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- Olha que maquiavélica, chica. - ele diz voltando a atenção para o desenho e eu automaticamente rio.

- Para de me chamar de chica!! - digo revirando os olhos e ele sorri. Ignoro-o e volto a minha atenção para o desenho. - Porém sim, ainda tem muito por vir.

- Não esperava menos de você, Becca. - ele literalmente canta a frase, e eu me arrepio por inteira, era como se uma enorme nostalgia tivesse invadido meu corpo, algo nele, na sua voz... O que foi isso? Como ele sabe sobre mim?
E essa voz, eu conheço essa voz...

- Quem é Becca? - pergunto erguendo uma sobrancelha. Ele desata a gargalhar e os olhares são todos dirigidos para nós, seguidos de murmúrios idiotas que nem valem a pena o comentário.
Ele me encara sério depois da sua crise e estende seu braço na minha direção. Eu estava muito confusa, não estava entendendo coisa nenhuma. Quem diabos era ele?

Meu corpo estava consumido por medo, nostalgia, e tantos outros sentimentos estranhos que eu nem sei descrever, mas o mais engraçado era que estavam me trazendo um conforto desconhecido e quem transmitia isso era, nem mais nem menos, do que um desconhecido. No momento em que ele destapou seu braço, puxando sua jaqueta preta e deixando o mesmo nu, eu congelei, era como se tudo, simplesmente tudo tivesse parado, o tempo, o barulho, e até o meu coração, sim eu admito que tenho esse órgão problemático, infelizmente, sim.

Em seu braço estava escrito, em forma de tatuagem, o nome Logan Stuart... Quem é ele? Logan é, como o nome já diz, meu pai, a única pessoa que existe pra mim na face dessa bola redonda que as pessoas chamam de Earth, bom, que existiu...

Meus olhos são preenchidos de lágrimas, e eu direciono meu olhar para a imensidão azul que eram os olhos de Henry, ele ainda se mantinha sério, apenas assentiu olhando pra mim, e contraiu os lábios. Senti as lágrimas rolarem pelas minhas bochechas esquentando o local.

Eu precisava de explicações, precisava rapidamente, e ele pareceu perceber isso, pois, rapidamente e discretamente chamou a professora que caminhou até nós preocupada. Eu virei o rosto em direção a janela e baixei a cabeça fazendo meu cabelo cair e impossibilitando a visão do meu rosto. Henry pede a professora permissão para sair da aula, que é concedida na mesma hora.

— Venha, Mel. - ele chama e eu me levanto sem abrir a boca. Ele me puxa pra si, e eu não resisto, apenas caminho em direção a porta com o cabelo tapando minha cara. Quando saímos da sala, sinto o silêncio preencher meus ouvidos e o vento soprar na minha direção secando as mínimas da minhas lágrimas e esfriando meu rosto.

— Para a quadra. - sussurro e ele caminha rapidamente comigo, até a quadra. Neste momento, ninguém se encontrava lá, todos estavam em suas devidas salas tendo as respectivas aulas, por isso, quando sentei na última fila da arquibancada com o ruivo, me permiti desabar, literalmente. Há anos que eu não via em lugar algum, o nome do meu pai. Logan... Era só pensar no nome que toda a tragédia se repetia na minha cabeça, o som do tiro, o olhar de dor e solidão que ele carregava, o sangue...

— Eu acho que te devo uma explicação, Becca. - ele diz mantendo a cabeça baixa. Devagar, ele a ergue e seus olhos encaram o nada, parecia que tentava se lembrar de algo, e também estava confuso.

— Ainda acha? - rio cínica e reviro os olhos cruzando os braços.

— Você e esse seu jeito. - ele ri e abana a cabeça. Eu lhe lanço o meu olhar do Chucky e ele contém o riso tentando se manter sério. Ele se aproxima e limpa as restantes das minhas lágrimas e eu acabo por sorrir.

— Posso começar?

— Já deveria estar terminando! - me encosto na cadeira e deixo meu corpo relaxar.

— Muito bem, bom, acho que você vai se lembrar de um menino loiro de olhos azuis que queria ser o Capitão América, amava praticar todos os desportos possíveis, porém preferia sempre ouvir a música Smooth Criminal do Michael Jackson enquanto uma loirinha baixinha de olhos esverdeados cantarolava usando o remote da TV como microfone e um musculado de 29 anos, com cabelos loiros acastanhados e olhos verdes, com a barba pra fazer, encarava a garotinha que saltitava e cantava, sorrindo de um lado para o outro. A garotinha dizia que queria cantar e ser famosa com a sua música, queria deixar as pessoas felizes com a sua voz, e seu nome para o mundo seria Becca, o nome da irmã do seu pai que para a garotinha loira, foi a mãe que ela sempre quis ter.

Ele termina de falar e eu me apercebo que estava chorando e sorrindo da maneira mais boba possível. Não era dor que eu sentia, bom, claro que estava sentindo, mas neste momento, a emoção e a felicidade era o que me preenchia, foi nesse momento que eu me apercebi de algo que tinha sido completamente apagado da minha memória. Era como uma lembrança que foi tirada de mim, como se essa pessoa tivesse sido apagada de tudo na minha vida, mas agora estava tão claro que me apetecia chorar sem parar, chorar, pela primeira vez em anos, de felicidade.

— Agora você entende, Melissa Becca Stuart? - ele pergunta também com lágrimas nos olhos. Jamais pensei em rever esse rosto, jamais pensei em estar falando e ouvindo a voz desse ser humano, e jamais pensei poder reaver lembranças tão lindas do meu passado. Era ele, eu não tinha dúvidas.

— James Stuart?! - mais afirmo do que pergunto e ele assente entre lágrimas.














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