- E aí, como foi lá? — Josh surgiu no quarto fechando a porta do banheiro.

- Ah, a festa?

- E o que mais seria?

- Ah, bem, foi... Memorável.

- Acordou de ressaca?

- Claro, mas nada de monstruoso. O Dan acordou pior que eu.

- O Daniel? Pensei que ele não bebesse tanto.

- E não bebe, mas uma amiga nossa convenceu ele. — solto um riso nasalado.

- Hmmm. — Josh murmurou enquanto digitava algo no celular, mas ele logo continuou, erguendo o olhar para mim. — Então, você conseguiu ficar com a menina que tu gosta nessa sua festa? Ou ela não foi?

- Q-quê? Eu fiquei com quem? — disse nervoso.

- Isso que eu quero saber, seu imbecil! Você não tá a fim de alguém? Conseguiu ficar com ela?

- Ah... Ficamos sim. — sorri involuntariamente — Só que a gente tava bêbado, e acho que ela não lembra.

- Foda... — ele me lançou um olhar compreensivo. — Bem, agora só te resta se declarar e beijá-la quando ambos estiverem sóbrios, irmãozinho.

Até hoje não sei qual foi desse conselho fajuto, sendo que nunca vi meu irmão mais velho com namorada, sem contar que ele está caidinho por uma mesma garota há um bom tempo.

Conversamos mais um pouco enquanto eu esperava o possível fedor de merda sair do banheiro. Josh me contou que estava planejando dividir um apartamento com um amigo em um prédio perto da Universidade, mas que ainda estavam apenas pensando nessa possibilidade. Ele pediu para eu não falar sobre isso com os nossos pais.

Segunda- feira foi maçante como sempre, primeiro dia da semana onde todos preferiram fazer qualquer outra coisa ao invés de assistir às aulas chatas. Pelo menos Daniel voltou a agir normalmente comigo, como se todo aquele certo desconforto no carro nunca tivesse acontecido, e não sei se posso considerar isso bom ou ruim, levando em conta que até hoje ele não demonstrou se lembrar de nada, exceto em algumas raras ocasiões durante a semana.

Mudando de assunto, só para variar, nessa segunda-feira —  acho que por eu estar bem observador — notei certos olhares direcionadas à mim quando adentramos o colégio. Não que eu tivesse a plena certeza que era amado por todos(claro que não, isso seria ilusão), porém quando se é popular, por um momento você esquece que há pessoas racistas em todo lugar.

Eu já vi muitos daqueles olhares de desprezo, desde criança, muitas vezes já até chorei por causa deles e hoje em dia sei muito bem quando tais olhares estão atrelados à minha cor. É horrível. Além disso, é impossível não imaginar como me olhariam se soubessem que sou bissexual. Negro e LGBT, existe lugar no mundo para mim nesse país? Nesse mundo?

Enfim, por algum motivo eu comecei a cumprimentar e falar com Lisa e Dave pelos corredores. Bem, talvez o nome desse motivo seja: 3 homens, 1 mulher e 1 segredo.

Na terça- feira à noite, consegui terminar de ler "O sol é para todos", senhor Henderson fez questão de discutir o livro comigo e era bem notável sua animação por ver seu caçula se empenhando em algo que não fosse basquete.

No dia seguinte, pedi ao Dan que aparecesse lá em casa para me ajudar nas tarefas escolares. Óbvio, sem pretenção nenhuma.

- Hey, Alex! Trouxe até meus materiais, já que vou fazer as atividades junto contigo. — ele disse assim que o recebo na porta, o garoto usava uma bermuda jeans, chinelo e a típica camisa da Nirvana. Se eu disser que não senti aquele desconforto no estômago, estaria mentindo.

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now