— Ela é uma prostituta, Adrien. O que te faz pensar que todo esse tempo ela não estava atrás do seu dinheiro?

Eu sabia que ela estava pensando aquilo, assim como eu. Se já havia acontecido com uma mulher no passado, uma mulher que aparentemente se encaixava na mesma "posição" de Alya, e não de Marinette, as chances dessa mesma estratégia ser utilizada como forma de sedução e posterior golpe do baú por uma garota de programa querendo mudar de vida poderiam ser ainda maiores. E enquanto meu lado racional insistia em manter essa dúvida pertinente viva dentro de mim, meu lado romântico e apaixonado, esquecido por tanto tempo, insistia em me fazer pensar que talvez, talvez ela tivesse falado a verdade quando disse que me queria por perto. Quando disse que eu havia sido a melhor coisa que havia acontecido na vida dela.

Eu estava falhando outra vez. Estava me rendendo à inocência, à estupidez, e outra vez cometia o erro que me fez tanto mal há alguns anos atrás. Eu não era forte o suficiente para cair de novo, por isso sabia que precisava resistir a qualquer ideia tentadora. Mas não havia como negar que era igualmente fraco para conseguir manter aquela situação como estava: Eu não conseguia esquecê-la, não conseguia deixar de querê-la, não conseguia arrancá-la de mim. Eu permiti que ela entrasse na minha vida com uma força desconhecida, e só agora, tentando afastá-la, eu sabia a intensidade disso tudo.

— Alya... — Comecei, me sentindo ser invadido por aquela conhecida tristeza que me fazia companhia por todo esse tempo — Eu não sei mais o que fazer. Simplesmente não sei. Eu tentei não gostar dela, mas não tem como... não tem como não gostar...

Ela continuou olhando para mim, agora com um inconfundível traço de pena em sua expressão, e eu sabia que ela não me daria conselhos os quais eu quisesse ouvir. Eu sabia que ela pensava igual a mim, sabia que ela achava que o melhor para mim, no momento, era continuar longe de Marinette. Mas meu coração insistia em me dizer que não era.

— Por incrível que pareça, eu não sei o que te falar, Adrien... simplesmente não posso te ajudar.

Eu não esperava que ela pudesse. Na verdade, o único motivo pelo qual eu queria Alya por perto era para poder finalmente desabafar com alguém todas essas coisas que me atormentavam. Como imaginei, me senti mais leve por todas as confissões feitas, embora estivesse um pouco mais machucado do que antes, tanto por tocar nesse assunto como por ter certeza que Alya não tinha nada para me dizer.

Não poder contar com seus conselhos me deixava um pouco sem rumo, porque não havia nenhuma situação difícil sequer em minha vida à qual ela não estivesse ligada, me dando conselhos ou me passando sermões. A diferença era que, agora, o assunto era um pouco mais delicado. Ao mesmo tempo que eu sabia que ela também achava que eu deveria me afastar de Marinette, eu sabia que ela não falaria isso com todas as letras, porque ela tinha ciência de que iria me machucar. Assim, não restava nada a ela além de não tomar partido, o que só fazia com que meu desespero tomasse proporções ainda maiores.

A olhei sem saber o que dizer, esperando, por um milagre, que Alya resolvesse mudar de ideia e me mandar ir atrás dela. Mas ela não faria isso.

— Volte para o escritório. Eu sei que é a última coisa que você quer, mas talvez isso ajude. Ocupe-se. Minha mãe costuma dizer que uma cabeça vazia é a oficina do diabo.

— Eu não consigo...

— Consegue. Você vinha sendo um diretor muito melhor nos últimos tempos. Sei que consegue assumir esse papel outra vez.

— Não consigo, Alya. Não consigo me concentrar em nada. Nunca me senti tão perdido assim...

— Nem com Sarah?

Eu sabia o que ela estava fazendo. Ela estava usando a tática do choque, onde, me lembrando de todas as merdas do meu passado e das tristezas que eu passei, faria com que eu imediatamente notasse que aquilo pelo que passava agora não era assim tão ruim.

Suddenly in Love ♡ AdrienetteWhere stories live. Discover now