LIVRO I | TRILOGIA EPIPHANY
"Eu só tinha um trabalho, e era não sucumbir ao desejo de cair na tentação que era Jasper. Eu ia muito bem enquanto meu único sentimento direcionado a ele era ódio. E era recíproco, ele também não me suportava. Porém quan...
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Terminei de dobrar a última peça jeans e juntei ela com as outras sobre a mesa, sorrindo conforme encarava as costas de Raquel se movimento ao passo que seus braços gesticulavam de maneira expressiva demais.
Idiota. Eu avisei que ia foder com a sua vida. Na verdade não avisei, mas pensei sobre isso, então quem se importa?
Ela falava alto e fungava às vezes, dando até mesmo com o dedo perto do rosto de Victor.
O dono do bar, no entanto, tinha a expressão entediada, com os braços cruzados, gravata torta e cabelos meio bagunçados de tantas vezes que já escovou-os com os dedos de forma impaciente desde a hora que anunciou a demissão de Raquel e colocou Henry como o novo gerente.
Victor é um homem de negócios, tem bares e é dono de uma das maiores empresas de marketing da região. Ele quase nunca está na cidade e sai bastante até do país, mas isso não significava que ele era inacessível e não ligava para qualquer um de seus funcionários, muito pelo contrário na verdade.
Na segunda feira dessa semana, consegui conversar com ele pelo celular e comecei a explicar a situação, mas ele me pediu para esperar até quarta feira — hoje — para que pudéssemos falar pessoalmente, visto que o assunto era sério.
Hoje no inicio da noite, quando ele veio até mim e me pediu para ir até o escritório pequeno que havia aqui, eu contei sobre as roupas que não eram adequadas, sobre as decisões dos horários que Raquel tomava por conta própria, as faxinas que ela nos obrigava a fazer quase sempre apenas para fechar o estabelecimento e poder ir embora e claro, como cereja do bolo, os atos sexuais de duas semanas atrás que ela estava tendo literaalmente dentro dos limites do perímetro do bar.
Ele imediatamente convocou Raquel na sala, e por um momento, achei que ele estava duvidando de mim ou algo assim. Mas no momento em que ela colocou os pés para dentro, com aquele sorriso imundo no rosto, as palavras que ele soltou foram:
— Você está sendo demitida, meu advogado entrará em contato.
Eu sorri para ela, inocente. Até mesmo cobri a boca para deixar a situação mais irritante para ela e lhe lancei um olhar que dizia o jogo virou vadia.
O que aconteceu depois foi uma sequência de gritos da parte dela e um aglomerado dos funcionários perto da porta.
Ignorando ela, Victor nos pediu para pegar todas as peças de uniforme que ela tinha nos dado e colocar em uma grande sacola de lixo. Raquel falou que eu era ingrata e até me chamou de puta barata.
— Se você não quer aumentar o processo que vou jogar em você por calúnia sugiro que feche a porra da boca e saia logo daqui.
O silêncio que se estendeu após essa fala de Victor foi intenso, e nem mesmo a falta de bom senso da velha falou mais alto do que isso. Ela pegou a bolsa e saiu porta afora.
Respirei uma lufada de ar puro e joguei as roupas na sacola que Charlotte me estendeu. Sorrindo para ela, peguei o grande saco preto e andei em direção às portas dos fundos, onde peguei Raquel no flagra daquela vez. Isso nunca mais aconteceria, graças a Deus.
