LOST BOY (a camren tale)

23 - Trouxas e safadas

Chegay!! Pensaram que eu não viria? Pois se enganaram!

Só fui ali numa festinha de família, muitas comidas, bebidas, karaokê, nada demais :)

Sem mais, divirtam-se bastante com essas trouxas! :* :*

_______________________________________

Lauren

Ficar essa semana longe da fazenda foi mais difícil do que eu pensava, eu já viajei antes, duas ou três vezes, pra revisar minha prótese, mas não tive insônia, nem pensei tanto em querer voltar o mais rápido possível, e eu tinha que voltar mesmo, tem pouca gente ajudando na fazenda.

A quem estou enganando? Eu queria voltar logo porque queria ver Camila, não consegui dormir porque senti falta de dormir com ela, aconteceu, virei uma trouxa! Em outras palavras, estou apaixonada, e passar essa semana longe dela me fez perceber isso. Que merda! Ela vai embora e eu vou ter outro coração partido.

Eu sofri um bocado quando tive o acidente, quase ao mesmo tempo em que terminei com Keana, só que na época minha cabeça estava uma verdadeira confusão por causa da amputação e tudo mais, não sei se meu coração partido foi apenas pelo término do namoro, acho que foi tudo junto.

Minhas consultas correram muito bem, meu médico é muito bom e paciente, quase não sinto mais nenhuma dor, e já não tenho mais a sensação de “membro fantasma”, que é quando alguém que sofre uma amputação, tem a sensação de que o membro perdido ainda está ali, sente dor e até coceira nele.

Minha prótese nova é muito boa, mais ergonômica e leve, mais articulada também, permite que eu me movimente bem mais naturalmente, é quase como se fosse meu pé realmente, e por esse motivo foi muito, mas muito cara!

A minha sorte foi que mamãe me ligou e arrancou de mim o motivo da minha viagem, eu não queria que ela pagasse nada, sou bem orgulhosa com relação a dinheiro, mas a Dona Clara quando bota uma coisa na cabeça, não há quem tire, então ela, papai e Chris, meu irmão mais velho, arcaram com os custos da minha nova prótese. 

Eu fiquei um pouco sem graça, mas ela disse, com uma voz chorosa, que me ama demais e vai me apoiar em tudo que puder, não tive como negar nada àquela chantagista.

– Hey... – Ouvi uma voz suave me chamando, era quase como uma canção.

– Hum... – me virei de bruços fazendo manha, só pra tê-la insistindo e me chamando com aquela voz suave um pouquinho mais.

– Lolo, acorda, você precisa comer. – ela afagou meus cabelos, tão gostoso...

– Preciso? – perguntei com a voz embolada.

– Precisa, já passa das duas da tarde.

– Nossa! – me virei na cama. – Sério?! – olhei para Camila, que tinha um sorriso sereno nos lábios.

– Sério.

– Droga, eu preciso... – tirei as cobertas de mim, na intenção de descer da cama, mas ela me empurrou de volta.

– Precisa lavar essa cara amassada e escovar os dentes, e depois ir até a cozinha almoçar comigo. Eu já fui no galpão, os bichinhos estão bem.

– Cuidou dos cachorros e fez o almoço? – sorri franzindo o cenho. Quem é essa e o que fez com a Camila preguiçosa que conheço?

– Na verdade trouxe um pouco do almoço que a Mani fez. – rimos e eu me mexi pra descer da cama, mas antes tinha que fazer algo.

– Pode pegar minha mochila, por favor?