Vinte e cinco - Parte I

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Nota da autora:

Bem, acho que pesei a mão no hot HAHAHAHAHA todos avisados.

Mesmo esquema do outro capítulo +18: quem não simpatiza com cena de sexo pode ler só a Parte I sem prejuízos.

Beijos,

Vic.

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Foi, de fato, uma longa viagem.

Para começar, as intermináveis horas de voo foram preenchidas por períodos de fortes turbulências. As instabilidades foram intensas o suficiente para assustar até mesmo Fernanda, que basicamente cresceu na ponte aérea entre as maiores cidades do mundo. Embora tenha feito o possível para disfarçar, Juliana empalideceu e apertou os braços de sua poltrona com mais força a cada vez que a aeronave sacolejou. Quando a morena por fim cedeu ao medo e escondeu o rosto no ombro da namorada, Valentina achou graça e sentiu o coração se desmanchar de amor ao mesmo tempo. Era no mínimo cômico que uma garota que enfrentou bandidos e um punhado de sequestros ficasse tão tensa com um avião balançando. A paixão que a loira sentia, no entanto, também fazia com que aquele breve momento de vulnerabilidade parecesse encantador.

Fernanda não estava sentada perto delas, mas saía de seu assento e caminhava até o casal sempre que tinha oportunidade. Valentina observava de soslaio enquanto a empresária se aproximava com o pretexto de discutir detalhes do desfile e da divulgação da coleção. Val tentou escapar das interações se concentrando nas músicas e filmes que estavam disponíveis na pequena televisão individual de tela plana à sua frente. No entanto, quanto mais observava, mais difícil se tornava o exercício de não se incomodar com a dinâmica entre Juliana e Fernanda.

As duas estilistas não estavam falando nada de especial. Todos os diálogos giravam exclusivamente em torno do trabalho. Mesmo assim, havia algo na forma como se moviam e como suas respectivas criatividades pareciam assustadoramente complementares. Aquilo não era uma novidade — Juliana já tinha mencionado inúmeras vezes que ela e a dona da Arce trabalhavam bem juntas. No entanto, saber disso não fez com que Val ficasse menos aborrecida ao ver o processo criativo da dupla acontecendo ao vivo.

Conforme as horas passavam, Valentina entendeu que seu desconforto estava se tornando cada vez mais evidente. Foi atingida pela percepção por conta da forma carinhosa e assertiva com que Juliana passou a aninha-la em seus braços, acariciar suas mãos e beijá-la repetidamente, como se estivesse disposta a lembrar o tempo todo que estava ali para ela, e somente para ela.

— Quer me contar por que está chateada? — sugeriu a morena, gentilmente, logo depois da terceira hora de voo.

Valentina ponderou, mas acabou sacudindo a cabeça negativamente.

— Está tudo bem. — mentiu, forçando um sorriso. Por um lado, sabia que era natural sentir ciúmes naquela situação. Por outro, estava ciente de que sua irritação era infundada, já que confiava plenamente em Juliana. Toda aquela confusão a deixou ansiosa. Era quase como se estivesse se sentindo culpada por ficar insegura.

Não demorou muito para que o nervosismo causado pelas investidas de Fernanda se juntasse ao estresse acumulado em todas aquelas semanas de vulnerabilidade, regressões e perguntas sem respostas. Sentiu os músculos tensos, o estômago doer e a cabeça latejar. Por isso, assim que Juliana pegou no sono, Valentina chamou uma comissária de bordo discretamente e pediu a carta de vinhos. Escolheu um Chardonnay qualquer e bebeu o mais rápido possível.

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