Meu Menino Prodígio

Sequestro e Justiça

Pessoal, estou tentando responder os comentários antigos. Eu tento mesmo não deixar review sem resposta, mas como vão aparecendo comentários novos em capítulos bem antigos, fica difícil. Tô voltando e lendo/relendo tudo... Cada mensagem de vocês é super importante, pra eu entender como a história está chegando em vcs.
Além disso, eu MORRO DE RIR das piadas, das indignações e de tudo que vcs colocam. Sério, não deixem de deixar uma marquinha com as impressões. VOTEM E COMENTEM. bjs!

Richard queria provar para todos que não precisava de Bruce para sobreviver, e ele conseguiria. E provaria não apenas isso, mas também que era capaz de prender muitos bandidos e que descobriria os verdadeiros assassinos de seus pais.

Esses pensamentos não saiam de sua cabeça enquanto ele costurava uma roupa preta com azul escuro, bem diferente daquela roupa colorida de palhaço que Batman havia feito para ele. Essa roupa escura o camuflava, não chamava a atenção para si como se fosse um garoto de circo.

Foi quando socou a mesa com seu próprio pensamento.

- Eu fui um garoto de circo, e vou honrar esse garoto. Hoje eu serei... Serei o Pássaro Negro.

Foi então que ali, naquele depósito abandonado no centro da cidade que ele invadiu e fez seu lar, que nasceria o Pássaro Negro, o que ele acreditava que seria sua identidade heróica secreta por todo o sempre.

O estômago de Richard roncava, mas ele ignorava. Logo pegou um biscoito e engoliu, como não tinha dinheiro teve que furtar alguns mantimentos de um depósito. Como não gostava de furtar, comia o mínimo possível.

Ele chegou a pensar em arranjar um emprego, mas seu desespero por perseguir criminosos era tamanho que não queria desviar a atenção com algo que lhe tomaria tantas horas por dia. Ele se saciava com o que podia.

Outro problema eram os curativos que precisava fazer, a maleta de socorros e as habilidades de Alfred lhe faziam falta. Muita falta. Ele tinha alguns machucados bastante infeccionados e doloridos, e a falta de banho apropriado piorava a situação.

Ele se olhou no reflexo do espelho quebrado que estava sujo, manchado e pendurado e pensou algo.

- Se aqueles dois me vissem assim, não sei se sobraria muita coisa para contar a história.

A verdade é que Richard sentia falta de casa, mas seu orgulho e necessidade de fazer as coisas ao seu modo jamais o deixariam voltar. Ele sentia que Bruce não o entendia, que não tinha palavra, que o desrespeitava.

Com alguma dificuldade pelos machucados, vestiu a roupa que confeccionou com o manto especial que roubou de Lucius, que fora produzido pelos laboratórios das empresas Wayne. A verdade é que Richard estava se acostumando a roubar, o que o assustava um pouco, mas ele tentava se prender ao fim que buscava - se questionando se naquela situação os fins justificariam os meios.

Saiu na Cidade aquela noite com um missão: sequestrar uma das pessoas da cúpula da Corte das Corujas, uma missão quase suicida. O próprio Batman tomava muito cuidado ao mexer com essa seita.

O sequestro em si não fora difícil, ele se embrenhou numa vila ao lado da casa de Rachel Smith, a sua ideia era trocá-la por informações sobre os mafiosos que ameaçaram o circo na época que seus pais foram mortos.

Mas ele não contava o número de seguranças que estavam à paisana no entorno, na hora entendeu a razão do próprio Batman não se meter com a Corte, salvo raríssimas exceções. Em menos de dois minutos se viu cercado por mais de quarenta homens grandes e fortemente armados. Havia mulheres também e o encurralaram num beco, fazendo com que ele soltasse Rachel e tentasse fugir.

A fuga fora bem sucedida, senão fosse dois tiros de raspão que levara. Mas agora ele tinha dezenas de pessoas o perseguindo e dois machucados graves para cuidar. Foi naquele momentos que, pela primeira vez em meses, quase pediu socorro a Bruce.

Mas não, ele morreria antes disso. "Talvez sua morte ensinasse ao pai que ele tinha valor" foi o pensamento no qual se apegou enquanto fugia sentindo sua consciência se esvair até desmaiar e cair no breu que se fez em sua visão.

———

Bruce era esperto, sabia como a Cidade funcionava. As coisas em Gotham envolviam várias instâncias, sendo que todas deveriam sempre serem usadas como peças num tabuleiro de xadrez.

A polícia sabia que o orfanato estava abandonado, os assistentes sociais, os juízes, os políticos. A verdade é que todos sabiam e fingiam não ver e, claro, as pessoas que tentavam fazem algo eram silenciadas ou não tinham força o suficiente para gerar uma mudança efetiva.

Por isso, Bruce estava fazendo as conexões que precisava para que no dia seguinte todos os jornalistas da Cidade estivessem no orfanato para denunciar o esquema de corrupção que desviava o dinheiro das crianças para os gordos bolsos da Diretora que vivia em bonança desmedida.

Para tanto, já estava se alinhando com Gordon para a investida da polícia no recolhimento de todas as crianças.

Bruce já estava alinhado com jornalistas e polícia, o que o fez chegar ao prefeito oferecendo que suas empresas patrocinassem uma fundação de acolhimento.

Ele sorriu quando pensou que as coisas estavam tomando o caminho correto, pois não precisou usar a força bruta para nada. Meras conexões políticas faziam muitas coisas andarem e era isso que tentava ensinar a Richard, calma e inteligência emocional eram muito importantes.

Bruce logo tirou Dick dos pensamentos e suspirou, estava aguardando informações da polícia, colocara Lucius para hackear as imagens das câmeras da Cidade para saber do paradeiro de Richard.

Ele sentia que não podia deixar o garoto largado, por mais que a escolha dele fosse ficar longe. Ele respeitaria a distância, mas ao menos garantiria que o filho estivesse alimentado e com boa saúde.

- Gordon, na extração eu quero o Jason entregue a mim.

- Ah, o marginal Jason Todd? Esse deveríamos mandar pro reformatório de novo.

- Não concordo, quero ele comigo para eu explicar esse esquema que estamos fazendo.

- Você agora vai dar satisfação para bandidos, Bruce?

- Ele tem doze anos, Gordon. Não é um bandido, é um sobrevivente.

- Você me disse a mesma coisa de Selina há anos atrás...

Bruce revirou os olhos, odiava a perseguição que Gordon e Alfred faziam a ela, mas entendia a razão.

- Nunca vi Selina cuidando de dezenas de crianças como Jason faz. Ok, ele rouba para isso, mas usa os meios que tem. Ninguém o ensinou o certo e errado, isso é um fato, mas ao mesmo tempo ele faz o que pode para que os que estão a sua volta não morram de fome.

Gordon ficou em silêncio, não sabia de nada disso, mas também sabia que se Bruce estava falando é porque tinha certeza da informação.

- Ah, Gordon, uma coisa: Jason sabe da minha identidade secreta.

- MAS O QUE?

- Te explico melhor depois, não há muito o que fazer agora... Apenas confie em mim ok?

Gordon suspirou e juntos saíram. A operação começaria naquele momento e dezenas de crianças seriam salvas.