Garotas

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POV Dick

Eu realmente tentava prestar atenção na história que Kate contava sobre as meninas da turma dela de química, mas era realmente uma história tão cheia de detalhes e coisas sem importância, que não dava.

Ela passou uns quarenta minutos falando sem parar sobre algumas provocações e trocas de farpas, honestamente, nem sei por qual razão ela dava atenção para aquelas meninas idiotas.

Embora uma coisa eu preciso confessar, aquele trio de garotas era o mais bonito daquela escola inteira. Elas estavam sempre envolvidas em fofocas, escandalos, mas que eram bonitas, isso eram!

- Dick, você está ouvindo alguma coisa do que eu estou falando? Dick...?

Me peguei meio perdido na conversa, a verdade é que eu estava pensando no decote delas, como eram peitudas... Além disso, a Clair, a ruiva do trio, não usava sutiã e sempre estava com blusinhas meio transparentes...

- Onde estão os pratos?

Bruce falou, após abrir a porta e adentrar o quarto de forma abrupta, nos assustando, mas também me salvando, pois eu não conseguia tirar aquele trio da cabeça e estava com receio dos meus hormônios adolescentes darem uma evidência constrangedora disso.

Ele viu os pratos vazios e checou os lixos do quarto e do banheiro. Ele parecia cansado, eu também estava. A verdade é que nossas discussões estavam deixando ambos exaustos.

Normalmente era eu que dava as respostas atravessadas, mas eu não aguentava conviver com ele sabendo que ele não ia atrás dos assassinos dos meus pais e também não me deixava ir.

- Eu estarei aqui pontualmente para jantar, não quero mais ouvir reclamações de Alfred. Esteja aqui as seis e meia na mesa de jantar, em ponto Dick, me entendeu?

A verdade é que eu não tinha nada para fazer e poderia, tranquilamente, estar na mesa até antes desse horário. Mas eu não aguentava mais aquele cara que chegava do nada vomitando regras, esperando que eu acatasse cada uma, como se eu não tivesse vida ou vontade própria.

- Acontece que eu já tenho planos para hoje.

Eu disse, cruzando os braços. Bruce respirou fundo, parecendo que procurava paciência. Eu não estava nem um pouco preocupado com o que ele pensava, ele tinha que aprender que eu tinha vida própria.

- E posso saber quais os seus planos?

- Não, não pode.

Ele levou os dedos até a ponta do nariz, foi quando vi Kate abrir os olhos preocupada, não entendi a razão. Ela me olhou como quem manda parar de provocar.

Eu tentava responder em gestos que eu estava no meu direito, foi quando notamos que Bruce abrira os olhos e sua aparência era furiosa.

- Kate, minha querida, você pode nos deixar a sós por favor?

- Não, ela não pode. Estamos ocupados Bruce, se você não percebeu.

Sim, eu o estava afrontando, mas ele tinha que aprender que ele não tinha adotado um bicho de pelúcia e sim uma pessoa com vontade própria.

- Er... Tio Bruce, ele combinou de ir comigo à biblioteca... Temos prova de biologia e eu não entendi muito bem a matéria. Pensamos em estudar juntos, mas acho que podemos deixar para amanhã.

- Viu Dick? Como se dá uma resposta decente?

Bruce vociferou, vindo em minha direção. Ok, agora eu estava um pouco assustado, eu queria que ele me respeitasse, mas não irritá-lo a ponto de apanhar.

A verdade é que desde a surra que eu levei no mesmo dia de Kate, levei alguns puxões de orelha, alguns tapas aqui e acolá, mas nada comparado àquela surra... E honestamente eu não queria repetir a dose.

- Ok Bruce... Mas não dá para você chegar do nada dando ordens e...

- Você tem quinze anos, Dick! Eu chegarei dando ordens sim, e você quando quiser marcar algum "compromisso", vai ter que me pedir permissão. Estou farto de seu comportamento, não faço ideia do que te mordeu, mas você vai desfazer essa marra por bem ou por mal!

Eu revirei os olhos, não gostava de ser repreendido, ainda mais na frente de Kate. Acho que por isso acabei mantendo uma postura de afronta que estava nitidamente irritando Bruce.

Eu olhei para a Kate e ela estava como quem pisa em ovos, era claro o receio dela naquela situação.

- Tio Bruce, posso jantar aqui também? Nós vamos na biblioteca e voltamos... Sem problemas. Meu avô tem ficado até tarde na GCPD todos os dias mesmo... Vai ser bom comer algo além de pizza ou nachos para variar.

Bruce levantou uma sobrancelha e olhou para mim, esperando que eu falasse algo, mas eu não fiz, não estava afim de trocar ideia com quem não tem palavra e não cumpre o que promete.

- Eu não perderia a comida do Alfie por nada nesse mundo. Será que ele vai fazer aquela torta?

Kate não parava de tagarelar enquanto eu e meu pai adotivo nos encarávamos, logo ouvimos a voz de Alfred chamando por Bruce, alguma coisa devia estar acontecendo na cidade.

Foi quando ele suspirou fundo e decidiu acabar com aquela nossa queda de braço pelo olhar.

- Dick, considere isso um aviso, pois eu não vou falar de novo. Se você quiser conversar sobre algo que está te incomodando, eu estou aqui... Porém não vou mais tolerar esse tipo de comportamento. Fui claro?

Fiquei calado, ele esperava que eu respondesse aquilo? Ele estava praticamente me ameaçando na frente da minha amiga.

Quando eu mantive silêncio e ele deu um passo em minha direção, Kate pegou na mão de Bruce sorrindo.

- Foi nuito claro sim, tio Bruce! Claríssimo! Transparente como água... Impossível ser mais claro. Ele entendeu.

Kate era engraçada, isso ninguém podia negar. Bruce acabou descendo ao ser chamado novamente por Alfred, mas eu senti um tapa na cabeça do nada.

- Você estava querendo apanhar, é? Perdeu o juízo, seu maluco? Faz tempo que não vejo meu padrinho tão nervoso.

- Quem está nervoso sou eu! Isso aqui é uma prisão... E eu não posso fazer nada que quero.

Kate riu de mim, na certa condenando minha forma de demonstrar. Não tardou para ela voltar ao assunto de antes.

- Pois bem, Clair, Mindy e April precisam pagar pelo o que fizeram.

- O que elas fizeram mesmo?

- Mas você não ouviu nada do que eu falei, cabeçudo??

- Er...

- Venha, eu conto de novo no caminho, agora precisamos invadir a sala que te disse...

Meu Menino ProdígioOnde histórias criam vida. Descubra agora