- Sim. - disse eu. - Estou estressada, preciso de chocolate.

O Marcel negou com a cabeça divertido e tirou-me dois pacotes de Kit Kat e uma tablete de chocolate.

-Eu ajudo-te a levar, se não ainda cais. - disse ele enquanto eu subia as escadas. Fiz uma careta.

-Tu queres é que te dê o meu chocolate. - acusei-o e ele riu-se.

-Apanhaste-me. - admitiu e ri enquanto entrava no meu quarto e atirava todas as coisas para cima da cama para depois subir nela e dar um gole do meu chá de chocolate. - Dá-me disso.

Arrancou-me a chávena das mãos com toda a naturalidade do mundo e deu um gole. Este rapaz estava a ganhar uma confiança impressionante. Bufei indignada e ele riu. Agarrei na tablete de chocolate e parti um bocado.

-Eu quero. - suplicou ele. Vai-me tirar o chocolate todo outra vez. - Dá-me, por favor. - abriu a boca e eu ri.

-Toma, toma. - disse aproximando-lhe um pedaço à boca para que ele mordesse. Deu uma trinca e sorriu de orelha a orelha. Era adorável.

-Obrigado. - disse de boca cheia e neguei com a cabeça.

-Marcel, que mania que tu tens de falar com a boca cheia.

-Desculpa. - desculpou-se outra vez mostrando-me o que tinha na boca.

Voltei a negar com a cabeça e ele aproximou-se de mim, sentando-se atrás de mim e começando a fazer-me cócegas.

-Marcel, pára. - queixei-me, retorcendo-me de tanto rir. - Marcel... pára.

-Tens muitas cócegas. - disse rindo.

-De certeza que tu também tens. - disse tentando girar-me e conseguindo fazê-lo uns segundos depois. Sorri olhando para ele enquanto me tentava livrar das suas mãos que me faziam cócegas. - És terrível, Marcel. - disse eu começando a fazer-lhe cócegas também, vendo que tinha muitas. Continuei. - Então e agora? Ah?

-Pára. - disse ele agarrando-me e fazendo com que me derrubasse na cama.

Ele em cima de mim, a sua respiração contra a minha. Mais uma vez, encontrava-me na mesma situação, mas com um trigémeo diferente. Como é que era possível? Eu apenas queria ir buscar chocolate.

Olhei para o Marcel nos olhos e ele fez o mesmo. Por uns segundos só estávamos eu e ele. O Marcel eliminou a distância que existia entre os nossos lábios e pôs uma mão em cada lado da minha cabeça. Aproximei-o de mim da mesma maneira que tinha feito no dia anterior com o Harry. De alguma maneira, isto era aliciante, muito aliciante. Marcel colocou uma das suas mãos na minha anca e separou-se de mim. Abri os olhos surpreendida e voltei a encontrar-me com os seus, cheios de confusão.

-Eu... - começou a dizer, mas calou-se de repente.

-Bella? Onde estás? - ouvimos uma voz no corredor.

O Marcel separou-se de mim e sentou-se, arrancando outro pedaço de chocolate.

-O Harry... - sussurrou ele.

-No meu quarto. - disse e imitei o Marcel. Segundos mais tarde, o Harry estava na porta do meu quarto.

-Que estão a fazer? - perguntou ele, sentando-se na cama.

-A comer chocolate. - disse Marcel tranquilamente.

O Harry elevou uma sobrancelha e olhou para mim. Eu assenti ao que o Marcel tinha dito e o Harry agarrou num bocado de chocolate.

-Posso falar contigo? - disse Harry olhando para mim. Revirei os olhos, não queria falar com ele, estava chateada pelo que ele tinha dito há umas horas atrás. Porque é que ele tinha que ser assim?

O Marcel olhou para nós antes de eu responder. Agarrou num pacote de Kit Kat e em dois bombons e foi-se embora, fechando a porta. Belo amigo.

O Harry aproximou a sua mão à minha e eu elevei o olhar, encontrando-me com os seus olhos.

-Não me respondeste. - sussurrou. Franzi a testa, não estava a perceber o seu comportamento. - Posso falar contigo?

Suspirei e assenti, desistindo perante as pequenas descargas que a sua mão provocava na minha, provocando-me estas cócegas mágicas.

-Sim. - afirmei, sussurrando também.

-Desculpa. - voltou a dizer exatamente no mesmo tom que antes.

-Porquê? - perguntei. Sabia perfeitamente porque estava a pedir desculpa, mas queria ouvi-lo dos seus lábios.

Ele hesitou uns segundos e depois remexeu o cabelo, nervoso, baixando o olhar para logo elevá-lo de novo, olhando para mim.

-Pelo que te disse. - sussurrou. - Não te queria ofender.

A suas palavras pareciam sinceras e o olhar que transmitia também.

-Não faz mal.- sussurrei olhando para as nossas mãos entrelaçadas e, por alguma razão, sentia que esta situação era muito íntima, visto que ele nunca me tinha dado a mão antes. Tinha que admitir que estava a gostar deste tipo de contato com ele.

-Faz sim. - disse ele. Elevei o olhar de novo e ele dedicou-me um sorriso de lado. - Posso abraçar-te? - perguntou.

Olhei para ele surpreendida e assenti com a cabeça. Era a primeira vez em muito tempo que alguém me falava dessa maneira, e comovia-me o facto de ele me querer abraçar, já sentia falta de ser tratada com carinho.

O Harry aproximou-se de mim e soltou a minha mão para me rodear com os seus braços. Sentindo-me quente e protegida neles, escondi a minha cabeça no seu pescoço.

-Desculpa. - voltou a murmurar.

-Shh... - indiquei que se calasse e ele obedeceu-me. Sentia este momento tão perfeito que nem podia acreditar, não me queria afastar dele. Neste momento não. Tinha a estranha sensação de que este era o meu lugar. Porque é que me estava a acontecer isto?

Sem saber porquê, lágrimas começaram a sair pelos meus olhos. Não as conseguia controlar. Já tinha passado bastante tempo desde a última vez em que alguém me tinha abraçado desta maneira. Eram pouquíssimas as vezes na minha vida em que me tinham oferecido esta forma tão pura de demonstrar carinho. Os meus pais eram frios, nunca demonstravam que me amavam, se é que realmente o faziam, e nunca tive uma relação próxima com nenhuma das minhas babysitters. O Luke também raramente me abraçava e o único namorado que tive simplesmente só me usou. Nunca fez isto, nunca. Aproveitou-se de mim, que só procurava um pouco de amor.

Harry notou o meu choro e separou-se um pouco para olhar para mim.

-Ei, que se passa? - sussurrou. Neguei com a cabeça. - Amor, diz-me o que se passa. - voltou a dizer suavemente.

Porque tens que ser assim, Harry? Porque é que tens que ser tão irritante num momento e chegar a ser tão fofo noutro?

-É a primeira vez - sussurrei com a minha vista desfocada. - É a primeira vez em muito tempo em que alguém me abraça.

Harry franziu a testa e abraçou-me com mais força.

-Eu vou-te abraçar todas as vezes que quiseres. - sussurrou no meu ouvido. Tornando o momento ainda mais perfeito.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora