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comentem seus fodidos

— Dite esse carro é incrível — Freya se esticou no banco atrás de mim, colocando as mãos nos ombros do acento preto nas minhas costas

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— Dite esse carro é incrível — Freya se esticou no banco atrás de mim, colocando as mãos nos ombros do acento preto nas minhas costas. Sua voz animada me fez dar um sorriso, mas no mesmo instante me virei e coloquei a mão sobre a dela.

— Eu sei, mas você precisa ficar sentada, tá legal?

Pedi, sentindo meu coração acelerar com ela estando fora do lugar. Sua cadeirinha ainda precisava ser usada em viagens de carro, então a peça rosa estava embaixo dela para sua segurança. Ela tinha que ficar no lugar ou eu teria uma parada cardíaca em breve.

Encarei seus olhos grandes e curiosos, castanhos e parecidos com os meus. Eles eram uma das únicas partes herdadas de nosso pai, visto que o formato anguloso do rosto, os lábios mais carnudos e os cabelos mais puxados para o ondulado do que cacheado eram de minha mãe.

Freya usava um conjunto de moletom azul escuro. A touca em sua cabeça era preta e os sapatos em seus pés, brancos. Suas perninhas balançavam para frente e para trás, as mãos seguravam as bochechas e todo aquele ar meigo que ela carregava estava seis vezes mais aflorado, me fazendo sentir o aperto no peito um pouco mais forte.

Desde que entrei nesse carro, estou no meu limite, dançando sobre a linha dele e zombando das mãos pequenas que arranhavam minha garganta sempre que Jasper voltava a falar comigo. E desde a hora em que a gente saiu do apartamento de minha mãe, ele estava apenas falando com Freya e como eu tinha sido deixada de lado, não tinha muito o que falar.

E isso me dava mais tempo para entrar em pânico.

Assim que saímos da cafeteria, não demoramos nem vinte minutos para chegar na casa da minha mãe. E quando saímos de lá — depois de dez minutos porque precisei falar para ela o que deveria fazer quando contatasse o advogado —, Freya ficou muito entusiasmada que não precisaria andar de ônibus e ficou ainda mais radiante quando viu o querido pantera negra segurando a porta do carro para ela entrar.

Respirei fundo, apertando a barra do meu casaco quando outra vez Freya se esticou para o lado, com muita energia.

— Freya, por favor, fique quietinha!

Tentei não ser muito grossa, mas ela estava agindo da mesma forma que eu agi e por esse motivo aconteceu o que aconteceu. Ela precisava ficar quieta.

Senti minha garganta fechar com um gosto amargo e me endireitei no banco, me sentindo incomodada com as minhas roupas e me sufocando com o carro que era pequeno demais, mesmo que fosse na verdade espaçoso pra caralho.

Fechei os olhos por um segundo a mais, virando o rosto para a janela porque sentia o olhar de Jasper em mim e tentei tirar aquela cena de minha cabeça. Empurrei o oxigênio para dentro e depois para fora, deixando as vozes de Freya mais distantes conforme o controle escapava das minhas mãos. Meu coração galopava feito louco no meu peito apertado e meus punhos cerraram sem a minha permissão.

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