Fiquei pensando em que ocasião manter uma amizade com uma das garotas da Maison prejudicaria alguém. Não seria o caso para mim, já que eu realmente gostava da companhia dela. Não seria o caso de Mari, porque, até onde eu sabia, ela também gostava de minha companhia, se eu fosse tomar suas próprias palavras como indicação disso. Também não seria o caso de Nathalie, porque nada do que se passava entre nós atrapalharia seus negócios, muito pelo contrário.

Caminhei para as escadas que davam para o corredor dos quartos, enquanto ainda tentava entender o "conselho" que Nathalie acabara de me dar. Não sei o quanto aquilo tudo afetava a ela. Percebi algo indecifrável em sua expressão por alguns segundos, mas esperava que seja lá o que fosse, não afetasse o suficiente para que ela se sentisse no direito de interferir no relacionamento que Mari e eu tínhamos agora. Se ela tentasse fazer isso, nós teríamos problemas com toda certeza.

Cheguei à porta de seu quarto e bati, esperando por uma resposta. Uma voz abafada saiu de lá de dentro, me pedindo para que entrasse, então o fiz.

Marinette estava sentada na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, segurando um livro agora fechado que eu identifiquei como sendo o mesmo que ela lia quando a encontrei no parque. Vestia um short vermelho e um casaco preto, tão grande nela que parecia pertencer a alguém três vezes maior.

Ela me encarou com um sorriso largo e verdadeiro, tão lindo que eu tive que retribuir.

— Olá — Comecei, trancando a porta atrás de mim e caminhando até ela. — Desculpa interromper sua leitura.

— Não está interrompendo. Estou lendo o dia inteiro, é bom parar um pouco.

Ela colocou o livro em cima da mesa de cabeceira ao seu lado, voltando para mim ainda com aquele sorriso. Não consegui desprender os olhos dela, ficando em silêncio por algum tempo enquanto admirava a luz que sua aparente alegria conseguia emanar.

— Está contente? — Consegui enfim dizer, saindo um pouco do transe e indo me sentar ao seu lado na cama de casal, depois de tirar os sapatos.

— Você nem imagina o quanto. Não faz ideia como é bom não ter que descer lá. Obrigada.

Sorri por saber que ela estava mesmo feliz, e me senti bem em constatar que fora meu ato que havia feito com que ela pudesse dar aquele sorriso.

— Caramba, você fica mesmo ainda mais linda sorrindo — Eu disse, enquanto tentava afrouxar e tirar minha gravata sem desfazer o nó.

— Bom, eu tenho bons motivos p'ra estar feliz. Quer que eu te ajude?

Sem esperar pela minha resposta, ela já me ajudava a afrouxar mais a gravata, e meu instinto achou melhor agir imediatamente.

— Não senhora. Eu sei bem o que as suas mãos e essa sua carinha de inocente são capazes de fazer — Falei em tom de brincadeira, enquanto afastava suas mãos de mim.

— Ei, só estou sendo gentil! — Ela falou, fingindo estar magoada.

— Seja gentil sem encostar em mim, sua provocadorazinha.

Marinette fez uma careta e cruzou os braços no peito, ainda sorrindo.

— Então, o que pretende fazer comigo essa noite, gatinho?

— Podemos fazer uma infinidade de coisas. Por exemplo, estudar a Revolução Russa.

Ela riu, uma pequena gargalhada, e o som levemente rouco e fofo fez com que eu sorrisse de novo. Eu tinha que me lembrar de deixá-la alegre com mais frequência, porque sua alegria era adorável e completamente contagiante.

Suddenly in Love ♡ AdrienetteWhere stories live. Discover now