Catorze - Parte II

Start from the beginning
                                    

— Você sempre diz isso! — bufou Isabel.

— Porque é verdade! — respondeu Sofía.

— Para ser honesta, eu esperava que você tivesse um plano sensacional e totalmente seguro para trazermos Daniel para dentro. — confessou Isabel, soltando a amiga e se atirando na poltrona.

Sofía sorriu.

— E eu tenho. Mas vamos precisar da ajuda de Marena.

Isabel arqueou as sobrancelhas.

— Marena ainda está aqui?

— Sim, ela não queria ir embora com o terrível Daniel Hernández solto por aí. — respondeu Sofía, falando rapidamente.

— E o que te faz pensar que ela iria querer nos ajudar a deixar ele solto por aqui? — indagou Isabel.

— Ela não precisa saber quem está ajudando. — respondeu Sofía, de forma enigmática.

— Por Deus, isso nunca vai funcionar. — retrucou Isabel — Marena é do tipo que questiona tudo. Ela vai querer saber no que está se metendo, e eu nem sequer confio nela para falar.

— Bom, confie em mim. Vai dar certo. — disse Sofía, dando de ombros.

— Como você pode ter tanta certeza? — perguntou Isabel, cruzando os braços sobre o peito.

Sofía voltou a passar a língua sobre os lábios. 

— Porque dar certo é a única opção possível.

-

Isabel andava de um lado para outro em seu quarto. Sofía tinha pedido que aguardasse por instruções no cômodo, mas a espera a corroía de dentro para fora. 

Conforme os minutos se esgueiravam e avançavam pela casa, as possibilidades de que conseguissem colocar Daniela para dentro antes que Pedro chegasse fazendo um escândalo qualquer e demandasse toda sua atenção encolhiam cada vez mais. Se os latifundiários a encontrassem na cachoeira, estava morta. Sem conseguir andar direito por conta de sua recuperação, não teria a menor chance.

Isabel começou a roer a unha de seu polegar. Pensou em rezar, mas não tinha certeza se Deus estaria disposto a ajudá-la naquela situação.

Quando a porta do quarto foi aberta de supetão, todos os devaneios da loira evaporaram imediatamente, assustados com a batida acelerada de seu próprio coração.

— Está pronta? — perguntou Sofía, enfiando a cabeça para dentro do cômodo com um olhar obstinado, mas ansioso.

Isabel sequer respondeu. Apenas caminhou para fora do quarto. Já estava pronta há horas. Diante da reação, Sofía sorriu e trancou a porta do cômodo.

— Onde você arranjou essa chave? — questionou Isabel — Só Pedro pode trancar a porta do nosso quarto.

— Marena roubou a chave mestra da casa e me deu há alguns dias. — explicou Sofía, brevemente — Na manhã em que Daniel levou o tiro e tudo mais, meu irmão tinha nos trancado aqui e você fugiu pela janela, lembra? Sua irmã me ajudou a sair com um grampo de cabelo e achou absurdo não termos as chaves da casa.

Isabel arqueou as sobrancelhas.

— Você sabe que precisa me explicar essa amizade, certo?

— Não há nada para explicar. Você desapareceu para brincar de lua-de-mel com um assassino e eu precisei fazer novas amizades, só isso. — retrucou Sofía — Agora vamos para o sótão. Vou te explicar o que faremos.

Conocerás tus sueñosWhere stories live. Discover now