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— Toca aqui, anã! - grita James me girando começando a fazer meu corpo rodopiar no corredor.

Retardado! Eu não quero dançar!

Me solta, gigante! Eu te mato! - digo tentando bater em seu peito e ele começa a gargalhar. E os projetos de gente começam a parar pra ver o espetáculo.

— Vai matar teu coração? Assim você morre também, Lissa! - diz rindo e começa a dançar tango comigo no corredor.

O maior mico da minha vida, meu Deus, me ajuda!

Começo a rir e os murmúrios começam. Ah, lá vai bomba, só que eu é que vou explodir para acabar com todos. Muah!

— Ela mal chegou e já faz tudo para chamar atenção. - disse uma morena de cabelos lisos curtos. Não vou negar que os olhos dela eram lindos. Castanhos claros, para a sua pele achocolatada clara e seu corpo emoldurado. Ao seu lado estava uma branquinha de cabelos castanhos também lisos, de olhos escuros, baixinha.
Puxo James comigo que ri, já sabendo o que vai acontecer.

Paro em frente a garota e sorrio pra ela que encara meus olhos com um sorriso de lado.

— Hello! - tento ser educada cumprimentando e ela ri.

— Ahm, oi? - pergunta.

— Oi o quê? Não percebeu que estou te cumprimentando? - pergunto sorrindo e James ri.

— Ah, o respeito chegou hoje? - retrucou sorrindo e cruzou os braços.

Uh, gostei!

— Não chegou, bateu a porta, e não da minha casa, da sua. - pisco pra ela que ri sem graça enquanto ouvia os murmúrios das pessoas a nossa volta.

Essa gente não tem o que fazer!

— Você quer que eu tenha algum problema com você?

— Queridinha, você? Problema comigo? Eu estou nem aí. Eu estou cheia de problemas comigo mesma e não fico enchendo meu saco. - sorrio pra ela e James me dá um High-Five.

— Como vai encher seu saco se ele já tá cheio? - pergunta rindo e a garota baixinha ao seu lado cutuca o braço dela.

— Para, Elly. Vamos. - e com isso, a menina sai andando e eu rio.
A morena se vira indo embora e eu pego seu braço a puxando.

— Melissa. - estendo minha mão e ela sorri apertando a mesma.

— Ellyn.

Ela vai embora e James lança seu corpo pra cima de mim enrolando seu braço pelo meu pescoço.

— Quem diria que a Melissa Stuart se apresentaria a alguém de livre e espontânea vontade. Palmas meus senhores! - grita dramaticamente batendo palmas e as pessoas riem.

— Sai, seu idiota. Vamos embora! - sorrio e ele vem comigo.

— Exato, acertou em cheio. Seu idiota. - reviro os olhos e continuo andando. - E vamos embora pra onde? As aulas ainda não terminaram, sua doida.

— Ah, sim. - rio e ele revira os olhos. - Temos artes a seguir. E você terminou o meu desenho?

— O quê? Ah, claro, claro. Faz tempo, anã. Eu terminei ele antes mesmo de começar e...

— Você não terminou, não é? - pergunto e ele coloca a mão por trás da cabeça coçando a mesma.

— É.. Sim?! - coloca um sorriso amarelo no rosto e fecha os olhos.

— Eu também não fiz. - gargalho e ele bate a mão na testa.

O sinal bate e nós caminhámos rápido em direção a sala de artes. E, infelizmente, na nossa frente, estava nada mais e nada menos do que a Bella. No momento em que ela encarou James e ele retribuiu, eu me senti invisível, o olhar de um para o outro era intenso, o olhar da Bella emanava dor, arrependimento e... Amor?..
Mas o de James era raiva, dor e tristeza, a tensão estava no ar, e só pelo olhar de ambos eu consegui ver tantos sentimentos... eu não queria me intrometer entre eles, mas se eu não fizesse nada, um deles acabaria por ficar mal, se não ambos.

Apertei o ombro de James e ele finalmente desviou o olhar pra mim, dando um sorriso fraco e sem trocar uma palavra com a garota de cabeça baixa que se encontrava a sua frente, ele passou por ela me levando junto e entrou na sala. Antes que eu passasse por Bella, toquei seu ombro e dei um sorriso de lado e ela apenas retribuiu.

— Desculpa... - sussurrei e ela assentiu caminhando fazendo meu braço cair. Entrei na sala vendo a professora Diana com um sorriso no rosto.

Sentei-me na minha carteira e fiquei encarando a janela esperando que o restante da turma chegasse.

— Muito bem alunos. O sinal bateu, quem não entrou, que fique fora da sala, e quem está aqui dentro, que a aula comece! - diz fechando a porta.
Alguns alunos batiam na porta pedindo licença, mas a única coisa que ela disse foi:

— Se quiserem reprovar a minha disciplina, entrem e repitam o ano. - as batidas cessaram e ela sorriu. Um sorriso escapou dos meus lábios e ela me encarou rindo.
— Eu sei que muitos de vocês não terminaram os trabalhos, ou melhor, nem tocaram nele. Para vossa sorte, hoje não será a apresentação do trabalho e sim na próxima aula. Antes que perguntem, hoje será a demonstração de talento, quero que em menos de 20 minutos façam o rascunho do vosso maior sonho e depois com o tempo restante, farão o rascunho transformar-se numa obra de arte. O melhor trabalho receberá um "Excelente" já formando a nota trimestral. Ao trabalho!

E assim ela liga o notebook começando a digitar. A primeira imagem que apareceu en minha mente foi... Uma mulher e uma criança, ambas olhavam uma para a outra e através do olhar delas era capaz de ver-se o amor e carinho que ambas partilhavam uma pela outra. Um jardim vivo como o fundo da pintura, o sol brilhava e o céu azulado estava limpo de nuvens, as várias flores já estavam florescidas e as borboletas voavam entre o par de mãe e filha que estava no jardim de mãos dadas.

E assim, me pus ao trabalho. Por mais que eu odiasse... Era em Miranda que eu estava pensando, esse era um dos meus maiores sonhos, um dia de mãe e filha normal, quando eu era apenas uma pequena garota, quando eu queria que ela me abraçasse como se o mundo estivesse acabando, que ela agarrasse na minha mão para caminharmos juntas, que fôssemos ao shopping fazer compras para uma festa na minha adolescência, que quando eu tivesse minha primeira paixoneta eu pudesse contar pra ela, alguém para tratar de mim, pentear meu cabelo, colocar maquiagem no meu rosto, ter um dia de beleza, me ensinar a cozinhar, para me ajudar na minha primeira mestruação.... Crescer sem uma figura materna foi o meu pior pesadelo... Claro que eu tive Susan, tive um irmão, mas a falta da minha mãe biológica que eu vi me abandonar foi horrível.

E por mais que eu negue, eu ainda a amo e sempre amarei.
Dói, dói e arde como o inferno essa dor no meu peito, mas eu suporto todos os dias ao encarar seu rosto e me repreender de a querer abraçar e perdoar seus erros.

Afinal de contas... Eu só quero e sempre quis amor...

Apenas Outra Garota | Reescrevendo |Onde as histórias ganham vida. Descobre agora