— Desculpe, Ursinho e Mozão. Eu não consegui esperar até vocês irem falar com o tal do advogado. Eu precisava tirar a Ginger de lá o quanto antes – Theodora murmurou, passando o braço pelos ombros da menina, trazendo-a para mais perto de seu corpo.

— Tudo bem, Bonequinha – falei, sorrindo para a garota, que sorriu de volta, meio tímida.

— Como assim "Tudo bem"?

Olhamos de repente para o Apolo, que estava com uma expressão séria.

— Tudo bem nada. Você está grávida, Bonequinha. Não poderia ter se arriscado desse jeito.

— Eu sei, Mozão. Desculpe. Mas, não aconteceu nada demais.

— E esse lábio ferido, hein senhorita? – a questionei e ela sorriu, sem graça.

— Eu precisei levar um soco na boca para poder sair em segurança da vila. Mas, o soco foi de leve, Ursinho. Eu juro.

— Nunca mais faça uma coisa dessa de novo, ok? – pedi e Thea assentiu, vindo me abraçar bem apertado.

— Vocês dois são mesmo gays? – ouvi Ginger inquirir, fazendo tanto eu quanto Apolo rir.

— Só falta ela perguntar "Quem é o ativo e o passivo?" – Apolo comentou, sorrindo ainda.

— Eu já disse para ela, Mozão, que os dois são ativos e passivos ao mesmo tempo. Vem, Gi. A gente precisa de um banho e eu acho que devo ter algo que caiba em você – Theodora falou, se desvencilhando de mim e indo pegar na mão da garota.

— Eu vou preparar algo para comermos.

— E eu quero saber onde estão as minhas estátuas da deusa Kuan Yin e do Buda que estavam ali em cima?

Thea logo informou que tinha penhorado em uma loja de penhor, a fim de ter dinheiro para poder comprar uma arma, para poder se defender, se necessário. Não sei qual parte enlouqueceu mais o Apolo.

Se foi pela Theodora ter adquirido uma arma e ido armada resgatar a Ginger, ou se foi a parte que ela disse que havia penhorado as estátuas dele. Provavelmente, foi pela última opção, pois segundo o Apolo, elas valiam mais de 20 mil dólares e não os 500 dólares que a Thea tinha conseguido com as duas.

Apolo logo informou que iria trocar de roupa para poder ir atrás das suas estátuas na tal loja de penhor.

— Ele é sempre assim, esquentado e dramático? – a menina perguntou quando Apolo subiu, deixando só nós três na sala de estar.

Theodora riu, assim como eu.

— Às vezes, mas na maior parte do tempo, ele é um amor de pessoa – murmurei, completando em seguida – Melhor vocês duas subirem também, para banharem e colocarem algo mais confortável e limpo. E quando o Mozão chegar, a gente vai se sentar para conversar sobre como vai ficar a situação agora, já que a senhorita resolveu apressar as coisas, né Bonequinha?

Thea sorriu, pedindo logo desculpas por ter feito o que fez e eu, rapidamente, tentei tranquilizá-la, dizendo que só iríamos conversar sobre a parte burocrática da situação, mas que a Gi já era super bem-vinda em nossa casa.

Assim que me vi só na sala de estar, peguei o telefone e liguei para o nosso advogado, pedindo que o mesmo viesse almoçar conosco, pois tínhamos que conversar urgentemente com ele.


Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


— Bom dia, Dr. Sender – falei, cumprimentando-o com um aperto de mão, antes de dar passagem para que o mesmo entrasse em casa.

O acompanhei até a cozinha onde Apolo, Theodora e Ginger se encontravam terminando de pôr a mesa e logo apresentei as meninas para o advogado, que se sentou à mesa, ao meu convite, já sendo seguido por nós.

— Estou com meu tempo corrido, pois daqui a pouco irei para o hospital, então podemos conversar enquanto almoçamos? – perguntei ao Dr. Sender e o mesmo assentiu, aceitando – Então... Nós o convidamos para vir aqui, pois gostaríamos que o senhor entrasse com um pedido de adoção, para que possamos adotar aquela mocinha ali.

O advogado nos encarou enquanto se servia.

— Posso ser sincero com vocês, Jacob?

— Claro, Dr. Sender. O senhor é o nosso advogado por isso. Nunca escondeu nada de nós, por piores que fossem as notícias – Apolo comentou, sorrindo.

— Bom... Eu não sei se é viável entrarmos com um processo de adoção agora, principalmente em meio ao processo de divórcio de vocês dois...

— Vocês vão se divorciar? – Thea inquiriu, parando de se servir também e nos encarando com um semblante assustado – É por minha causa, não é? Não façam isso, por favor... – ela murmurou, já começando a ficar com os olhos marejados.

— Ei, calma, Bonequinha! – Apolo exclamou, se levantando do lugar dele, passando por trás da minha cadeira e indo se agachar ao lado da cadeira da Theodora.

— Achei que vocês tinham contato a ela – o Dr. Sender comentou, num sussurro, olhando para mim.

— Não. Era para ser uma surpresa – sussurrei de volta.

— Eu não queria estragar o seu casamento... Por favor, me perdoa, Mozão...

— Você não estragou o nosso casamento, muito pelo contrário, nos uniu ainda mais e estar nos dando a oportunidade de ter uma grande família. A gente ama você, Bonequinha – falei, afagando a mão dela por sobre a mesa.

— A gente queria, na verdade, queremos nos divorciar para podermos nos casar com você – informou Apolo, beijando o dorso da outra mão da Thea.

— Casar?

Ela nos encarava bastante confusa.

— Sim, Bonequinha. Faz um tempo que eu descobri que o casamento em União Estável nos permite se casar à três, mas nenhum de nós deve ser casado, por isso eu e o Mozão temos que nos separar no papel.

— E como o Ursinho disse a mim, quando a gente ama alguém, nós nos casamos com essa pessoa – Apolo completou.

Com isso, Theodora se acalmou e ficou feliz por saber que nós queríamos nos casar com ela. Todavia, o nosso advogado informou que a gente deveria escolher entre o divórcio e a adoção, pois nós não conseguiríamos obter a guarda da Gi se estivéssemos nos separando.

— Podemos deixar o divórcio para depois, Mozão? – perguntei, olhando para Apolo que logo assentiu.

— Nos casarmos no papel com a Bonequinha é só um mero detalhe, Ursinho. Ela já sabe que nós a amamos e a queremos em nossas vidas para sempre.

Sorri e olhei para o Dr. Sender.

— O senhor pode cancelar o processo de divórcio e iniciar o da adoção – murmurei, fazendo o advogado assentir com a cabeça, já voltando a comer também.

Um Jeito Estranho de Amar + Cenas Inéditas + Conto ExtraWhere stories live. Discover now