— Eu estou me esforçando para me concentrar e não sorrir para a sua cara de brava. — devolveu Juliana, cedendo e sorrindo afinal.

— Você está é jogando baixo. — respondeu Valentina, tentando manter a pose, embora suas bochechas já estivessem vermelhas.

— Talvez um pouco. — admitiu Juliana — Mas acima de tudo, estou triste e chateada comigo mesma por ter te colocado nessa situação. A última coisa que eu queria no mundo era te expor a qualquer constrangimento.

Val a encarou por alguns segundos. Parecia realmente arrependida, ainda que não tivesse feito nada demais.

— Tudo bem, não foi sua culpa. A imprensa é cruel. No fim das contas, as fotos não têm nada demais, só estão fora de contexto. — reconheceu Valentina — Eu... acho que também não fui totalmente justa com você. Não queria sentir raiva dessa situação, e muito menos ciúmes da Fernanda, mas sinto. Está além do meu controle, principalmente com toda essa bagunça das regressões. É demais para a minha cabeça.

— É natural que você se sinta assim, Val. Tudo bem. — assegurou Juliana, tomando a mão da namorada entre as suas — Só espero que você saiba que eu jamais trocaria o que nós temos por nada e nem ninguém neste mundo, e que isso nunca passou pela minha cabeça, nem por um minuto. Você é a única que importa para mim, Valentina Carvajal.

Val pressionou os lábios para conter um sorriso que teimava em escapar.

— Eu confio em você, Juls. Só queria que você fosse melhor em ler as reais intenções das pessoas que se interessam por você e agem como suas amigas. Nunca foi seu forte. — explicou Valentina, sacudindo a cabeça discretamente para espantar as memórias dos dias de raiva e insegurança que viveu graças a Sergio — E me desculpa por ter falado todas aquelas coisas sobre eu não ter uma vida além do nosso relacionamento. Você sempre me deu força para voltar a estudar, e até para investir a sério na carreira de modelo. Você é a última pessoa que eu deveria responsabilizar pela minha falta de propósito.

— Você tem um propósito, Val. Só precisa aprender a escutá-lo. — garantiu Juliana — Da mesma forma como me ajudou a escutar o meu. Eu jamais seria estilista sem você.

Juliana subiu uma de suas mãos até o rosto de Valentina e o acariciou delicadamente. Val suspirou em resposta. Já estava em crise de abstinência da sensação daquele toque. Quando sorriram uma para a outra, souberam que tinham içado a bandeira branca.

— E falando em estilista... — começou Juliana, pigarreando em seguida — Quais são seus planos para daqui a três semanas?

— O de sempre. Passar um tempo com a minha namorada, desvendar mistérios sobrenaturais envolvendo um aliciador de menores, lidar com minha gravidez psicológica de vidas passadas. Nada demais. — ironizou Valentina, dando de ombros — Por que?

Juliana sacudiu a cabeça negativamente, demonstrando sua reprovação às piadas sobre a bagunça que viviam, embora estivesse esboçando um sorriso.

— O que acha de carregar esse senso de humor até Nova York? — perguntou a morena, sem conseguir conter a animação. — Querem a prévia da coleção na New York Fashion Week!

Valentina ficou boquiaberta, chocada e surpresa. Então, a expressão se converteu em um enorme sorriso que refletiu em seus próprios olhos.

— Meu Deus, isso é incrível! — exclamou Val, se atirando nos braços da namorada e distribuindo selinhos sucessivos nos lábios dela — Parabéns, meu amor!

Os selinhos evoluíram para beijos rápidos, que logo se tornaram compridos, apaixonados e intermináveis. Selavam o orgulho e a reconciliação, mas também a felicidade que sempre as aguardava após a tempestade.

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