STAR - de onde surgem as estrelas - Livro 1

Capítulo 35 - Caça ou Caçador?

   Kerman fitou o horizonte e pensou "Abra os braços, corra o mais rápido possível até que o chão não seja mais o suficiente" mas algo ainda a bloqueava de conseguir voar ou apenas levitar como agora a pouco. "Você é tão boa psicóloga aqui quanto é usando seus poderes na terra" seus amigos a disseram quando ela chegou. Mas que poderes? Ela sabia que em seus sonhos tudo parecia mais fácil, ela voaria instantaneamente apenas para não bater no chão, apenas para não acordar agora, porque seu corpo estava tão cansado da sua rotina diária que a sua mente não a permitia acordar, mas ela estava em Thartan há tanto tempo que seu corpo terrestre já havia descansado demais! De certo que qualquer coisa a acordaria agora! Pior seria morrer agora! Todas as pessoas que ela poderia ter salvo...Não! Pensar isso não é uma opção! Pensar não é mais uma opção!

-Quando eu penso as coisas dão errado! Então é hora de eu ativar meus instintos! - Ela disse a si mesma.

   Então ela abriu os braços e começou a mexer as pernas como se estivesse correndo "até que o chão não seja mais o suficiente" ela pensava e focou só aí o seu pensamento. Antes que percebesse ela estava pairando no ar. Um tipo de energia diferente percorria seu corpo! Não era como uma adrenalina comum, era como se o sangue de Thartan estivesse agora em si! Todo o planeta dependia do sucesso dela nessa missão, e tudo bem que empatasse, vencer o desempate seria o verdadeiro foco! Agora ela tinha que encontrar o castelo da Rachel.
   Após voar um pouco e não chegar a lugar nenhum Kerman se incomodou. Olhou em seu relógio e o cronômetro estava marcando quarenta minutos! Era tudo o que ela tinha até chegar ao castelo e recuperar os pais de Jace, mas nem sinal de vida alguma há milhas dali!

-Scoot! - ela chamou mais uma vez.
-Oi Sam! Que bom saber que você perdeu o medo de altura!
-Que perdi o quê rapaz? Eu tô me cagando de medo aqui em cima, mas faz um tempo que tô sobrevoando toda a área e nem sinal de vida, de castelo, de nada! A que distância está o castelo do leste?
-Tá brincando né? Está há dez minutos atrás de nós!
-Não temos todo esse tempo pra gastar! Acabei de vir de lá e não tinha nada! Só água, água e mais água!
-Não é atoa que a Rachel é a rainha do mar! O castelo dela fica submerso!
-Por isso não enxerguei! Então como os pais da Jéssica estão respirando lá embaixo? - Kerman perguntou dando meia volta e Scoot a acompanhou indo na frente para guiar.
-Dentro do castelo tem ar! Eu vou te acompanhar até o ponto alto e depois me recolherei para dentro da pedra! Pássaros não nadam nem em sonhos!
-Tudo bem!

   Voaram por cerca de dez minutos quando Scoot parou sobre um local e começou a planar em círculos como um urubu. Ele sinalizou e Kerman soube que logo ali abaixo estavam os pais de Jéssica. Mais uma checada no relógio e faltavam meia hora! O cronômetro não parava! Ela encostou os pés sobre a água e parou um instante, agradeceu ao Scoot que se retirou para dentro da pedra do ar e em seguida recolheu as asas. Imediatamente seu corpo afundou e ela pôde ver a maravilha que era o reino aquático de Thartan. O reino leste era mesmo muito bonito.
   Peixes passeavam para todos os lados, algas e corais enfeitavam o local. Lá embaixo um castelo feito de corais externamente totalmente verde com portões dourados na entrada e janelas de vidro. Kerman começou a nadar em direção ao castelo, mas foi interrompida por uma voz que vinha de trás de si.

-Olá maninha! Não imaginei que fosse chegar tão longe!

   Kerman se virou e atrás de si pôde ver uma garota de óculos cabelo azul esverdeado, roupa verde com detalhes azuis, luvas, botas, um relógio no pulso direito e uma adaga na mão esquerda. Seu olhar era sombrio e maligno por baixo dos óculos e seu sorriso parecia o mais falso possível. Ela estava bem acima de Kerman e começou a se aproximar sem nem nadar pra isso.

-Escuta, você tem bem pouco tempo, mas não se preocupe eu não quero brigar com você! - Ela falou e bolhas saíram de sua boca mas apesar de estarem debaixo d'água Kerman pôde escutar normalmente, assim como notou em seu pescoço uma gota d'água que parecia feita de cristal. - Sam, eu não sei onde estava com a cabeça quando mergulhou aqui, mas com certeza ela não estava acima do pescoço! Eu não vou deixar você respirar! Não até que você perca a consciência.