peito e segurei Gabi pelo braço, fazendo força para que ela voltasse a se sentar ao meu lado.

A família da Bruna era barra pesada, todo mundo aqui do colégio sabia que o seu pai e irmão estavam envolvidos no crime, por isso ninguém arrumava confusão com ela.

— Deixa ela em paz, entendeu? Senão eu vou quebrar essa sua cara de vagabunda! — Gabriela esbravejou, chamando a atenção de algumas pessoas que estavam sentadas perto de nós.

De repente, uma roda começou a se formar em volta da nossa mesa. Bruna gargalhou e olhou para minha amiga com indiferença.

— Está defendendo essa órfã por que mesmo? — Rebateu, sem se alterar.

— Porque você é uma cuzona covarde. Por que não vem mexer comigo? — Gabi estava prestes a voar no pescoço da Bruna, quando eu resolvi levantar também e me colocar entre as duas.

— Porque eu não dou atenção à negras. — Bruna murmurou com cara de nojo, e foi demais até para alguém tão desprezível quanto ela.

Antes que eu pensasse direito nas consequências dos meus atos, minha mão se ergueu no ar e a esbofeteou com força no rosto. Um coral de surpresa e incredulidade soou ao nosso redor, ninguém acreditando no que eu havia acabado de fazer.

Puta que pariu, eu bati na irmã do Gordão!

— Sua vadia miserável! Você vai se arrepender por isso, ouviu? — Bruna grunhiu com a mão em cima do local onde eu bati e saiu soltando fogo pelas ventas antes que o supervisor no canto do pátio chegasse até nós.

— Amiga?! — Gabi sussurrou incrédula, me fitando de olhos arregalados.

— É... eu sei, estou ferrada! — Suspirei.

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