-Eles... Eles... - comecei a gaguejar ao lembrar-me daquela noite de setembro. De como chorei, de como por primeira vez na minha vida disse basta ao que eles me faziam. Eu era uma marioneta, guiada pelas suas mãos, atada. Não podia falar, não me podia queixar, não podia dizer o que pensava. A minha vida estava destinada a algo que nunca quis. No final tive que enfrentá-los, não ia deixar que a minha vida se transformasse numa mágoa, só porque eles não me quiseram apoiar. - Discuti com eles. Disse-lhes que não ia estudar o que eles queriam que eu estudasse e que me ia embora de casa porque estar com eles era um inferno. Estava todo o dia sozinha em casa e à noite íamos de jantar de negócios a jantar de negócios. Isso não era viver, Luke, não sabia o que fazer. Estava sempre sozinha, tinham-me numa bolha em que, se a explodia, me afogava eu sozinha.

Algumas lágrimas começaram a cair pela minha cara, devido à impotência que aquilo me causava. Nesse momento, as palavras do meu pai repetiram-se na minha mente.

-Anda aqui. - disse Luke abrindo os braços, convidando-me a chorar no seu ombro. Mexi-me e deixei que me abraçasse.

-"Isto é uma vergonha". - repeti as palavras do meu pai, aquelas que nunca, por nada deste mundo, se apagariam da minha mente. Nunca.- "Se não vais fazer o teu dever, podes sair por essa porta e esquecer que alguma vez pertenceste a esta família".

Comecei a soluçar e o Luke tentou acalmar-me.

-Foi isso que ele me disse. - disse eu. - E fui-me embora.

Enterrei a minha cabeça no seu ombro e ele suspirou, abraçando-me também.

-Não te preocupes com isso. - disse ele. - Ele disse o mesmo à minha mãe.

-Mas eu sou a filha dele, Luke.

-Eu sei, eu sei. - disse ele baixinho enquanto eu chorava. Porque me doía, doía-me que o meu próprio pai me dissesse isso. Essa não era a maneira como uma pessoa que gosta de ti te trataria. Não era.- Calma, não te vou pedir para voltares.

-Obrigada. - disse e ele sorriu.

Continuei a chorar por um bocado enquanto ele só me abraçava e me dizia para me acalmar.

-Merda, Marcel, sai do meio. - ouvimos alguém berrar no corredor e rapidamente elevei a cabeça.

-Não me deixas ouvir, Harry. - disse Marcel.

Luke elevou uma sobrancelha e riu.

-Fazemos um espetáculo?

-Sim, por favor. - disse eu.

-Finge o maior orgasmo da tua vida. Eles vão morrer.

Harry

-Merda, Marcel, sai do meio. - disse-lhe quando se encostou à porta com a cabeça. Meu Deus, só faltava que abrissem a porta nesse momento e nos encontrassem com copos e a orelha colada à porta. Para ser sincero, o Edward tinha razão, metiamos pena.

-Não me deixas ouvir, Harry. - disse Marcel.

-Nem tu a mim, vai estudar e pára de chatear. - respondi-lhe.

-Vai tu! Precisas mais do que eu. - disse-me ele.

-Cala-te. - disse eu.

-Cala-te tu. - disse ele.

De repente ouvimos um gritinho de prazer e quase caímos no chão pelo susto.

-Meu Einstein. - disse Marcel surpreendido. - Eles estão a... eles estão a... tu sabes... meu Einstein.

Franzi o sobrolho enquanto uma fúria me invadia por dentro. Esse gajo vinha aqui e ela deixava-o fazer-lhe de tudo e a mim mandava-me à merda? Era o seu namorado por acaso?

Os Trigémeos Styles (tradução)Where stories live. Discover now