Comemoramos nossa vitória com Dan enlaçando minha cintura com as pernas como se tivéssemos ganhando a NBA ou a Copa do mundo. Percebi o olhar torto de dois caras, parece que nunca viram dois amigos comemorando.

Ganhamos as duas pizzas, entretanto somente participamos do jogo para provar para nós mesmos que venceríamos um time com 2 a mais, e por isso decidimos dividir o prêmio com eles, que acabaram comprando 3 pizzas.

Depois do jogo, consegui falar com aquela menina que estava me dando mole e ela me deu o seu número, fui me gabar pro Dan e ele só disse "Ah, legal". Realmente ele não liga para essas coisas ou está com inveja, nunca se sabe.

Na volta para casa, suados e fedorentos, ficamos falando sobre o jogo e como nós jantamos os carinhas do time rival na partida, tentei convencer meu melhor amigo a entrar no time do colégio esse ano e pela primeira vez ele disse que vai considerar a ideia.

Minha camiseta estava grudando no meu corpo e eu realmente não gosto disso, talvez seja frescura, mas me incomoda. Decido tira- la por fim, bom, acho que ninguém ia se importar em me ver sem blusa na rua, até porque está vazia.

Depois de notar que eu havia me despido, Dan desviou o olhar como se estivesse com vergonha, deve ser coisa da minha cabeça, ele não gosta de homem, ainda bem. Por uns instantes me pergunto como seria ter um amigo gay, se eu iria conseguir me manter normal perto dele, não sou do tipo homofóbico, mas deve ser muito estranho.

Quando percebo já chegamos na frente das nossas casas.

- Falou! Vou ver o endereço e o horário e te mando por mensagem. - digo já caminhando até à porta de casa.

- Ok, tô super ansioso por essa festa. - Daniel diz irônico balançando as mãos no ar como um apresentador de televisão e eu reviro os olhos.

Adentrando a casa encontro meu pai na cozinha fazendo a gororoba dele. Normalmente é assim, nossa mãe trabalha meio período, de manhã cuida da casa e do almoço e depois vai trabalhar chegando só por volta das 8 da noite. Já meu pai trabalha integralmente, ele sai de casa 7 da manhã e volta 7 da noite ou antes, sendo assim a maioria das vezes o jantar fica por sua conta, ou por nossa, os filhos, todavia quem faz é o Josh, porque sou uma negação na cozinha e já me proíbiram de me aventurar por lá, e eu realmente não reclamo disso.

- Ô pai, vou numa festa mais tarde, tudo bem? - pergunto já sabendo que iria deixar, ele é bem mais liberal que a esposa.

- Tudo bem, mas não chega muito tarde, sabe como é sua mãe né. - Não falei?

Depois de trocar mais algumas palavras com meu pai, vou para o meu quarto, que, infelizmente, é dividido com meu irmão.

- Puta que pariu, maninho, você tá fedendo. - ele diz tampando o nariz.

- maninho meu ovo. - digo e ele ri, nunca gostei desse apelido, sou do mesmo tamanho que ele desde os 14 anos. - e queria o que? Que eu chegasse cheiroso depois de jogar basquete?

- Hmmm, vai tomar um banho logo, não sou obrigado a sentir esse fedor por mais tempo.

Depois disso jogo minha camisa na cara dele, ele a tira na mesma hora jogando para a minha cama dizendo que ia ter troco.

Tiro o short e fico apenas de cueca, pegando a toalha vou ao banheiro tomar um banho, saio de lá limpo, cheirando a sabonete e com a toalha amarrada na cintura. Meu irmão não estava mais no quarto, decido fechar a porta para ter um pouco de privacidade enquanto me troco, mas antes pego o celular para informar o endereço da casa do Henry, do time de futebol americano, ao Dan, que me responde com um "Beleza, vou tomar banho".

Depois disso, visto uma típica boxer preta, mas me jogo em minha cama de costas olhando para o teto. Ainda tá cedo para eu me preocupar em me arrumar, são 19:15.

Passo os próximos 20 minutos revezando entre responder algumas mensagem do whatsapp e olhar o instagram, até que vejo a foto de um garoto com quem eu estudava no último ano do ensino fundamental, Adryan, hoje ele está até que bem bonito, usando brinco em uma das orelhas e ostentava um sorriso largo e feliz, ao lado dele tinha outro garoto, de cabelo azul, meio pálido, mas ainda assim bonito, com um sorriso mais tímido e estava aconchegado nos braços do outro. Na legenda dizia que eles estavam comemorando 3 meses de namoro, fiquei meio assustado, não sabia que Adryan era gay. Curto a foto, até porque eles são um casal que está comemorando uma data especial para ambos, e vou rolando o feed, depois de ficar entediado por tanto ver fotos e anúncios, deixo o celular de lado.

Pego uma calça de aparência nova no guarda-roupa e a visto, depois escolho um tênis da nike para calçar, tenho que manter o estilo de jogador de basquete, não é mesmo? Enquanto eu amarro os cadarços me vem uma memória.

Era o último ano do fundamental e eu estava no vestiário do colégio depois de um treino com uns carinhas do time da escola, o sub- 13. Eram um bando de pirralhos de 13 e 14 anos suados indo se banhar nos chuveiros, tudo normal. Ninguém ficava nu no vestiário, mas todos os garotos andavam de cueca ou com a toalha amarrada na cintura, e eu estava olhando demais pra eles, seus corpos magros na puberdade, achava assustador esse meu "interesse" em observa-los, mas devia ser normal olhar as pessoas, já que era quase inevitável naquele ambiente. Eu estava com a toalha amarrada na cintura indo à uma cabine com chuveiro, até que vejo Adryan com uma cueca box branca, seu pênis era quase visível, encarei aquela cena por alguns segundos e entrei rapidamente na cabine. Meu coração batia um pouco acelerado demais, quando eu fui tirar a toalha para tomar o banho, percebo que estava meio duro, eu tinha ficado excitado ao ver um menino de cueca. Tentei me acalmar, devia ser coisa da idade, já que pelo que meu pai tinha dito, seria normal essas coisas acontecerem, de ficar excitado e tal, afinal, eu tinha entrado na puberdade e estava com os "hormônios à flor da pele". Tomei banho normalmente e me vesti.

Saindo de lá, fui me encontrar com uma garota que era 1 ano mais velha e estudava na escola também, namoramos por uma semana naquela época, nos beijamos por um tempo, meio desajeitados, mas ainda assim, senti meu pau endurecer um pouco, novamente.

Depois desses devaneios, percebo que tinha feito um monte de nós no cadarço. Ajeito-os e vejo meu irmão entrando no quarto se jogando em sua cama com um livro na mão, acho que ele tinha ido jantar.

Pego uma camisa de botão e visto, vou até o espelho e defino meus cachos que ficam no topo da cabeça, as garotas adoram mexer neles. Dependendo de como fazem, me sinto um boneco, parece que nunca viram um cara afro-descendente na vida.

Passo um perfume masculino que não lembro a marca, e quando passo pela porta, ouço meu irmão dizer:

- Até mais, idiota.

- Até! - digo sorrindo e mostrando o dedo do meio.

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1900 palavras

N/A: Por hoje é só, se estiver gostando, não esquece de deixar a estrelinha:)

Alex & Daniel [Em andamento]Where stories live. Discover now