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Melissa Stuart

— Hey, espera! - consegui ouvir os passos apressados dele correndo na minha direção e apenas tentei ignorar, colocando rapidamente meus fones e começando a andar um pouco mais rápido.
O garoto do avião logo me alcançou, automaticamente acabei por revirar os olhos ainda sem o encarar, acelerando ainda mais meus passos, mas ele não largava do meu pé, ficando lado a lado comigo, numa correria engraçada. E, como eu já esperava, ele retira os fones dos meus ouvidos.

— Qual é, moço? - arranco meu fones da mão dele.

— Você poderia falar comigo, antes de ir embora? - ele tenta me incentivar e eu, acho que até já imaginaram, como sempre, apenas reviro os olhos.

— E se eu não quiser?

— Não posso te obrigar. - ele diz sem pensar, comprimindo os lábios.

Byee!

— Okay, ainda bem! - sorrio para ele e começo a correr, mas antes que eu entrasse na sala de desembarque, consigo ouvir de leve um pequeno "Barbie", e automaticamente acabo por sorrir. Entro na sala de desembarque para levar as bagagens.

Isso vai demorar.

O mecanismo passava as várias malas e pastas, muitos retiravam o que lhes pertencia e iam embora, eu apenas encarava apressada todos os lados para ver se tinha sinal de algo que era meu, porém não via absolutamente nada. O congestionamento de pessoas foi aos poucos se dissipando e depois de mais alguns minutos eu consegui ver as minhas malas vindo até mim, porém não esperei e fui apressada até lá, pegando as mesmas e me dirigindo para a saída. 
Olho uma última vez para trás, na direção de que vim e vejo o garoto do avião procurando a sua bagagem, também. Desvio meu olhar e puxo minhas malas seguindo na direção que deveria, enquanto as portas com censor abriam me dando passagem.

Procurei a placa que estaria com meu nome escrito, esperando não ter mais nenhuma garota com o nome de Melissa nesse aeroporto. E ali estavam dois caras fardados em ternos pretos enquanto um estava com uma placa grande com o meu nome escrito.

Que exagero, eu poderia ter pegado um táxi.

Mordi o lábio inferior contendo a vontade enorme de revirar os olhos e caminhei na direção dos homens em preto, - MIB, bem na minha frente -  passando pelas pessoas que andavam de um lado para o outro apressadas, outras abraçavam-se de um jeito que dava inveja, casais que pareciam se reencontrar depois de muito tempo, alguns choravam, outros riam. O afeto que transmitiam era algo de se invejar.

— Lissa! - a voz doce e madura da minha mãe preenche meus ouvidos. Minha atenção é dirigida para a direção de onde sua voz ecoou e vejo a mesma andando graciosamente na minha direção, ela tem um sorriso enorme estampado no rosto, que parecia ser de verdade. Miranda é uma mulher linda, isso ninguém pode negar, seu corpo definido dava inveja até as mocinhas de hoje em dia, era bem estruturado, nada muito exagerado, mas era lindo para uma mulher de quase 40, seus cabelos castanhos e loiros bem cuidados a deixavam mais jovem e a sua pele que tinha sinais de envelhecimento não a deixava menos bonita, com seus lindos olhos castanhos esverdeados.

Seus braços foram abertos e eu pude ver que ela realmente esperava que eu corresse na sua direção e a abraçasse do jeito mais clichê possível. Por mais que eu quisesse sorrir e chorar no seu ombro por ter ficado vários anos sem ela, sem ver seu rosto, sem sentir seu cheiro doce, não consegui, meu corpo afastou meus sentimentos e deixou a minha expressão séria.

Cheguei até o seu encontro e apenas continuei a andar, passando por baixo do seu braço esquerdo esticado, como se não a conhecesse e parando diante dos dois seguranças que me agurdavam. Ao passar por baixo de seu braço eu senti seu cheiro irromper o meu olfato e se bem me lembro, continuava o mesmo. Deixo minhas malas no mesmo lugar onde estava parada e ignoro completamente a senhora que um dia eu cheguei a chamar de mãe. Cumprimentei os senhores que me encaravam um tanto confusos e sorri para os mesmos que levaram as minhas malas me guiando até o carro, depois de retribuírem o cumprimento.
Segui até a porta do carro, onde o motorista nos esperava com a porta aberta - exagero - e sem o que fazer, apenas entro e me sento esperando ele colocar o carro a trabalhar e seguir em direção a mais nova casa que nos aguardava,
Ouço o barulho dos saltos de Miranda vindo na direção do carro, ela entra e se senta a minha frente, e me encara com um sorriso triste nos lábios.

Apenas Outra Garota | Reescrevendo |Onde as histórias ganham vida. Descobre agora