LOVE-MALÉVOLA E DIAVAL

Capítulo 23

Do meu lado,havia um prato com frutas frescas,e um copo de água.Se aquilo era uma prisão,como eu estava sendo tão bem tratada,com direito a mantimentos em ótimo estado,e uma cama confortável?

Deduzi que tudo era uma armadilha.Eu sentia como se estivesse sendo observada,e mostrei minhas presas para o nada.

-Ela levantou,querido -uma voz feminina e adocicada percorreu meus ouvidos aguçados,e concluí que estava se referindo a mim.Me retraí.

Passos se aproximavam de onde eu me encontrava,e rapidamente me coloquei de pé,para enfrentar o que quer que viesse.Andei um pouco para trás,e encostei minhas asas na parede meio fria,pegando meu cajado que estava apoiado nela.Não dei uma palavra.

-Ei,calma,está tudo bem... -uma sombra tentou me apaziguar.Fiquei ainda mais nervosa e grunhi para ela.Eu estava no meio de um lugar desconhecido,estranho,gelado e com mais de uma criatura que eu não fazia ideia de quem era tentando fazer amizade.Aquilo era uma armadilha.

Uma baita armadilha.

-Está assustando ela,seu imbecil! -a mulher da história pareceu ter dado uma cotovelada na barriga do homem ao seu lado,ou algo parecido,pois o ouvi se engasgar.Certo,se tratava de um casal.Eu estava presa em algum lugar com um casal desconhecido.Eram dois contra um.Olhei mais vezes para o quarto.O que mais tinha a minha volta que eu poderia usar como arma?

O homem e a mulher ainda estavam distantes o bastante,mas eu via suas sombras,e eles pelo visto,também conseguiam me ver.

-Nós não vamos machucar você,é uma promessa -disse a estranha -Podemos nos aproximar?

Eles pareciam sinceros.

-Não! -eu gritei,e minha barriga roncou tão alto em seguida que só então percebi que ainda não tinha feito o que me fizera levantar,que era matar a minha fome e minha sede -Fi...fi...fiquem longe de mim,eu sou perigosa! -não soei tão convincente.

Ouvi uma risada,e bufei.

Avaliei as sombras mais uma vez.Elas se pareciam muito...comigo.

Minha barriga roncou de novo e fiquei meio tonta.Lutei para não desmaiar.

-Você está com fome não é? -o homem se pronunciou.Eles pareciam estar um pouco mais próximos,como se fossem chegando para perto de mim devagar -Olha,nós colocamos essas frutas e essa água,pode pegar,não tenha medo.

-Quem me garante que vocês não estão mentindo? -questionei,desconfiada.Meus olhos foram de encontro as frutas e a água que ficaram abandonadas por mim vizinho minha cama.Eu precisava delas.Acabaria cedendo cedo ou tarde -Vocês querem me matar!

O homem gargalhou de novo.Perguntei mentalmente a mim mesma qual era a dele.

-Tolinha,muito tolinha -ele disse,estalando a língua -Se quiséssemos te matar,tivemos treze dias de oportunidade,já que você ficou inconsciente durante dez deles e quando acordou,mal se mexia. -o homem fez uma pausa -Nós viemos aqui várias vezes e nos aproximamos,você era uma presa fácil. -continuou -Não queremos te machucar,acredite.Agora,coma.

-E por que eu faria isso? -disparei,virando a cabeça um pouco para o lado,apontando meu cajado na direção da sombra deles,o segurando em frente ao meu corpo com as duas mãos.

Não,se eles achavam que iam me apanhar,estavam muito enganados.Eu não ia cair na lábia de nenhum deles.Estava em um lugar que eu não conhecia com duas criaturas anônimas tentando me convencer a comer.Qual era a próxima?

-Você é teimosa -a mulher tomou a frente da conversa -Gostei disso.

Dessa vez,fiquei quieta.Talvez se eu me calasse eles fossem embora.