31. Daniel

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Chegamos no parque de diversões por volta das cinco e meia da tarde. Sol se pondo e nós andando lado a lado no meio das crianças afoitas e barraquinhas. Nosso último "encontro" antes das férias de verão.

- Quer algodão doce? — Alex pergunta, apontando com a cabeça para um homem vestido de palhaço.

- Não acha muito doce? Não podemos comer muito açúcar, você sabe, por causa dos treinos.

- Claro que sei, mas os treinos desse semestre foram cancelados e só voltamos na penúltima semana de férias. Não tem problema.

- Tá bom, mas eu enjoou muito rápido de algodão-doce.

- Podemos dividir.

Ele foi até o palhaço e voltou com uma nuvem azul na mão. Alex não me engana, sei que ele insistiu para comprar porque adora essas coisas açucaradas.

- Olha, vem com um bonequinho estranho do coringa. — o garoto sorri e me entrega o objeto.

- Eu fazia coleção desse negocinhos, acho que a mamãe jogou fora a caixa antes da gente se mudar. — dou o bonequinho para a primeira criança que passa por mim e ela responde com um "obrigado, tio" e sai correndo.

- Devia ser medo de você se tornar um colecionador compulsivo que nem daqueles programas. — ele ri pegando algodão e enfiando na boca.

- Acho que tenho gostos peculiares. — pego um pouco do doce fofinho da sua mão.

- Isso é uma indireta? — ele se finge de magoado, me fazendo rir.

- Você não entenderia.

- Ok, agora isso claramente foi uma referência de cinquenta tons de cinza. O que quer dizer com isso, hein, Dan? — ele me olha com profundidade com seus típicos sorrisinhos de lado. Sinto minhas bochechas esquentarem um pouco.

- Não é nada disso. — reviro os olhos. — Vamos em algum brinquedo, tipo, hmmm, a montanha-russa.

- Não podemos começar com o melhor. — Alex olha ao redor à procura de sei lá o quê. — Uma barraca de tiro ao alvo!

- E você é bom nisso?

- Não sei, mas devo ser já que sou ótimo para acertar cestas.

- Não é a mesma coisa.

- Não estrague meus sonhos. Quero te dar alguma coisa daqui. — diz com determinação. Suas palavras me fazem pensar que somos um casal, mesmo que para os outros pareçamos dois amigos querendo se divertir.

Vamos até a barraquinha. Alex tem cinco chances para acertar os patinhos. Chego à conclusão que ele é horrível em tiro ao alvo.

- Se tu é o bichão, então tenta aí. — ele diz, duvidando da minha capacidade.

Pego a pistola e miro naqueles patinhos desgraçados — vida longa aos patos. Não esperava me sair melhor que Alex, porque definitivamente sou tão ruim nesse jogo quanto ele, mas acerto um alvo e acabo ganhando um chaveiro de rinoceronte.

- Para vossa alteza. — estendo o chaveiro com mesura e ele solta uma risada nasal.

- Isso não foi muito legal com meu ego, mas eu agradeço. — Alex pega o objeto da minha mão e o prende na calça que está usando, perto do cinto.

- Seu ego já é muito grande.

- Tenho outra coisa que é grande também. — ele fala baixo, me fazendo quase dar um pulo.

- Meu Deus, Alex! — acabo me lembrando de uma certa madrugada.

- O seu também não é nada mal...

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now