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Consegui fazer Hailey convencer Perséfone a aceitar uma carona, e depois de acompanhar a ida para sua casa com a maior atenção do mundo presa somente nela e na estrada, comecei a ligar alguns pontos.

Ao julgar algumas reações de Perséfone sobre alguns momentos dentro do automóvel, o modo como Haly passava a mão pela sua coxa como se fosse para acalmá-la — coisa que vi pelo retrovisor — e ao me lembrar de alguns momentos específicos do dia em que a levei para casa depois do trabalho, tive a certeza de que ela tinha alguma coisa errada com andar de carro.

Medo, com certeza. Por esse motivo, tentei manter uma velocidade razoável até que estivéssemos fora da maior parte do tráfego da cidade e mantive ela baixa até chegar na rua de sua casa. Eu não queria fazer uma pergunta direta sobre isso na frente de todo mundo, e no dia seguinte, quando fosse levá-la até Nova York, poderia perguntar sem ninguém estar junto.

Perséfone não é do tipo que se abriria facilmente sobre algo como isso, então era muito provável que mesmo que eu perguntasse, não tivesse respostas.

Assim que o carro parou na frente do alojamento e ela saiu do carro rapidamente, tirei o meu cinto e esperei Alex e Haley saírem também. Noah apenas ficou encarando eles pela janela do carona, comentando algo sobre a visita que ele e Hailey fariam no dia seguinte para a casa do pai deles.

Enquanto eles estavam discutindo sobre o horário em que sairiam, abri a minha porta do carro e sai, parando na frente de Perséfone, que estava encostada na lataria por onde ela tinha saído passando a mão no pescoço.

Ela estava visivelmente cansada, e eu nem podia falar nada, visto que meu corpo também pedia por descanso depois do que aconteceu naquele banheiro.

— Que horas devo estar aqui amanhã? — ela me encarou com olhos bem acessos. Respirando fundo, Perséfone pegou o telefone na mão e viu o horário. Demorou um pouco até que ela tivesse uma resposta. Presumi que ela estava contando quantas horas de sono ela teria dependendo do horário que escolhesse.

— Qual horário você ia sair amanhã?

Dei de ombros, enfiando as mãos nos bolsos da minha calça.

Eu não iria sair amanhã, para falar a verdade, então não tinha um horário em mente. Optei pela mesma hora em que sempre saía quando ia visitar as minhas mães.

— Pouco antes das sete. Esse horário dificilmente tem trânsito e não dura nem uma hora de viagem.

Ela assentiu, esticando as costas e erguendo o pescoço para me olhar nos olhos.

— Se você não mudar de ideia até lá, estarei esperando.

Não consegui manter os olhos nos seus quando ela sorriu pequeno, pronta para se virar e sair.

Ela estava com os cabelos se esvoaçando levemente na brisa da madrugada, os braços enrolados em volta do corpo para fazer uma barreira com o frio. Seus olhos brilhavam levemente, como se estivessem vendo mil estrelas e elas refletissem em suas cores escuras. Seus lábios, aqueles lábios filhos da puta que eu tanto gostava de beijar, estavam avermelhados naturalmente, dando o efeito de ter bebido um copo de água gelada e sua pele retinta estava sendo iluminada em pontos específicos pela luz do poste sobre a nossa cabeça.

Linda de morrer.

Encarar os seus lábios foi um movimento perigoso, pois a vontade de beijá-la despertou em meu âmago e quase me fez cometer a loucura de me inclinar para frente e a agarrar com os meus lábios.

Ao encarar os seus olhos, percebi que a funcionabilidade do meu corpo de falar tinha ido com Deus. Perséfone parecia sorrir ainda mais, como se estivesse percebendo o que tinha acontecido ali. Ela me deixou sem palavras sem fazer porra alguma.

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