Realidade

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Jason entrou no banheiro, tomou um banho que nunca havia sequer sonhado que existia. Olhava ao redor e via um banheiro limpo, com um revestimento elegante que parecia um mármore branco com frisos cinza por todo o chão e paredes, o vaso sanitário e ferragens eram pretos, as toalhas pretas e felpudas com cheiro de amaciante.

No box de vidro e detalhes pretos havia um nicho feito do mesmo mármore que abrigava produtos de higiene tão cheirosos que ele por um segundo se perdeu na sensação, foi quando ligou um chuveiro que produzia uma ducha larga e quente, perfeito para aquela noite fria de Gotham.

Ele respirou e deixou a ducha cair, lavando não apenas su sujeira que caia preta no chão claro, mas todos os seus machucados, cortes e hematomas da vida nas ruas pareciam se acalmar.

Ele lavou os cabelos, o corpo e a alma naqueles dez minutos que passou no banheiro. Mas quando saiu da ducha e se olhou no espelho e viu as marcas da vida nas ruas, voltou à realidade. Percorreu lentamente seus olhos pelas marcas e decidiu que precisava sair logo daquele lugar. Claro que enrolou os produtos de higiene numa toalha, iria levar para depois.

Quando saiu do banheiro com a toalha enrolada, se deparou com Alfred sentado com uma caixa de medicamentos.

- Velhote, se tu é gay, melhor procurar alguém que goste de homens e... de velhos.

Alfred revirou os olhos.

- Master Jason, não é o caso. Vim aqui para suturar esses cortes e passar uma pomada nesse hematomas.

Jason colocou rapidamente a cueca limpa que estava na cama e a calça de moletom que foi oferecida.

- Não precisa velhão.

- Meu nome é Alfred, Master Jason.

Jason revirou os olhos e quando ia colocar a camiseta sentiu o puxão firme de Alfred que o sentou.

- Hey!

Jason ficou impressionado com a força de Alfred, e quando deu por si percebeu que não adiantava relutar, então se deixou ser costurado e medicado. Não tardou até Bruce aparecer.

- Gostaria de entender como você consegue sair e entrar do orfanato de noite assim, não há nenhum tipo de vigilância?

- Vigilância? - Jason riu - Vigilância... Não há nem comida naquela merda de lugar.

Alfred levantou a mão e deu um tapa de leve na parte traseira da cabeça de Jason.

- Modos.

Bruce riu internamente, era claro que Alfred tinha gostado do marginal.

- A diretora tem contato com a máfia, assim como prefeito - assim como a Cidade toda. Enfim, eles pegam o dinheiro dos impostos que deveria ir pra gente e engordam a casa deles enquanto centenas de crianças se fo... - Jason olhou para Alfred antes de proferir o palavrão e se calou.

Bruce se impressionava quanto ao conhecimento da política tão suja da cidade por parte de uma criança.

- Enfim, por melhor que seja essa bolha aqui que vocês vivem, preciso voltar pra realidade.

Jason colocou o casaco e se dirigiu à janela avaliando a altura para pular. Foi quando Bruce fez barulho proposital de limpar o pigarro da garganta.

- Jason, já ouviu falar em PORTAS? - Questionou de forma irônica - Veja, é uma invenção incrível.

Jason revirou os olhos e saiu arrastando os sapatos, recebendo em sua mão uma marmita grande de sopa.

Alfred olhou para Bruce que deixou o garoto ir embora sem criar nenhum tipo de empecilho, mesmo sabendo que ele conhecia sua identidade secreta.

Meu Menino ProdígioWhere stories live. Discover now