O filho era meu também.

Era nosso.

— Tinha mesmo necessidade de deixar claro esse detalhe? — Uma das vozes falou, um pouco debochada.

— Eu não sei, eu só... — A outra voz disse, um pouco desesperada e chorosa, sem terminar a sentença.

Pisquei mais vezes, tentando formular minha próxima pergunta, tão simples quanto a primeira.

O segundo passo era entender como aquilo havia acontecido.

— Como?

— Eu não sei! — Os olhos azuis começaram a chorar instantaneamente, e aquilo me pegou desprevenido. Acordei um pouco do meu estado de letargia, vendo Marinette se debulhar em lágrimas na minha frente — Eu juro que tomei todas as pílulas diariamente no horário correto! Juro por Deus! Eu não fiz nada de propósito!

Alya me encarou com uma expressão assassina e foi consolar Marinette, como se eu tivesse acabado de dizer algo hediondo.

Fiquei sem reação, mas rezando para que ela parasse. Eu estava em choque, mas vê-la naquele estado ainda me fazia mal, principalmente quando sabia que a culpa era minha, embora eu não entendesse como.

Então o celular tocou no bolso da minha calça, interrompendo a crise de choro de Marinette. Ambas olharam para mim, então entendi que tinha que fazer alguma coisa para que o barulho parasse. Percebi que, provavelmente, alguém estava querendo falar comigo. E eu até deixaria quem quer que fosse esperando caso já não soubesse exatamente quem era.

Atendi o celular sem sequer desviar o olhar das duas para confirmar minha suspeita.

— Oi, Mana.

Era óbvio que Chloé havia sentido alguma coisa. Bastou que eu soubesse da novidade para que a assustadora intuição dela começasse a trabalhar, porque, no final das contas, ela não tinha essa ligação esquisita com Marinette, mas sim comigo. Então, de uma forma sobrenatural, como sempre havia sido, ela simplesmente sabia.

O QUE ACONTECEU? FALA LOGO, CABEÇÃO!

— Falo com você outra hora... — comecei, sentindo orgulho de mim mesmo por conseguir formular uma frase tão complicada, mas fui interrompido por gritos.

ADRIEN, EU ESTOU EUFÓRICA E NEM SEI O MOTIVO! VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR ANSIOSA, EU ESTOU GRÁVIDA!

— Você não é a única, Chloé. — Respondi, sem em nenhum momento deixar de encarar Marinette.

Ela ficou em silêncio do outro lado da linha, e então pude aproveitar um pequeno momento de paz em minha mente. Mas o momento foi breve, até que um grito agudo perfurou meus tímpanos.

AHHHHHHHHHHH! HAHAHAHAHAHA!

E assim, rindo como uma maníaca suicida, Chloé desligou.

Joguei o celular no colchão e voltei ao meu estado catatônico. Marinette me encarava de volta, com os olhos e nariz vermelhos do choro. Instintivamente, olhei para sua barriga, que estava escondida pela camisa do pijama fofo, mas que eu sabia estar ainda perfeitamente lisa. Ela notou e, por algum motivo — ou talvez agindo por instinto também — colocou a mão na barriga.

— Você está... grávida... — Estendi minha mão e toquei em um lugar muito próximo de onde a mão dela estava. Aquilo não foi uma pergunta, mas também não soou como uma afirmação. Não era nada em particular: Apenas eu, tentando ficar totalmente consciente dos fatos. Como se falar aquilo em voz alta surtisse algum efeito.

— Estou... — Ela respondeu em uma voz muito baixa, quase envergonhada.

Sim, ela estava grávida. Do meu filho.

Suddenly in Love ♡ AdrienetteKde žijí příběhy. Začni objevovat