CAPÍTULO 32

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APOLO


Terminei de colocar a travessa no forno, depois me recostei à bancada da ilha da cozinha, cruzando os braços sobre o peito, meio pensativo. Não me encontrava nem um pouco arrependido pelo trato que eu havia proposto para Thea, até porque isso a tinha deixado muito feliz.

Entretanto, eu estava meio nervoso, porque não fazia a mínima ideia de como agir, pois com certeza um namoro homossexual era diferente de um namoro entre héteros. Nós, às vezes, fazíamos brincadeiras, gestos ou carinhos que provavelmente um homem e uma mulher em um namoro não faziam.

"Por que não fui como os outros garotos da minha idade na época do colégio? Por que eu não tentei ficar com meninas que queriam dar para mim? Assim eu pelo menos teria algo para me basear. Mas, não posso desistir agora. Tenho que tentar" pensei e me virei de frente, inclinando-me sobre a bancada, me apoiando pelos antebraços, deixando minha mente vagar para época em que eu e Jacob namorávamos.

Me sobressaltei minutos depois, quando escutei Theodora me chamar, fazendo-me olhar para o lado, a tempo de vê-la adentrar a cozinha, vestida em um dos roupões atoalhados de banho e com o semblante triste.

— O que foi, amor? – perguntei, já me aprumando, assumindo o papel de namorado de mentirinha.

Ela fez um bico e se aproximou, recostando-se a mim, afundando o rosto no meu braço, que logo o ergui, fazendo Thea se aconchegar ao meu corpo, abraçando minha cintura meio de lado.

— Estou com os braços doendo de tanto ficar desembaraçando o meu cabelo – ela murmurou contra o meu peito, meio dengosa.

— Oh, minha querida. Por que não me chamou? Eu teria ido te ajudar – falei, afagando seu ombro.

Theodora ergueu o rosto e me encarou, franzindo o cenho por alguns segundos, então aproveitei a posição e beijei sua testa, fazendo um tímido sorriso aparecer nos lábios dela antes da mesma voltar a recostar sua cabeça em mim.

— Estou com muita fome, amor. O que você fez para a gente comer, que tá um cheiro maravilhoso desse?

— Sanduíche de Forno – informei, já me desvencilhando dela.

Pedi para Thea colocar um descanso de panela sobre a mesa enquanto eu abria o forno e ela assim o fez, então levei e coloquei a travessa quente em cima do suporte de madeira. Theodora logo apareceu ao meu lado, com dois pratos e alguns talheres.

— Isso tá com uma cara muito boa – ela comentou, literalmente lambendo os lábios.

Sorri e nos sentamos à mesa.

— A gente vai de barco até em casa e de lá pegaremos o carro para irmos até a cidade. Almoçaremos em um restaurante, que eu acho que você vai gostar, e depois iremos até o supermercado, fazer uma pequena feira para passar o final de semana – informei minutos depois, olhando-a, e ela assentiu dizendo um "Ok" de boca cheia.

"Thea e seus modos. Nunca mudam" pensei balançando a cabeça, sorrindo, já voltando a comer.


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Um Jeito Estranho de Amar + Cenas Inéditas + Conto ExtraWhere stories live. Discover now