Apolo também saiu, pegando uma bolsa no banco de trás e trancando o carro, depois se aproximou de mim.

— Não, Bonequinha. Um amigo meu trabalha aqui e está precisando da minha ajuda como fotógrafo, mas depois que a gente sair, eu te levo para ver o meu estúdio, que não fica muito longe daqui.

Nos identificamos na portaria e o segurança, que também parecia ser amigo do Apolo, nos deu crachás de visitantes. Seguimos pelo enorme hall e adentramos um dos três elevadores.

Não ficamos muito tempo ali, dentro daquele cubículo metálico, pois logo as portas se abriram para uma outra recepção, ao qual Apolo se identificou e uma ruiva disse onde um tal de Bob se encontrava.

— Por aqui – disse Apolo pegando na minha mão, conduzindo-me por entre corredores, parando às vezes para cumprimentar ou abraçar alguém que o mesmo conhecia.

Finalmente, chegamos à uma enorme sala e meus olhos já miraram uma mesa com comida.

— Eu posso comer, Mozão? – perguntei puxando a manga da sua blusa, pois o mesmo estava olhando ao redor, procurando por alguém.

— Claro, mas se controle. Não pareça uma morta de fome.

— Mas eu estou com fome – rebati, já saindo de perto dele.




APOLO


Logo encontrei Bob, conversando com uma mulher, então fui ao encontro dele.

— Oi, Bob. Tudo bem?

— Apolo! – ele exclamou, me cumprimentando – Não está nada bem. A modelo que ia fazer o comercial acabou de ligar, desmarcando. Agora eu tenho que produzir esse comercial ainda hoje e eu não tenho tempo para achar uma modelo substituta.

— Eita, Bob. Nenhuma das modelos que você conhece pode vir?

— Não. Cara, se eu não fizer isso hoje, eu tô frito.

— Mozão, isso daqui está divino – Theodora comentou de boca cheia, parando ao meu lado, segurando um pratinho lotado com petiscos.

— Ou talvez não – Bob disse olhando para Thea, que nos encarava sem entender nada.

— O que foi? Porque esse cara tá me olhando com um sorriso esquisito, Mozão?

— Mozão? – ele inquiriu, ocultando um riso – Depois você vai me contar essa história direitinho, Apolo. Mas agora... – Bob então encarou a Theodora – Você já pensou em ser atriz ou modelo?

— Quem? Eu? Não. Nunca pensei não, por quê? – ela perguntou, já enfiando outro bocado de petiscos na boca.

— A modelo que iria fazer o comercial que o Bob ia produzir hoje, ligou desmarcando. Então, ele precisa de uma modelo substituta – informei e em seguida completei – Mas eu acho que você não serviria.

— E por que não? – os dois inquiriram juntos.

— Ela está grávida, Bob – falei passando a mão ao longo da blusa dela, ressaltando a curva da barriguinha da Thea.

— Nós damos um jeito nisso. A propósito, me chamo Bob Ehle e você?

— Theodora Raven Smith, mas me chama só de Thea mesmo.

"Será que esse era o verdadeiro nome dela? Ou a Theodora inventou o 'Raven Smith'?"

Meu amigo a conduziu para a área onde estava a maquiadora e a figurinista, apresentando as duas para a Thea, então abri a bolsa, pegando a minha câmera e conectei uma das lentes, já começando a trabalhar. Eu registrava tudo, desde o processo da maquiagem até o figurino e logo notei que a Theodora se encontrava divertindo-se muito com aquilo.

— Está na hora, Thea – Bob disse se aproximando dela – Você está maravilhosa.

Ela sorriu.

— Obrigada. Minhas tatuagens não serão um problema?

— Que nada. Elas te dão uma personalidade marcante e eu gosto disso nos meus comerciais.

Theodora assentiu, sorrindo, então ele a conduziu até onde seria gravado o comercial e deu um papel para ela decorar as falas. Thea estava muito linda com aquele vestido vermelho. O olhar dela se encontrava com um brilho que eu nunca tinha visto antes.

Ela em si estava mais radiante e eu conseguia captar tudo isso através da minha câmera. Após algumas fotos, eu decidi mudar a lente, para assim poder registrar a vivacidade da cor do vestido e do tom de pele da Theodora, que era de um tom amendoado.

Para esconder a barriga de grávida da Thea, Bob focou as câmeras, filmando-a apenas do busto para cima.

— E corta! – ele gritou tempo depois, encerrando as atividades e indo cumprimentar a Theodora – Você foi magnífica. Deveria investir na carreira de atriz e na de modelo. Você tem talento, menina.

— Sério? – ela indagou e o mesmo assentiu, deixando o sorriso dela maior do que já se encontrava, então Thea olhou para mim e se aproximou, meio saltitante – Acha que eu consigo ser modelo ou atriz, Mozão?

— Com certeza, Bonequinha. Você falou bem todas as falas e... – ergui a mão tocando sua bochecha – ...sua pele é perfeita para ser eternizada através das lentes de uma câmera.

Ela sorriu e me abraçou pela cintura, fazendo a gente se alvo de olhares surpresos e confusos, pois todos ali sabiam que eu era gay.

— Já foi resolvido a mudança com o financeiro, então na hora que vocês forem embora, podem passar na recepção e pegar os seus cheques com a Mary.

— Cheque? Eu vou receber quanto por isso? – Theodora indagou ficando de lado, encarando Bob, porém sem desgrudar da minha cintura.

— Dez mil.

— Dez mil? Eu tô rica! – ela exclamou se desgrudando de mim e indo abraçar o Bob – Obrigada!

— Dez mil não é nada, Thea – ressaltei e a mesma me encarou.

— Para você que nada em dinheiro, talvez não seja nada mesmo, mas para mim que há alguns dias eu nem tinha um teto para morar, com dez mil eu tô me sentindo a Rainha do Egito. Agora dá licença que a rainha aqui precisa trocar de roupa – Theodora falou, antes de jogar o cabelo para o lado e sair de queixo erguido, fazendo tanto eu quanto Bob sorrir.

— Vem cá, você e o Jacob ainda...

— Somos casados e ainda somos gays, Bob – informei, o cortando.

— E a Thea?

— Eu e o Jacob vamos adotar a bebê que a Theodora está esperando.

— Mas o filho é seu?

— Meu? Por que acha isso? – inquiri meio incrédulo.

— Eu sei lá, cara. Só pensei nessa hipótese porque achei vocês dois muito íntimos. Tem certeza de que está cortando a fruta certa?

Rolei os olhos.

— Bob, eu não estou apaixonado pela Thea, nem nada do tipo. O único amor da minha vida é o Jacob, e a nossa filha, que estamos ansiosos para ela nascer logo.

— Ei, relaxa, cara. Não estava falando de "paixão" ou "amor" não. Foi você que meteu isso na nossa conversa.

— Eu já vou indo, Bob. Te mando as fotos por e-mail mais tarde – falei bem sério e me afastei dele, seguindo rumo onde a Theodora terminava de trocar de roupa.

Um Jeito Estranho de Amar + Cenas Inéditas + Conto ExtraWhere stories live. Discover now