Save Clara

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Não suporto olhar para a cara de Erick nem por mais um segundo

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Não suporto olhar para a cara de Erick nem por mais um segundo. Expulso o velho da minha sala quase que puxando-o pela gola. Ele pensa mandar alguma coisa aqui dentro, mas não passa de um marionete, uma peça de xadrez.

Saio da minha sala batendo a porta, indo na direção oposta. Penso que nada poderia me deixar mais irritado até que acabo encontrando com João Lucas, o novo residente, em um dos corredores. Ele esta sorrindo e ja posso imaginar o motivo.

Conseguiu? — Pergunto imaginando que ele saiba do que se trata. Se for realmente isso ficarei bem satisfeito e até posso esquecer o problema que Erick me causou.

Consegui. Hoje pela manhã. — Abro um sorrisinho. Ele realmente é bom no que se propõe a fazer. Certamente ficará trabalhando aqui quando terminar a sua residência.

Muito bom. Onde ela está? Realmente na cela do Jonas? — Ele concorda com a cabeça.  — Muito bom. Eu só quero te pedir que faça mais uma coisa antes que eu entre em cena.

Digo a ele o que pretendo que faça. Quero Clara assustada, com medo. Sei que assim vou conseguir me aproximar da menina o suficiente como o herói de sua vidinha minúscula.

Observo João Lucas se aproximar com o copo de água. Sei que ela deve estar com sede e fome após tantas horas de solitária. Ele sabe ser cruel e isso sim é um grande atributo para ser trabalhado aqui. Certamente é o que mais se destaca dentre os residentes novos.

Ele faz como o combinado e derrama o copo no chão e se afasta depois de dizer a ela algumas palavras que não pude ouvir. Ela bate na porta e começa a xingar. É exatamente assim que eu gosto.

Aproximo-me lentamente enquanto ja me mostrava preocupado. Preciso fazer a cena bem feita para ser minimamente convincente. Encosto na porta, batendo levemente.

Quem está ai dentro? Fale seu nome. — Digo como se falasse gentilmente com os loucos. Ela bate na porta de volta. Seu desespero é palpável.

É a Clara!! Irmã do Dave!! Me tira daqui! — Sorrio com maldade e abro a porta com uma feição preocupada e levemente irritada.

Clara sai e me abraça no impulso, mas logo solta sem graça. Arruma o cabelo tentando disfarçar o desespero que sentiu ha alguns minutos.

— O que estava fazendo lá dentro, Clara? As coisas aqui são perigosas. Devia estar no seu quarto. — digo em tom de preocupação.

Queria explorar, mas o João Lucas me trancou aqui! — ainda mantenho-me preocupado.

— Ele vai receber a punição necessária. Desculpe pelo que ele lhe fez passar. Não foi algo aceitável em meu manicômio — Digo com seriedade. — Vou deixa-la em um quarto individual onde apenas eu e você teremos a chave. Não acho seguro que você fique com seu irmão.

Ela fica um pouco mais séria, pensativa. Apesar disto  concorda com a cabeça. Ela gosta de ter sua individualidade, como toda adolescente sem o irmão lhe chateando. Não poderia ser melhor.

Eu concordo. Vai ser bom ter um quarto só meu. — O sorrisinho no canto de sua boca é visível. Seguimos andando pelos corredores em direção aos alojamentos.

Apenas precisamos falar com seu irmão. Ele precisa consentir, afinal ainda é seu responsável aqui dentro. — Seguimos para o Posto onde a segurança costuma ficar. Dave está lá, lendo um jornal antigo.

Aproximamo-nos da porta e bato lentamente na porta já aberta deixando que Clara ficasse em minha frente. Gosto de analisar seu corpo enquanto não está olhando.

O que está fazendo aqui fora, Clara? — Ele pergunta para a menina, que iria responder a altura. Eu resolvo tomar a palavra para falar. Preciso me mostrar como um confidente para Clara.

João Lucas invadiu seu quarto em busca de você e acabou encontrando sua irmã. Você não fechou a porta. — O meu tom acusatório é leve, mas ele entendeu o recado.

Dave vem até ela, examinando-a com cuidado e preocupação.

O que aquele merda fez com você? — Como sempre usa uma linguagem completamente inadequada.  — Se ele te machucou eu vou.../

A irmã o interrompe irritada. Ela fica bem interessante agindo dessa forma tão desafiadora. Nada mal para uma menina tão jovem.

Ele me trancou na solitária, mas não me machucou. — Dave urra de ódio da um soco na parede.

AQUELE VERME NÃO PODIA TER FEITO ISSO!! Eu vou esfolar o resto de rosto que ele ainda tem!! — Resolvo intervir para que meu residente predileto não se complique muito com o irmãozinho tão amado da menina.

As medidas contra ele serão tomadas única e exclusivamente por mim. Não quero brigas entre membros da equipe, Dave. — Digo diretamente, duro como a própria lei.

Ele olha para mim com ódio, mas parece acatar meu pedido. Clara parecia super incomodada com a conversa e resolvo que era a hora de propor novamente.

Eu indico um quarto exclusivo para ela, na área mais protegida do hospital. Seria pedir pelo pior caso fique próximo ao alinhamento. — O irmão parece não gostar, mas concorda com a cabeça.

Onde seria isso? Eu posso ir com ela. — Agora é minha vez de negar com a cabeça. Gosto de parecer preocupado mesmo que esta não seja a minha motivação.

Seria próximo ao quarto dos maiores investidores, no caso eu e Erick. Temos uma área exclusiva e com o conforto que ela merece. Você pode passar lá e ficar com ela, mas peço apenas para não intensificar muito estar visitas. Temos que deixa-la longe dos olhos do Castelli por um tempo.

Dave termina vencido. Não deixamos espaço para  Clara falar de propósito. Não quero dar a ela a chance de negar. Agora, com tudo resolvido me dirijo a ela.

— Vamos?

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