Capítulo 2 - Andorian

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   Jace enfiou a mão em sua bolsa e puxou um relógio dourado com detalhes prateados esticou o braço e entregou a Kerman que segurou firmemente não só o relógio como a mão da secretária. Jace por sua vez puxou a mão deixando o relógio, olhou os dois lados, fechou os arquivos, pegou a bolsa e disse:

-Vamos!
-Se importa em colocar pra mim?
-Não! Vira o braço.

   Kerman esticou o braço e Jace colocou o relógio. Kerman olhou e eram doze e vinte e cinco. Ela tinha cinco minutos para chegar ao restaurante.

-Se desistir de tudo como desistiu de ver a lista, não vai muito longe.
-Eu sou dez de vinte e cinco. Não cheguei aqui desistindo. Eu nunca quis ver a agenda, perguntei se podia só pra saber se é confidencial, na verdade não ser confidencial me preocupa. Se posso ver a agenda do Terrence ele pode ver a minha?
-Se acha que eu permitiria não é tão boa como falam... -
As duas conversavam enquanto saiam do escritório.

-Ora Jace. Não entendo o que tanto esperam de mim...não consigo nem escrever meus livros à noite, ouço problemas dos outros o dia inteiro e ainda acham que sou digna de ser chamada de 'a melhor'. Ninguém nem me perguntou se gosto de tudo isso, mas o mundo é assim...te dão um título e não se importam se gosta dele ou não. Enquanto isso, várias pessoas te invejam e querem estar no seu lugar, mas se eu pudesse...daria minha vida a qualquer delas.
-Sua vida é tão ruim assim?
-Não! Minha vida é boa demais pra mim.
-Taí uma coisa que eu não entendo. Quem tem não quer ter, mas quem não tem quer. O ser humano devia ser estudado pela NASA!
-Acho que só os brasileiros.
-É brasileira?
-Falo inglês tão bem? Ah, chegamos.

Entraram no restaurante e pediram uma mesa.
-O que quer comer? - Kerman perguntou.
-Qualquer coisa não saudável que me faça morrer antes dos trinta anos sem que eu precise levar um tiro de um bandido qualquer que estará assaltando um banco na hora que eu for sacar dinheiro, ou atropelada por um carro saindo de qualquer lugar a qualquer hora.

Kerman riu da fala de Jéssica e em seguida proseguiu:
-Garçom!
   O garçom cruzou o salão usando patins estilosos e fazendo manobras engraçadas e surpreendentes.
-Acha que esse cara queria trabalhar assim? - Jace perguntou e as duas riram.
-Em que posso ajudar? - ele chegou perguntando.
-Quero quatro dos seus melhores pratos. E a bebida que me sugerir.
-Então devo servir-lhe...
-Não! O que é isso? Não quero saber o que vamos comer ou beber! Só traga.
   O garçom sorriu e saiu patinando seus malabarismos. Logo o garoto misterioso apontou na porta, Kerman intimidada parou de sorrir.
-Algum problema? - Jace perguntou.
-Nosso convidado chegou, mas tecnicamente, ele me convidou.
-Me convidou pra um encontro com um cara? Tenho cara de vela? - Jace perguntou levantando-se.
-Acalme-se Jace, é uma reunião de negócios, não um encontro. Não tenho tempo para relacionamentos.
-Ah! Perdoe-me!
-Okay, foi a gota d'água! Está definitivamente proibida de me pedir perdão!
-Posso interromper as duas senhoritas? - o garoto misterioso perguntou. - Vou apresentar meu amigo, ele se chama Thomas e é meu segurança particular. Não achei viável confiar em alguém que não confia em mim.
-Considerando o fato de que me conhece e eu não te conheço...
-Ah conhece sim. Senta Tom. - o garoto falou e os dois sentaram.
-Tudo bem, o que quer?
-Almoçar! Ou não teria lhe convidado para um almoço. Vamos pedir?
-Tomei a liberdade de pedir por todos nós! É alérgico a alguma coisa?
-Nao sei, sou?
-Devo insistir que não lhe conheço senhor.

   Jace e Tom olhavam os dois discutindo atentamente.
-Pois deveria conhecer só de olhar. Me olhei no espelho hoje de manhã e acho que não estou tão diferente de quando nos vimos pela última vez. Claro que alguns centímetros a mais e mais branco não sei porquê, mas nada demais.
-Devíamos ser crianças pra eu não lembrar. Tenho uma boa memória!
-Tipo como lembrou hoje de manhã que o café estava no fogo? Lembrou de deixar seu relógio em casa? Ou como lembrou mais tarde quem eu sou e sobre o EDN?
-O que sabe sobre isso?
-Sei que vim de lá! E que preciso da sua ajuda para recuperar minha casa e meus amigos.
-Não pode ter vindo de lá, ou...será que pode?
-De onde eu venho, nos chamam de estrelas, talvez um privilégio por termos salvado o mundo. Ou tentado sei lá...
-Perai, eles salvaram a Terra? - Jace pergunta.
-A Terra não fofa. - Tom respondeu - Nós salvamos a nossa terra, que tem outro nome bem parecido.
-Eles salvaram Thartan! Quer dizer, estão tentando me convencer de que saíram de um livro que comecei a escrever e... Não consegui terminar.
-O que lhe impediu? Crescemos lá dentro esperando apenas você escrever fim!
-Se a história terminasse...eu perderia vocês! Eu perderia minha vontade de escrever outras coisas.
-Já perdeu Kerman! Na verdade, perdeu a vontade de fazer qualquer coisa. O que te distraiu? O que fez com que mudasse?
-Ela se apaixonou Jhon! - Tom respondeu - E eu acho que sabe como é isso.
-Espera aí...Adam Semi? Controlador do ar? Então você é Thomas Anderson! E a Solária? E a Rachel? - No fundo Kerman se perguntava se acreditava mesmo em tudo isso.
-Nossa, ela lembrou de tudinho agora em Adam! - Tom falou enquanto Adam, o garoto não mais misterioso, o olhava com uma cara de "pra quê eu te trouxe?"
-Não olhe para ele assim Jhon Adam Semi! - Kerman interrompeu.
-Se eu não tivesse sido escrito pra não me estressar com nada você veria Tom!
-Estamos na Terra, não precisa agir como o script.

STAR - de onde surgem as estrelas - Livro 1Where stories live. Discover now