Golden

6 - As memórias que machucam

— E foi assim que aconteceu.

Yoongi terminava de contar a história da noite que Jin morreu e Yumi o olhava com o coração apertado.

— Sinto muito, Yoongi... — Disse ela. — Eu não devia ter perguntado, sinto muito mesmo por Jin e por ter tocado nesse assunto.

— Na verdade, eu tô aliviado por falar isso. — Ele esboçou um fraco sorriso. — Jin era muito querido pelo nosso grupo e, depois da morte dele, ninguém teve coragem de tocar no assunto. Nós só nos fechamos e nunca falamos sobre. É bom colocar isso pra fora agora.

Yumi sorriu fraco e assentiu. Yoongi tornou a se sentar na cadeira do lado do balcão e ficou em silêncio mexendo no celular. A garota resolveu começar a fazer uma das funções que Namjoon a designou, então pegou uma caixa atrás do balcão com alguns produtos e começou a colocá-los na prateleira. Minutos de silêncio torturantes foi quebrado com a portinha dos fundos se abrindo novamente. Namjoon saiu de lá com o rosto cansado e vermelho, e Yumi e Yoongi o encararam em silêncio.

— Yoongi, — Namjoon o chamou sem olhar para ele. — Jungkook me ligou e disse que estava tentando te mandar mensagem pra buscar ele.

— Ah, droga. — Ele se levantou. — Meu celular tá sem internet.

— Pode ficar aí, eu busco ele. — Disse Namjoon. — Quero dirigir para espairecer a mente.

— Certo... — Yoongi, com um semblante triste, tornou a se sentar.

— Você pode cuidar da loja e do posto sozinha, Yumi? — Perguntou ele olhando para a garota. — Sei que é seu primeiro dia mas...

— Posso sim. — Ela o interrompeu. — Não se preocupe, pode ir.

Ele assentiu e virou de costas para a garota, indo em direção à Yoongi e pegando a chave da caminhonete. Quando ele saiu da loja e foi em direção ao carro, Yumi, sentindo-se culpada por ter tocado naquele assunto, saiu do estabelecimento e foi até ele.

— Ei, Namjoon! — Ela o chamou e ele virou para trás ao abrir a porta. Eles se encararam por alguns segundos até que Yumi finalmente disse: — Sinto muito.

Namjoon sorriu fraco e entrou no carro. Segundos depois já tinha dado partida e saído do posto. Yumi voltou para dentro e voltou a exercer sua função.

— Ele não está bravo com você. — Disse Yoongi. — Nem magoado.

— Eu acho que eu é que estou brava comigo. — Respondeu Yumi. — Por ter tocado nesse assunto.

— Você não sabia. Não tinha como saber. — Respondeu ele. — Às vezes eu acho que a gente finge que ele não morreu, que só não aparece mais, mas que ainda está vivo.

— É normal sentir isso.

— Não depois de dois anos. Já faz muito tempo que esperamos Jin entrar por aquela porta de vidro.

— Mas você pode olhar para ele todo dia. — Disse Yumi.

— O que quer dizer? — Perguntou Yoongi, confuso.

— Olhe só para esse mural. — Ela o apontou. — Tantas fotos do Jin em momentos felizes do grupo. Você pode reviver as memórias todo dia olhando para elas.

— Não é a mesma coisa.

— Nunca vai ser a mesma coisa. — Ela se aproximou dele. — Mas é alguma coisa.

Ele sorriu fraco e se levantou para olhar o mural. Segundos depois, Yumi tornou a falar.

— Sabe por que eu vim aqui? — Perguntou.