A.S.P: True Love (Amor Verdadeiro)

41ºCapítulo - Revisado

Gatilho: homofobia

Acordo com um cheiro forte de álcool no meu nariz, tusso e me sento com dificuldade. Estou no sofá da sala do Jack e todos estão o meu redor, me lembro do que aconteceu e a vontade de chorar me atinge. 

Jack me olha preocupado e vejo pelo seu rosto vermelho e veias saltadas que está tentando conter a raiva. Os outros estão confusos. 

-Está se sentindo melhor? Quer alguma coisa?- Liny pergunta com um sorriso acolhedor e o cenho franzido. 

-Aceito um pouco de água por favor.- Ela vai até o pequeno frigobar preto que Jack mantém perto de seus arquivos, coloca a mão na porta e olha para ele pedindo permissão, depois do leve balançar de cabeça ela pega uma garrafinha de água e traz para mim. -Obrigada.- Tento dar o meu melhor sorriso. Bebo um pouco da água e respiro fundo sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta. 

Ainda estou muito assustada com a cena que vi, tudo o que consigo pensar o quão ferrada eu estou e como envolvi as pessoas que eu amo e me importo nessa merda. As lágrimas voltam e eu não as seguro, um soluço meu atravessa a sala e minhas mãos vão até meu rosto. 

Choro por tudo, pensando o quão burra eu fui por confiar em uma pessoa que ela mesma dizia não ser confiável, tudo por insegurança. Deixei que se aproximasse e entrasse na minha vida como uma parte fundamental. 

Choro pela vergonha que estou sentindo por saber que obviamente terei que contar para todos o que está acontecendo, e eu não sei nem por onde começar.  

-Eu estou aqui.- Ouço a voz de Jack e logo depois seus braços ao meu redor, não nego o carinho e me aconchego mais a ele. 

-Mano, o que está acontecendo?- Marcos pergunta e isso me faz tremer. Já passou da hora de eles saberem, afinal, podem estar em perigo também. 

-Liguem pras meninas e para o Vinícyus, preciso falar uma coisa, urgente.- Jack me olha atentamente.

-Tem certeza disso, querida?- Pergunta enquanto faz carinho em meus cabelos.

-Tenho.- Digo fungando. 

Em questão de meia hora todos estão aqui, essa sala de repente me parece minúscula com tanta gente dentro dela.

-Kass, o que está acontecendo?- Quinny pergunta, ela está com a câmera pendurada no pescoço, provavelmente estava saindo de um trabalho. 

Olho para cada um e a vontade de chorar me atinge de novo ao pensar que tudo poderia te sido evitado se eu tivesse desabafado com os meus amigos e procurado ajuda profissional ao invés de entrar em um bar e conversar com um estranho. 

Respiro fundo e penso bem nas palavras. 

-Lembram a alguns anos? Nós nos divertíamos depois da faculdade, depois de uma prova. Eram momentos nossos e que todos estavam bem.- Meus olhos marejam. -Mas eu não estava bem. Vocês sabem que eu sempre tive muita insegurança em relação a tudo em mim, e chegou um dia que isso explodiu.

-Como assim Kassandra?- Wanessa que estava quieta até agora, pergunta ficando nervosa. Respiro fundo e encaro o Jack que aperta minha mão me dando força. 

-Lembram das vezes que eu andava mancando e grunhindo de dor?

-Sim, ficávamos preocupados, mas você nunca dizia o que estava acontecendo.- Vinícyus diz impaciente enquanto se senta em uma das cadeiras.

-Lembram que isso acontecia sempre depois de alguma notícia ruim? Como uma nota baixa em prova...- Minha voz embarga.

-Teve uma vez que você nem foi a faculdade por uns dias, alegou estar doente. Fomos até sua casa mas não encontramos ninguém.- Lembro-me disso, recebi uma nota baixa em uma prova e meu orientador me humilhou dizendo que isso acontecia por eu não ter capacidade, que era para eu voltar "para o mato que eu saí".