Assunto inacabado.

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Depois de minha última conversa com Thiago percebi como a nossa relação está complicada

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Depois de minha última conversa com Thiago percebi como a nossa relação está complicada. Após tantos anos longe, o garoto pensa que pode realmente ocupar o lugar de dono neste lugar. Essa função só é dele quando eu não quero. 

Agora é tarde na noite, caminho entre os quartos dos pacientes para ver se está tudo certo. Antigamente os remédios eram claramente mais fracos e nunca fazia efeito. Agora eles dormem como pedras.

Volto a área onde fica meu quarto. A ala dos donos sempre foi a parte mais bonita desse lugar e, ainda mais agora depois das reformas. Thiago sai de um dos quartos um pouco desajeitado. Com a roupa amassada e o blaser recém colocado. Tem algumas marcas de unhas no rosto. Ele estava aprontando.

— Ronda no quarto, Saether? — Ele leva um susto. Chega a ser engraçado ver como ele reage ao fazer algo errado. Sei muito bem o que ele estava fazendo ali dentro, mas não considero útil falar sobre.

— Sim. Uma bela ronda. — Sorri recuperando a postura. Ainda mais narcísico do que normalmente é.

— Não acha que está muito tarde para sair do quarto da Maya? Poderia ter dormido com ela. — Digo acompanhando os passos do dono.

— Eu tenho assuntos a resolver, Griffin. — Diz com pressa. — Tenho que receber um familiar que acabou de chegar de surpresa. Isso sim é um grande problema.

— Quer ajuda? Posso ir com você. — Disponho-me para ir junto sabendo que trata-se de uma mentira.

Embora acredite que é mentira, Thiago está estranho. Preocupado? Não, não. Ele não se preocuparia. Ele para de andar de sopetão e me olha com tanta raiva quando parecia ter do familiar que chegaria.

— O familiar que acaba de chegar é meu. — Solto um risinho e paro na frente dele com seriedade.

— Você precisa trocar essa roupa. Não quer aparecer desse jeito para seu irmãozinho bastardo. Quer? — Ele me olha com ódio e me tira de sua frente, seguindo agora em outra direção. Eu o acompanho. — Pois faz muito bem em usar uma roupa mais alinhada.

Ele vai até o próprio quarto e resolvo entrar com ele, parece até a primeira vez que seus familiares o visitaram. Fica claramente irritado e perdido. Chega a ser engraçado vê-lo assim. É verdade que faz varios anos que não vem ninguém aqui.

— O Theo e o Raí morreram em um acidente no ano passado. Um dos hospitais ficou para mim e o outro ficou para ele. — Nem mesmo o nome do bastardo ele gosta de falar. — Se vier pedir algum favor, vou joga-lo no mar.

O chefe coloca uma roupa mais alinhada, arruma o cabelo e esconde as marcas de unhas no pescoço. Maya parece ser bem violenta quando quer. Uma vez um chupão, agora marcas de unha... Ela realmente é algo que eu gostaria de experimentar.

Assim que termina de por a roupa mais arrumada seguimos para a sala de Thiago para receber o seu irmão. Assim que entra a expressão de Thiago se fecha ainda mais. O seu irmão estava sentado em sua cadeira com os pés em cima da mesa.

Despojado e desafiador, o homem sorri para Thiago.

— Olá irmão.

— Saia da minha cadeira. — O mais jovem sorri e se levanta, sentando na de convidados. Thiago fica sentado na cadeira e eu fico como um cão de guarda ao seu lado.

— Maninho, você sabe que eu te amo, não é? — Thiago arqueia a sobrancelha. — Estou com um probleminha com dinheiro.

— hm. — Diz Thiago indiferente. — E o que eu tenho a ver com isso? Não me lembro de ser babá de bastardo.

— Ah, vamos lá. Eu preciso de um trabalho. O tráfico está atrás de mim. — Então seria quase um método de fuga. Thiago ri contido.

— A sua vida é problema seu, não meu, Arthur. — O mais novo agora se mostra um pouco mais choroso. Claramente histérico.

— Não posso voltar, Thiago. É sério! Fiz dividas que não posso pagar. — Thiago sorri brevemente e apoia os cotovelos na mesa a sua frente.

— E seus hospitais? Posso saber o que fez com eles? — O tal Arthur parece afundar na cadeira e praticamente diminuir de tamanho.

— Eu perdi... Eu achei que poderia ganhar uma empresa de material escolar, mas deu errado...

— Você perdeu dois hospitais no jogo?! — Pergunta Thiago irado. — Onde está sua cabeça?! Não tem responsabilidade nenhuma!!

Até eu me dei o direito de rir ao ver a cara de arrependimento de Arthur.

— Eu ainda posso recuperar se.../ — Thiago bate na mesa irritado.

— Por mim você ficaria na sarjeta, Arthur. Você precisa se responsabilizar por suas ações. Como você consegue perder uma fortuna e ainda fazer dívidas com o tráfico?! — O outro fica quieto. — E veio aqui para que?! Pedir empréstimo?! Eu transformei esse lugar no maior hospital psiquiátrico, talvez do mundo. Se você soubesse dar valor ao dinheiro, se conseguisse controlar seu vício, isso jamais teria acontecido!

— Eu vim pedir um emprego. Estou na rua faz dois meses. Já não sei mais o que fazer. Eu errei, eu sei... Preciso de ajuda. Por favor! — Thiago revira os olhos, mas vejo o quanto estava gostando de ver o irmão praticamente implorar para ele.

— Tenho uma vaga. Se quiser trabalhar, ótimo. Se escorregar, volta para a rua em dois tempos. — Thiago jamais negaria a oportunidade de ser chefe de um de seus irmãos.

— Sério?! Vai me ajudar? — O outro abre um grande sorriso e se espreguiça na cadeira, colocando os pés novamente em cima da mesa.

— Sem vantagens sobre os outros médicos. Sem toda essa confiança. — O rapaz tira os pés da mesa novamente. — Se você sair da linha está fora. Entendeu?

Arthur concorda com a cabeça.

— Pode deixar que eu fico bem quietinho, chefe.

Chefe. Esse é o chamamento que Thiago quis ouvir de seus irmãos a vida toda. Ele sorri e recosta-se em sua cadeira confortável.

— Ah, claro! Não poderia esquecer. Me chame de Saether.

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