40. Daniel e Alex

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Daniel

- Eu só queria ter um carro, é pedir muito? Ainda tô juntando grana e metade do colégio já tem. — Alex reclama. Estamos sentados um do lado do outro no ônibus, isso porque o senhor Henderson não emprestou o próprio carro para o filho — mais por precaução, caso algo aconteça com a senhora Henderson. No meu caso, fica impossível pegar emprestado, já que meu pai não tá de férias.

- Bem, a maioria do pessoal da escola tem pais que têm dinheiro pra bancar um carro assim que eles completam 16 anos. O que não é o nosso caso, relaxa. — digo para confortá-lo, pois sei que ele está empenhado em conseguir um meio de transporte há mais de 1 ano.

- Eu sei, é que sei lá... Eu queria te levar pro nosso primeiro encontro como namorados em um carro bacana, até mesmo na lata-velha do Josh. Não de ônibus. — Alex parece envergonhado e indignado ao dizer isso, desviando o olhar e comprimindo um pouco a boca.

- Eu poderia dizer o mesmo, Alex. — é meio estressante quando ele age como se tivesse que fazer tudo por nós, como se apenas eu merecesse ser agradado. Gosto de como ele me faz me sentir especial, mas não quero sentir que recebo mais do que consigo retribuir. No entanto, dizer isso para Alex seria mais estressante e vergonhoso ainda, então decido acabar logo com esse assunto inútil. — Eu fui até sua casa hoje porque queria te ver, não me importo se vamos sair de carro, de ônibus ou à pé, e você também não deveria se importar, até porque já andamos de ônibus inúmeras vezes antes. — encaro seus olhos sério e ele suspira.

- Você tá certo. — ele coloca a mão no meu joelho com carinho e sinto um calor se propagar naquela região mais rápido devido ao jeans. — Sempre está certo na verdade, e isso me irrita, sempre me irritou. — Alex faz uma careta só para encher o saco.

- O que posso fazer? É natural pra mim. — eu passo a mão no cabelo com esnobismo e ele ri, mostrando suas malditas covinhas.

- Lindo, você definitivamente tá passando muito tempo comigo. — ele coloca o braço no escosto do banco em que estou sentado. — Não que eu esteja reclamando, é claro.

- Idiota. — viro-me para ele apenas para que possa ver eu revirar meus olhos e volto minha atenção para as ruas da cidade passando pela janela. Devo estar sorrindo.

Além do sentimento de que as coisas estão nos eixos e os apelidos carinhosos de Alex, não acho que mudou muita coisa entre eu e ele desde que começamos a namorar, ou é tudo tão recente que não consigo processar as mudanças direito. Há muitas respostas possíveis para uma mesma pergunta, mas por enquanto vou aceitar aquela que diz que estou bem. Bem com isso, bem como o fato de que gosto de dormir de conchinha com Alex e que prefiro ser a concha maior, pois meu namorado, por incrível que pareça, é extremamente carente e saber que ser abraçado por mim faz ele dormir em dois segundos é... bem legal. Namorado, hein?! Caramba.

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Passados alguns minutos, finalmente saímos do ônibus, entretanto ainda tivemos que andar uns metros a mais para chegar no prédio em que Josh está morando. Como diria meus primos do Brasil: ele não mora, ele se esconde.

Ainda bem que contei para minha mãe parcialmente meus planos pra hoje. Algo me diz que esse "encontro" vai demorar mais que o esperado. Se bem que a Dona Rosa não liga muito se eu passo quase um dia inteiro fora, contanto que saiba onde estou e com quem estou.

— Acho que é por aqui. — diz Alex com o celular aberto no Google Maps em uma mão, com a outra ele me puxa pelo pulso para a direção a ser seguida. Parecemos dois turistas na nossa própria cidade. — Nossa, é realmente longe, hein? Mas pelo que vi aqui fica a apenas 2 quadras da Universidade. Lembra que a gente foi visitar o campus quando o Josh foi aceito?

Alex & Daniel [Em andamento]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن