A resposta veio alguns segundos depois.

Val <3: Queria mesmo ver você, deve estar mais linda que o coquetel. Não acredito que já tinha saído quando eu cheguei :(

Juliana sorriu, prendendo a língua entre os dentes. Podia imaginar a namorada fazendo um biquinho manhoso enquanto escrevia a mensagem. Então, afastou o aparelho, tirou uma selfie e enviou para ela.

Valentina demorou quase dois minutos para responder.

Val <3: Ok, venha para casa agora. Estou falando sério.

Juls jogou a cabeça para trás em uma gargalhada.

"Estou morrendo de vontade, mas ainda nem achei a Fernanda. Quero sair daqui no máximo às 21h30, aí vamos jantar".

Val <3:  Por mim podemos pular a janta.

Juliana passou a mão no próprio rosto, sem conseguir parar de rir. Aos poucos a gargalhada se desfez em um sorriso apaixonado.

"Você sabe que precisamos conversar sobre a coisa da regressão. Mas não se preocupe, temos a noite toda depois disso".

Val <3: Ugh, odeio sua sensatez. Me avise quando estiver vindo para casa, vou tentar vestir alguma coisa que me deixe à altura da estilista mais bonita do México.

Com a bolsa embaixo do braço, Juliana estava digitando uma resposta rápida com os dois polegares, quando sentiu alguém tocando seu ombro. Ela se virou imediatamente.

Fernanda usava um terno perfeitamente justo de linho branco, com uma camisa social de seda azul marinho, abotoada até a gola. Os olhos eram realçados por uma sombra escura e esfumaçada, acompanhada por um batom bordô. As unhas curtas foram pintadas de um vermelho quase tão aberto quanto o sorriso que ela lançou na direção de Juliana.

— Não devia estar escondida aí, Valdés. Você está linda.

— Obrigada. Você também. — respondeu Juliana, sorrindo educadamente — Não me escondi, só estava conversando com a Valentina.

O sorriso de Fernanda se transformou em uma expressão tensa e incomodada.

— Bem, você está aqui para trabalhar, não para namorar. — comentou, irritada — Vamos lá para dentro? Já tem um pessoal importante nos esperando para falar da coleção.

Antes que Juliana pudesse responder, Fernanda agarrou sua mão e a puxou em direção a entrada da mansão.

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Juls não conseguiu disfarçar o tédio enquanto a patrocinadora britânica de sotaque arrastado com quem conversava há muito tempo insistia em mais uma história sobre os milhões de libras esterlinas que gastou no casamento de sua filha mais velha com uma jovem socialite portuguesa. Juliana estava tentando introduzir o assunto de suas coleções há pelo menos uma hora, sem sucesso.

Lançou um olhar para o Rolex dourado da mulher que estava em sua frente. Os ponteiros já batiam 22h.

— A senhora me dá licença um instante? — cortou Juliana, olhando ao seu redor rapidamente e caminhando a passos largos até Fernanda.

A dona da Arce estava debaixo das escadarias da mansão, com um copo de whisky quase vazio em uma das mãos. A outra mão estava apoiada na parede, onde encurralava uma loira alta e esguia, que gargalhava de algo que Fernanda falou.

— Fernanda? — chamou Juliana, fazendo sua parceira de coleção se assustar e dar um pulo.

— Estou ocupada. — disse Fernanda, irritada.

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