01

18K 1.3K 727
                                    

Dias ensolarados nunca foram bons de se passar com Freya, porque sol significa calor, e calor significa suar, e suar para Freya é inaceitável

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dias ensolarados nunca foram bons de se passar com Freya, porque sol significa calor, e calor significa suar, e suar para Freya é inaceitável. Então, juntando o útil ao agradável, ela vai encontrar um jeitinho de fazer sua cabeça para comprar picolés e sorvetes para que ela possa se acabar de tanto comer.

E eu, como a boa irmã mais velha que sou, comprei todos os que ela me pediu, e se ela se acha inteligente, eu sou mais.

Assim que saímos da segunda sorveteria porque a primeira não tinha o sabor favorito dela, paro na sua frente e me abaixo até que fiquemos do mesmo tamanho.

Sem sombra de dúvidas, a nossa família é muito boa quanto ao quesito genética, e posso dizer isso com convicção porque a garotinha que está a minha frente é uma das coisas mais lindas que já vi na vida.

Freya tem os cabelos escuros cacheados soltos ao redor das maçãs do rosto coradas pelo calor, suas bochechas são redondinhas e perfeitas em contraste às maçãs do rosto altas, herdadas da nossa mãe. Seus lábios brilham em vermelho pelo sorvete e os olhos tão escuros quanto os meus me encaram animados.

Ao julgar pela sua pele escura ainda molhada, consigo dizer que ela ainda sente tanto calor quanto eu.

— O que há de errado? — Suas sobrancelhas grossas e escuras se franzem à medida que ela tomba de leve a cabeça para o lado e lambe seu doce gelado outra vez.

— Se contar para a mamãe que vai ir ao trabalho comigo, não vou mais poder te dar nenhum sorvete, você sabe, não sabe? — Pergunto, alternando um olhar de um lado do seu rosto para o outro. Um brilho de entusiasmo atravessa sua feição quase angelical.

Se ela não fosse tão diabólica, eu poderia chamá-la de anjo facilmente.

— É claro que eu sei, Dite, não sou burrinha — ela bate contra a própria têmpora em forma de peteleco, e eu assinto para ela, segurando um sorriso bobo.

—Tudo bem, então vamos logo antes que eu me atrase.

Nós duas passamos a andar lado a lado pela calçada, de mãos dadas e cada uma com o seu sorvete. A bolsa nas minhas costas pesa mais do que o usual, porque diferente de hoje, nos dias normais eu carrego apenas as minhas coisas, mas hoje estou levando roupas para minha irmã mais nova, lanchinhos para ela fazer durante a noite e alguns brinquedos que ela insistiu em levar.

Charlotte, uma das minhas colegas de trabalho, teve uma emergência e pediu para eu cobrir seu turno hoje. Como é domingo e aos domingos são meus dias de folga, eu estava livre para qualquer coisa, exceto trabalhar.

Porém, ela já me ajudou tantas vezes que seria desumano rejeitar o favor que ela me pediu tão educadamente.

Me encarreguei de ficar com Freya esse final de semana porque ela estava morrendo de saudades, e fingi não saber que Wendy a tinha obrigado a dizer isso.

RECOVERYOnde histórias criam vida. Descubra agora