22. Alex

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Mesmo depois de mostrar nossas fotos para ele e de Andrew contar como nos escontrou, Dan não disse nada sobre o nosso beijo.

Eu só notei ele um pouco tenso e atordoado no domingo, mas isso se deve ao fato de sua primeira considerável ressaca, talvez.

E sim, eu estava e estou com medo de começar esse assunto, pois se eu contar que nos beijamos, logo, terei de contar que estou apaixonado por ele e acho que ainda não estou pronto para isso. Para falar a verdade, eu nem sei como lidar com essa coisa, eu nunca me apaixonei verdadeiramente por ninguém antes, aí quando finalmente tal coisa acontece é pelo meu melhor amigo homem. Tem como ser mais complicado que isso? Talvez, mas já está suficientemente complicado por agora.

Mas uma coisa eu sei: eu não posso ficar adiando por muito tempo o dia em que contarei sobre meus sentimentos. Angel e Kayla parecem que combinaram com seus conselhos, ambos disseram quase a mesma coisa para mim sobre o que se diz respeito a me declarar.

Mas caralho, eu tenho medo! Eu sinto como se estivesse preso em um livro ou em um filme clichê onde o protagonista se apaixona pelo melhor amigo e vive num dilema sem fim.

Cara, quando eu acordei naquele domingo, pensei que estava no paraíso. Enquanto me espreguiçava, vi Daniel ao meu lado da cama dormindo feito um bebê com a testa um pouco franzida. Mesmo com a dor de cabeça infernal, eu consegui sorrir.

Nesse momento, me veio todas as lembranças da madrugada em Babylon, pensei que meu coração iria explodir. Tudo aquilo não tinha como ser apenas fruto da minha imaginação, pois se eu me esforçasse bem eu ainda podia sentir o gosto da língua de Dan, como era sensação de sugar seu lábio inferior, de ter seus cabelos emaranhados em meus dedos e seu corpo tão colado ao meu. Quer dizer, ainda posso, quero deixar essa cena bem fresca na minha memória.

Depois que o filme acabou e fomos conhecer o Golden Retriever de Andrew — que vive em uma casinha no quintal, pois a mãe de Drew é alérgica —,  o motorista dele nos deixou em casa, Dan ficou calado o trajeto todo e, mesmo eu querendo agir naturalmente, não consegui puxar uma conversa para quebrar aquele silêncio quase ensurdecedor. E eu não digo isso para ser clichê, mas sim porque meus pensamentos estavam à mil.

- Por que você não avisou que iria chegar a essa hora? — a mãe reclamou assim que entrei em casa, eram quase 7 da noite.

- Mãe, tá cedo. — disse cansado, estava precisando dormir.

- Cedo uma ova, faz quase um dia que eu não te vejo, garoto!

- Eu liguei para o papai hoje à tarde.

- Ligou? Como eu não fiquei sabendo disso? — ela elevou a voz se virando para o pai que estava sentado na poltrona da sala.

- Isso já não é problema meu, estou indo pro meu quarto, ok? — Soltei um bocejo e subi as escadas deixando meu pai se explicando para a esposa que esqueceu de avisar, pois estava ocupado corrigindo provas.

Não vi Josh quando entrei no cômodo, mas nem me importei, fui logo tirando minhas roupas para tomar um banho e cair no sono. Entretanto, quando abri a porta do banheiro, me deparei com meu irmão sentado na privada lendo o rótulo do xampu.

- Porra, Alex! Pode nem cagar em paz mais nesse caralho? Sai daqui! — ele empurrou a porta com tudo me deixando apenas com a opção de esperar.

Me deitei na minha cama apenas de cueca e liguei o celular para checar as mensagens. Mas quem disse que fiz isso? O primeiro aplicativo que entrei foi a galeria e me perdi naquelas fotos com Daniel, tiradas minutos depois de nos beijarmos. Eu sei que estávamos bêbados, mas como ele pode não se lembrar, enquanto eu fico todo bobo me recordando do que houve e sem saber o que fazer quanto a isso? Quanto egoísmo.

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now