34. Daniel e Alex

2.8K 296 582
                                    

Daniel

Minha mãe tem um política bem restrita sobre viagens ou dormir na casa de estranhos, embora eu tenha dormido na casa de Drew no aniversário de Alex e nunca ter viajado antes com amigos. Só com os Henderson uma vez, mas eles são como se fosse família.

- Eu quero conhecer esses meninos. Não posso deixar meu bebê a Deus dará desse jeito. — ela disse, enquanto eu insistia em dizer que isso era no mínimo desnecessário.

- Tá, tá bom, mãe. — cedi, afinal, que outra opção eu tinha? Como na semana passada não deu certo, o plano mudou para que fôssemos para a casa na praia nesta e eu não quero que o empecilho agora seja a minha mãe.

No grupo "grupo", Marie pareceu a mais animada em conhecer minha mãe e minha casa. Talvez ela queira saber como vivem, o que comem, o que fazem os que não vivem em condomínio fechado, ou talvez apenas seja sua curiosidade genuína para tudo. Andrew e Kayla concordaram prontamente em vir passar pela inspeção de Rosa e Paul disse que só ia vir depois de tirar uma soneca. Achei Justo.

No presente momento, decido parar de ler o livro que comprei no Brasil, tiro o óculos e vou até à sala para assistir alguma coisa na TV à cabo — eu devia ter arranjado algum emprego, ao invés de me tornar um desocupado —, é onde encontro minha irmã dançando junto com um clipe de um girl group de K-pop, acho que é o Mamamoo ou Twice, não sei diferenciar.

Fico ao lado da Pati e tento acompanhar seus passos, o que é realmente MUITO difícil. A dança é muito rápida e do nada já tem que se abaixar, esticar o braço, tocar o chão e quando menos espera tem um movimento lento e depois volta ao normal. Eu já teria cansado no primeiro minuto senão fosse pelo meu corpo ter se acostumado com exercícios pesados dos treinos de basquete.

- Não sei se tu parece uma vassoura ou um boneco de posto dançando. — minha irmã zomba assim que a música termina.

- Você que não entende meu conceito. — respondo no mesmo instante em que a mamãe aparece.

- Filho, mais tarde seus amigos vêm aqui, né?

- Aham.

- Eu fiz um bolo de cenoura mais cedo e eu esqueci que não tinha leite condensado e, como sabe, um bolo de cenoura sem cobertura perde toda a magia. Quero que você vá ao supermercado pra mim.

- Mãe, não precisava fazer um bolo, provavelmente eles nem vão ficar por muito tempo.

- Precisa sim, temos que ser receptivos com visitas.

- Gentil como um Torres. — cito o que o papai sempre fala.

- Como um Almeida também! Não viu suas tias como são? — ela pergunta retoricamente já anotando umas coisas num pedaço de papel. — Aproveita e compra óleo de girassol, uma dúzia de banana e papel higiênico.

Quando estou prestes a sair de bicicleta com o dinheiro e a lista no bolso, chego a conclusão que não estou a fim de ir sozinho. Aperto a campainha dos Henderson e é Michael quem entende, usando um avental e uma camisa preta que marca seu braço. Para alguém com mais de 40 anos ele está muito bem. Senhor Henderson me cumprimenta com um largo sorriso e informa que Alex chegou do trampo não faz muito tempo e está no quarto.

Chego ao meu destino encontrando a porta entreaberta, mas sem sinal de Alex pelo recinto. Ou ele ficou invisível, ou ele saiu sem o pai saber ou ele está no banheiro. A terceira opção se torna verídica no momento em que ouço o barulho de chuveiro vindo do banheiro, logo decido esperá-lo sentado na beirada da cama.

Os primeiros 2 minutos se passam numa boa, todavia o barulho do chuveiro dá lugar ao som de uma respiração ofegante cada vez mais alta. Alex está passando mal? Levanto-me no intuito de acudir e abro a porta do banheiro rapidamente, me deparando com o box fechado. Quando me aproximo mais para abrir o box, a respiração ofegante que tanto me preocupou dá lugar a um gemido, e então meu nome. Consigo até ver a forma do seu corpo através do vidro embaçado, uma das mãos está apoiada na parede.

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now