Porra, como diabos você se chama? Letícia? Melissa?

— Hmmmmpf?

— Você tem que ir. Eu tenho que ir! Já são quase 12h, tenho compromissos na empresa e minha assessora vai me matar!

Procurei por seu vestido no chão enquanto tentava falar. Ao achá-lo do avesso, virei-o do lado certo e o entreguei a ela. Graças a Deus a garota obedeceu, cambaleando para o banheiro com o vestido nas mãos enquanto não me dava a mínima atenção.

Segui para a cozinha à procura de algum analgésico ou qualquer coisa antirressaca que encontrasse. Ouvi meu celular tocando baixo, mesmo minha audição estando comprometida com um zumbido irritante e ensurdecedor. Fui até a sala e identifiquei que o som vinha da massa de roupas no chão.

Ah, no bolso das minhas calças. Da noite anterior.

Soltei um gemido ao abaixar para pegar o aparelho.

— Alô.

Senhor Agreste. Fico feliz em saber que o senhor está vivo.

— Desculpa, Alya...

O senhor está atrasado. Espero que já esteja a caminho.

— Eu... me dê mais uns vinte minutos que chego aí, ok?

Estarei cronometrando, senhor.

E desligou.

Ela estava muito puta.

Aproveitei para pegar a carteira e as chaves ali também. Voltei para a cozinha e sentei no balcão, repousando a cabeça nas mãos. Algum tempo depois, o que poderiam ter sido minutos ou horas, a mocinha misteriosa juntou-se a mim.

— Bom dia. — Ela mantinha o sorriso no rosto enquanto me olhava.

— Oi... Você quer uma carona? Para algum lugar?

— Eu gostaria, mas não acho que você esteja em condições de dirigir.

— É, acho que não estou. — Concordei com tristeza — Vou pegar um táxi e você pode aproveitar a corrida.

— Nossa, você está mesmo me expulsando assim?

— Não estou expulsando, só preciso trabalhar. Se eu demorar mais que vinte minutos até lá tenho sérias dúvidas se minha assessora vai conseguir segurar o impulso de me atacar com uma tesoura quando chegar.

Ela bufou.

— Olha... Maité... — Comecei.

— Mirella.

Isso, porra! Mirella!

— Mirella... a noite de ontem foi muito legal...

Ela continuou me olhando, me forçando a terminar aquela sentença.

— Mas, você sabe... foi casual. Nós não teremos nada mais que isso.

— Eu sei disso, não sou imbecil. Mas isso não significa que eu não possa tomar um café da manhã. Não estou pedindo as chaves do seu apartamento, só queria que você me desse dez minutos.

Ok, eu não ia discutir com ela. Fiz um sinal com a cabeça e deixei-a explorar minha cozinha enquanto voltava a repousar minha cabeça nas mãos. Eu sabia que esse atraso adicional traria consequências trágicas ao meu dia: Alya se vingaria de mim, me escalpelando ou, o que era pior, inventando alguma desculpa para me deixar ir às reuniões sozinho.

O dia seria promissor.

[...]

Alya me ignorou o dia inteiro como se eu fosse um grão de poeira passeando pela sala. Quando eu tentava puxar algum assunto ela era a mais monossilábica possível, afirmando que estava muito ocupada para papo furado.

Suddenly in Love ♡ AdrienetteWhere stories live. Discover now