18

6.1K 685 443
                                    

O motor parou de roncar após eu desligar o automóvel, esticando as costas depois de uma longa e exaustiva viagem

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

O motor parou de roncar após eu desligar o automóvel, esticando as costas depois de uma longa e exaustiva viagem. Era sábado de manhã, nem passavam das sete quando sai de casa e peguei a estrada até o apartamento onde minhas mães moram. Deu exatamente quarenta e sete minutos de viagem, o que geralmente se estendia a uma hora e pouquinho quando eu saia um pouco mais tarde e enfrentava o trânsito da rodoviária, de onde muitos ônibus saiam no mesmo horário para destinos diferentes.

Respirando fundo, estiquei o braço para o banco de trás e peguei meu telefone e a mala que ficava logo ao lado.

Ali tinham apenas algumas coisas básicas, como materiais de estudos, pois na segunda-feira eu teria uma prova do curso e cabos de carregador, notebook e fones de ouvido, caso eu quisesse usar durante a noite ou no dia de amanhã.

Mesmo após a minha mudança, minhas mães decidiram deixar tudo exatamente como estava no meu quarto, sem modificar absolutamente nada.

Sempre que eu vinha uma noite ou usava uma das minhas semanas de férias para visitá-las, me sentia nostálgico com toda a mobília idêntica a de quando eu era adolescente.

Ao mesmo tempo que me confortava, me fazia ter certas lembranças que apertavam o meu peito e me faziam pensar no que poderia ter sido feito diferente naquela época.

Tomando coragem, abri a porta do carro e encarei a leve escuridão do estacionamento do térreo do prédio.

Tranquei o carro, fazendo a luzinha amarela do interior se apagar e parar de iluminar os bancos de couro branco. Andei até o elevador, apertando no botão do último andar, onde viviam Dani e Regina.

Assim que coloquei a mala no chão e guardei o celular no bolso, encarei o meu reflexo.

Apesar do cansaço evidente em meu rosto, revelado pelas minhas pequenas olheiras e cabelo meio bagunçado com direito a olhos um pouco inchados, eu estava feliz.

Faz um tempo que eu não via minhas mães, e a saudade já estava me deixando um pouco triste. Por isso, assim que vi uma oportunidade de vir, aproveitei pois não era sempre que no meio de uma temporada que eu tinha um sábado e domingo livre.

Assim que a porta do elevador se abriu e me mostrou o outro lado, peguei a mala na mão outra vez e caminhei pelo pequeno corredor que me levaria até a sala principal, onde uma lareira acesa me daria as boas vindas.

Como imaginei o cômodo estava quente e aconchegante por conta do fogo acesso. Tinham algumas velas acesas na mesa de vidro escuro na frente do sofá cinza, destacado pelas paredes com cor de verniz, que davam um aroma de flores de cerejeira, aquelas que Regina tinha se apaixonado depois de uma viagem ao Japão.

Depois de descobrir como era feita aquela vela caseira em especial pelas mãos do país nativo da planta, Regina não quis  comprar outra nunca mais, e sempre que podia, ela estava passando com a pequena chama em mãos em todos os cômodos o possível.

RECOVERYWhere stories live. Discover now