Capitulo 3 Samantha - Parte 1

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Para falar a verdade eu ainda sinto os dedos possessivos dele na minha cintura e nas minhas costas, ainda sinto as suas mãos quentes e fortes me segurando firme.
Pode parar Samantha, sua maluca, aquilo foi só um beijo nada demais e se você tiver um pouquinho só de autocontrole, isso nunca mais vai voltar a acontecer.
Me levanto e vou para o banheiro, preciso de uma ducha, tiro a roupa, ligo o chuveiro e tomo um banho, quando saio coloco um vestido de alcinhas, com flores pequenas e cor de rosa, leve e curto, um pouco rodado abaixo dos seios, quando passo pela sala ligo o som coloco Imagine Dragons e já começa a tocar a música Nothing left to say, que tanto faz parte da minha vida, coloco em modo para que fique repetindo em som baixo.
Vou até a cozinha preparo um sanduíche de peito de peru com ricota fresca e um suco de laranja. Começo a comer e a imagem de Luigi volta na minha cabeça.
Não é possível, será que estou pirando? Acabo de comer levo o copo a cozinha, volto e me deito no sofá.

Cenas, sonhos, imagens, perfume de homem... Mãos, bocas...
Não tenho ideia de quanto tempo se passa, mas acordo suando frio. De repente o lindo sonho que estava tendo, é jogado fora pelo maldito pesadelo de quase todos os dias.

Me sento no sofá e não existe mais nada das boas sensações em mim, agora o que ficou foi só as cenas horrorosas que fui obrigada a passar a um ano atrás, e que vão me aterrorizar eternamente.

Esse pesadelo é para me lembrar tudo pelo que passei. E que eu não vou mais poder sonhar com uma vida com outra pessoa, que eu não posso sentir nada do que eu estou sentindo, que é errado, e que nem sequer posso ficar me lembrando daquelas mãos, daqueles olhos azuis, do beijo que me deixou alucinada e querendo muito mais...

Andrey acabou comigo, ele me matou para todos os outros homens que poderia existir na minha vida. Não consigo mais me aproximar de homem nenhum sem sentir um medo descontrolado, e também de me sentir culpada.

No fundo se eu quiser mesmo levar um relacionamento com alguém, eu vou ter que acabar respondendo a algumas perguntas que eu não estou preparada para responder, e depois eu vou ter que aceitar a indiferença e o menosprezo da pessoa. Não, eu não posso querer isso para mim e muito menos sujeitar alguém a isso
Olho pela janela e vejo que já anoiteceu e a música continua se repetindo, vou até o som e faço que pare.

A campainha toca e como o porteiro não interfonou só pode ser uma pessoa... Então abro a porta.
- Oi Sophie. - Ela mora no mesmo prédio que eu.
- Oi Samy, você está melhor?
- Melhor? - Ela me olha de lado.
- Sim Samantha, afinal você veio para casa porque estava indisposta não é mesmo? - Ela sabe que eu menti para Larissa.
- Hum, estou melhor sim. - Falo sem olhar para ela, viro as costas indo me sentar no sofá.
- Há Samantha Avelar o que eu faço com você garota? Será que não sabe que não consegue mentir para mim?
- Há amiga desculpa, eu precisava vir para casa, tentar organizar minha cabeça, mas tenho que te falar que não adiantou nada e desculpa eu não me lembrei de te ligar perguntando se você estava de carro.
- Tudo bem, eu estava de carro, e na verdade só soube que você tinha vindo para casa porque o sr. Luigi me pediu para ligar para você, e então a Lari me avisou.
Caramba ele ligou para mim, o que será que ele queria?
- E o que ele queria comigo?
- Ele não me disse Samy, mas ficou com a voz estranha quando disse que você estava indisposta e tinha ido embora. Não tenho certeza mas parece que ouvi ele dizer:
- Caralho ela está fugindo de mim.

Não falo nada, de verdade falar alguma coisa agora só vai atiçar mais ainda a cabeça safada da minha amiga.
- O que aconteceu Samy que te deixou precisando organizar sua cabeça?
Pensando bem, como eu posso atiçar mais ainda a cabeça da Sophie? Todas as cartas já estão na mesa. Então sem poder e nem querer esconder mais nada da minha melhor amiga, eu confesso logo de uma vez.
- Amiga, ele me beijou. - A boca da Sophie se abre formando um O bem grande.
- Como assim ele te beijou? Quem te beijou? O Luigi? - Ela muda de posição no sofá. - Beijou na boca?
- Nãoooo. - Faço uma careta para ela - Claro né Sophie, claro que foi o Luigi e claro que foi na boca, você acha que estaria assim por uma beijinho na bochecha?
- Mas como isso aconteceu?
Então explico tudo para ela, não escondo nada. Falo como tudo aconteceu e fico esperando alguma reação. Ela me olha e pergunta:
- E aí Samy?
- E ai? É só isso?

- Por enquanto é. Primeiro eu quero saber o que você está achando. O que foi que você sentiu com tudo isso?

Respiro fundo. - Minha amiga, o que eu posso te falar foi que eu gostei. Gostei muito diga-se de passagem. Gostei tanto que não sei como encarar esse homem novamente.
- Oras Samy, você vai encarar ele como uma mulher adulta que você é, que sabe que esse beijo não te arrancou pedaço, e que ele é um homem lindo e gostoso que faz qualquer calcinha ficar molhada sem ao menos prestar atenção que está fazendo isso.
Sophie é uma mulher prática, as coisas pra ela são ou não são. Ela não fica pensando muito, as vezes acho que ela precisa se apaixonar realmente, eu queria só ver se ela continuaria pensando tão objetivamente assim.
Nesse momento meu celular toca, olho no visor e não reconheço o número. Como eu lido com representantes comerciais de vários lugares do mundo por causa do hotel, eu então resolvo atender.
- Sim?
- Samantha? E o Luigi. - Na hora me jogo no sofá. Sophie me olha, perguntando quem é?
- Oi Luigi. - Coço a minha testa e respondo a ele e a curiosa Sophie de uma só vez.
- Você está melhor? Pedi para Sophie ligar para você, e ela falou que você tinha ido embora porque estava indisposta.
Sophie me encara, mas percebo os cantos da sua boca se erguerem de leve.
- Sim eu acabei vindo embora mais cedo, mas já me sinto bem melhor, obrigada por perguntar. Mas... era algo urgente que você queria comigo?
- Na verdade eu queria saber se você queria sair comigo para tomarmos um drinque em algum bar na orla da praia?
Imagina, nem sob decreto eu saio com esse homem hoje.
- Hum na verdade, hoje não tem como, estou com uma companhia em casa e... - Ele não espera eu terminar de falar.
- Companhia? Espero não estar atrapalhando nada. - Ele fala e eu percebo que seu tom de voz mudou de rouco e sensual, para rouco e rude.
Porque será? Huuuum não, não pode ser, será que ele está com ciúme?
Vai garota se coloca no seu lugar, aquele deus grego com ciúme de você? Era só o que faltava...

Aquela voz indelicada fala na minha cabeça mais uma vez. Então resolvo que não tem porque deixá-lo pensar que eu estou com outra pessoa que não seja Sophie.
- Claro que você não está atrapalhando nada, Sophie só veio saber se estou melhor.
Então escuto ele soltar o ar que parecia estar preso no seu pulmão.
- Há sim, então é a Sophie que está aí com você?
- Sim ela está aqui.
- Está bem, não quero atrapalhar, vou deixar vocês conversarem em paz. Um beijo Samantha e pensa em mim.
Como posso não pensar Luigi Montrezol Stalden?
- Beijo Luigi.
Quando me viro Sophie está fazendo mímica, como se estivesse tocando um violino. Pego uma almofada no sofá e jogo nela.

- O que ele queria?
- Me perguntar se estou melhor e se queria sair para tomar um drinque.
- Porque você não convidou ele para vir pra cá? - Olho para ela como se estivesse vendo um ser de outro planeta.
- Minha querida amiga, você deve rever seu repertório de piadas, está que você acabou de usar está muito sem graça.
- Entenda como quiser, sei que em uma noite qualquer nossa de bebedeira, eu te falei que o cara é arrogante, mas até para fazer jus a ele, isso é só a minha opinião Samy, e que também não quer dizer que não posso mudá-la quando achar que devo. E outra coisa não estou falando para você se casar com ele, mas conhecer alguém não vai te fazer mal, sair tomar um drinque, beijar e dar uns amassos, não vai te fazer uma mulher de menos caráter.

Adoro o jeito da Sophie de levar a vida. Para ela é tudo tão simples sempre.
- Eu sei Sophie, mas quem sabe outro dia. - Falo mais para vê se ela para de falar um pouquinho. Sophie é uma ótima amiga, a amo com todas as minhas forças. Ela e o Evan foram os que me seguraram até minha família chegar quando tudo aconteceu, e depois que eles foram embora também, mas quando ela está com o modo:
Vou falar o que eu quiser e você vai me ouvir... Ativado minha vontade é de fazer como uma criança mimada, tampar os ouvidos e começar a cantar.
- Então tá bom, vou para casa, grite se precisar de algo. - Ela chega perto e me dá um beijo barulhento da bochecha.
Quando ela vai abrindo a porta eu grito.
- SOPHIEEEE. - Ela se volta assustada para mim.
- Que foi maluca? Que susto você me deu. - Olho para ela e com um sorriso abro os braços.
- Você esqueceu do meu abraço.
Ela caminha até a mim e me dá um abraço bem apertado.
- Há Samy Samy, se cuide, sabe que pode contar comigo.
- Sei sim, minha querida amiga.
Antes de sair ela passa no aparador e pega um bombom de avelã que eu sempre tenho por ali e vai embora.






Meu Pedaço do Paraíso - Livro 1 (Revisando)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora