Capítulo 19

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Harry

Meu Deus, que dor de cabeça, foi a primeira coisa que pensei quando acordei, porém, ainda nem sequer tinha aberto os olhos. Remexi-me entre os cobertores e franzi o sobrolho. A última coisa de que me lembrava era do Niall deitado no chão a falar sobre o ananás do SpongeBob. Este rapaz era demais. Não me lembrava da última vez que me tinha divertido assim tanto fazendo figura de parvo e bêbedo. Depois dessa memória, tudo eram coisas desfocadas e não me lembrava de nada, apenas de que tinha adormecido e não sabia nem onde, apesar de ter a certeza de que na minha cama não tinha sido. Abri os olhos e destapei-me com a intenção de ir buscar um comprimido ou alguma coisa para a cabeça, mas não precisei, visto que alguém me tinha deixado um comprimido e um copo de água na mesinha ao lado da cama. Sentei-me e tomei o comprimido. Olhei para o relógio, eram as cinco da manhã. Não conseguia manter os olhos abertos do tanto que a minha cabeça doía, por isso voltei a adormecer esperando que, quando voltasse a acordar, a tortura que tinha na minha cabeça tivesse acabado.

"Ela voltava a afastar-se de mim, uma e outra vez. Eles também, toda a gente o fazia. Porquê? Não sabia. Porque é que não era especial como eles? Isso também não sabia. Porquê? Ela agarrava o meu braço e murmurava algo que não conseguia perceber. Os seus dedos envolviam o meu braço. Eram suaves. Arrepiei-me. Por alguma razão estava com tonturas, tudo andava à roda e não sabia porquê. Não percebia nada mas sabia que se ia embora. Deixou-me aqui e afastou-se de mim. Como todos faziam. Eu era uma pessoa assim tão horrível? Merecia assim tão pouco? Olhei para ela desesperado e agarrei-a pela cintura, fazendo com que se sentasse ao meu colo. Ela olhou para mim, não fazendo ideia do que se estava a passar na minha mente nesse momento. Pedi-lhe que não se fosse embora mas sabia que iria. Porém, não o fez. Perguntei-lhe se se ia embora e ela disse que não. Fiquei uns quantos segundos à espera de que dissesse algo. Olhou para mim. Este podia ser o momento mais estranho da minha vida, mas não o era, porque isto tudo era um sonho. Não sabia porquê, mas beijou-me. Era a primeira vez que o fazia e eu não queria acordar nunca. Pôs as mãos em ambos os lados da minha cara e senti que isto foi o melhor que alguma vez aconteceu na minha vida. Por alguns segundos cheguei a pensar que ela também quisesse isto, que gostasse de mim da mesma maneira que eu gostava dela. Mas imediatamente afastei essa ideia. Ela só gostava dele. Toda a gente gostava dele. E ela também. Eu sou igual a ele, foi por isso que me beijou. Mas nunca serei como ele, nunca. Todos sabiam isso. Eu sabia disso. Porque ele era melhor que eu. Eles eram melhores que eu. Sempre o foram, sempre o serão.

Aproveitei-me da situação, já que isto não ia voltar a acontecer. Sabia disso, e foi por isso que girei sobre mim mesmo, fazendo com que ela se deitasse no sofá. Fiquei em cima dela, não tinha intenções de me ir embora. Este sonho era meu, podia fazer o que eu quisesse. Ou pelo menos achava que sim. Beijei-a outra vez. Não conseguia dizer há quanto tempo estávamos assim, mas era muito menos tempo do que eu gostaria. Alguém estava a chegar, era ele. Era um deles. Ela parou quando ele disse alguma coisa, não sabia o que tinha sido, mas eu continuava concentrado nos lábios da rapariga. Ela tentou afastar-me, mas não a deixei, não queria parar. Não queria. Nunca. Voltou a tentar afastar-se de mim, mas desta vez conseguiu. Estava enjoado e essa foi a única razão pela qual me conseguiu afastar. Caí ao chão, aleijando-me nas costas. Ambos olharam para mim. Não sabja do que estavam a falar, mas eu apenas soltava frases incoerentes. Algo sobre o Napoleão e a Dora. Não sabia porque estava a dizer isto. Estava um pouco confuso e desorientado. Ela levantou-se e foi-se embora com ele, deixando-me ali, no chão. Já não precisava de mais nada para perceber que o sonho já tinha acabado. Mas não era um sonho. Era um pesadelo."

Marcel

Acordei e estava a morrer de fome, por isso nem sequer me preocupei em vestir-me, fui para cozinha de boxers. Peguei numa banana e sentei-me na mesa enquanto a comia. Uma banana logo de manhã? Sim, não sabia porquê, mas tanto o Harry como o Edward e eu tínhamos o mesmo costume de dormir sem roupa e comer uma banana todas as manhãs. Éramos parecidos em algumas coisas. Ajeitei os óculos e limpei-os, estavam tão sujos que não via nada.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora