— Meus contatos são quentes e é uma informação relativamente simples. — respondeu ele, lançando um olhar rápido para seu relógio de pulso em seguida — Talvez ainda hoje.

— Perfeito! Obrigada. — agradeceu Valentina, enquanto enfiava a mão no pacote que carregava em seu colo, apanhava uma caixinha vermelha de batatas fritas e estendia para sua afilhada — Tome aqui, Clarita.

— Batatinha! — comemorou a menina, agarrando a embalagem.

Em seguida, Val voltou a revirar a sacola e pegou a caixa gigantesca de seu próprio lanche.

— Pensei que você odiasse essa lanchonete. — observou Mateo.

— Eu odeio. — respondeu Valentina, enquanto abocanhava o sanduíche que mal cabia em suas mãos — Mas estou com muita fome. Parece que estou comendo por dois.

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Quando uma Juliana pálida entrou em casa, Valentina precisou se esforçar muito para fingir indiferença e não se mover de onde estava. A loira continuou jogada no sofá, usando o indicador para rolar a tela de seu celular. Ao lado dela, Clara dormia profundamente, coberta por uma manta fina bordada com todas as cores do arco-íris.

— Tem fotógrafos do lado de fora do nosso prédio. — constatou Juliana, horrorizada, encostada na porta fechada.

— Eu percebi. — respondeu Valentina, secamente, sem olhar na direção dela — O sucesso é maravilhoso, não é mesmo?

Juliana soltou um suspiro pesado e caminhou lentamente em direção à sua namorada. A estilista sentou de frente para ela, na mesa de centro, com as pernas abertas. Usava uma calça jeans justa com as barras dobradas, botas pretas envernizadas de cano baixo, uma camisa xadrez vermelha abotoada até a gola e uma jaqueta de couro preta.

Valentina a amaldiçoou silenciosamente. Por que tinha que dificultar tudo sendo tão bonita?

— Podemos conversar? — perguntou Juliana,em um tom pouco mais alto que um sussurro.

— Trouxe a Clara para não precisarmos fazer isso. Achei que ela ia ficar escalando suas costas e inviabilizar o diálogo. — respondeu Valentina, inclinando a cabeça na direção da criança, que dormia de boca aberta — Mas ela me traiu. Não se pode confiar em ninguém hoje em dia.

Valentina cruzou os braços, para enfatizar que ainda estava com raiva, mas sua expressão dura já tinha se desfeito em uma mera caricatura de namorada brava. Juliana a conhecia bem o suficiente para saber disso e sentiu vontade de sorrir, mas se conteve em respeito ao teatro consistente de Val.

— Como está Eva? — perguntou a morena, jogando a própria franja para trás em um movimento rápido, fazendo Valentina prender a respiração instantaneamente, sempre um pouco hipnotizada por cada gesto da garota com quem dividia vidas.

— Odiando tudo e todos, como sempre. — respondeu Valentina — Agora começou a trabalhar na biblioteca do presídio e passou a visita inteira reclamando de quem estraga os livros, ou os coloca nas prateleiras erradas.

Val omitiu que não prestou muita atenção nas demais lamentações da irmã porque estava ocupada lembrando que Eva e Lucía estiveram apaixonadas em uma vida passada, e batalhando contra a vontade insuportável de perguntar se a primogênita de Leon Carvajal algum dia cogitou tentar algo com a madrasta. Não vinha ao caso.

— Bem... e nós? Como estamos? — arriscou Juliana.

Eu estou brava, frustrada e irritada. Não sei você. — disparou Valentina, arisca.

Conocerás tus sueñosWhere stories live. Discover now