Capítulo 18

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— Desculpem-me, garotos. Minha mãe não machucou vocês, machucou? — O senhor olhou com piedade. — Ela sofreu um acidente há alguns anos e, desde então, sua memória nunca mais foi a mesma.
— Não, senhor. Não foi nada. — Rian foi sutilmente sarcástico.
— Então no que posso ser útil?
— É que nós queremos saber se há dois quartos disponíveis para 7 pessoas. — Zack respondeu.
— Para 7 pessoas... — O senhor pensou alto. — Nós temos um para quatro, mas, se não se incomodarem, podemos colocar um colchão de casal no chão. E sem cobrar nenhum adicional! — O senhor sorriu, feliz e muito satisfeito em ter aqueles dois ali.
— Eu acho que... — Rian já achava aquele hotel muito suspeito e, depois daquele armengue que iriam fazer, confirmou sua ideia.
— O colchão é um super king. — O senhor o interrompeu. — Cabem perfeitamente três pessoas e o quarto é enorme. Se duvidar, cabem mais dois colchões daquele. São duas beliches, então acho que ficaria perfeito para vocês. Posso até dar um desconto, como forma de desculpa.
— Mas é que... — Zack também tentou falar alguma coisa.
— Nós ainda temos frigobar e TV no quarto. Onde estão as malas de vocês?
— Senhor, me desculpe, mas vamos falar com nossos amigos primeiro, ok? Voltamos depois. — Rian disse rápido, puxando Zack para a saída.
Se eles não fizessem isso, o cara nunca mais os deixariam sair de lá.
— Esperamos vocês, rapazes! — o senhor ainda completou, sem sair do lugar.

— Velho, este lugar é um tanto...
— Estranho? Desarrumado? Suspeito? — Rian andava rápido, querendo sair o mais rápido possível de perto daquele lugar.
— Diferente também.
— Diferente, Zack? 'Diferente' é elogio! E aquela velha doida lá... Você gostou de tomar "guarda-chuvada"? Eu não!
Os dois foram discutindo se deveriam voltar lá ou não. Zack parecia tranquilo e sem nenhuma ressalva quanto ao hotel tããããão estranho. Já Rian era mais "realista". Era um caso de última escolha, depois de considerar até dormir na van, como sugerido mais cedo.
— Digam que nós temos um lugar. — Alex, que estava com o vidro aberto, suplicou, antes dos dois entrarem no carro.
— Por favor! — Maria abriu a porta de vez.
— Tudo bem, tudo bem. — Eles foram entrando e se acomodando.
— Então isso significa que vocês não conseguiram lugar nenhum?
— Nem me fala nisso, Rian. Nem fala! — Maria falou com a mão levantada, indicando sua indignação.
— O que aconteceu?
Alex e Maria foram os responsáveis por contar as histórias do que tinha acontecido, mesmo com Jack se intrometendo, para dar sua versão, sempre que podia. Zack e Rian até tentaram, mas quando um falava por cima do outro, e Aiala ia dando palpites do que eles deveriam ter feito, e Kara só conseguia falar o quanto o tal Caleb era bonito, ficava meio difícil de se concentrar. O importante foi que o essencial eles conseguiram entender.
— No fim, ninguém sabe realmente se tem vaga ou não no hotel. — Rian riu.
— E vocês, o que aconteceu? — Alex perguntou.
— O primeiro estava lotado, e o segundo...
— Por que vocês não voltam aos hotéis, para ter certeza que não tem um quarto, pelo menos? — Zack interrompeu inteligentemente o amigo. — Assim, vocês três ficam em paz. E nós quatro nos ajeitamos depois. Alex e Jack vão ao hotel que as meninas foram, e Aiala, Maria e Kara vão ao hotel que os dois foram rejeitados.
Ok. Parecia que alguém tinha tido uma ideia sensata. Se todos eles não se deram bem na caça por um quarto, se trocassem os grupos, talvez, a mulher que negou um quarto ao Jack abriria uma exceção para as meninas, e a mulher ciumenta conseguiria um quarto para os meninos.
E a ideia foi muito bem aceita. Em menos de um segundo depois de Zack falar, os cinco saíram correndo.
— Cara, me orgulho de ter um amigo tão inteligente quanto você. — Rian deu dois tapinhas emocionados no amigo, ajeitando-se confortavelmente no carro.

— Ok. Eu admito! — Alex parou no meio do caminho, fazendo Jack dar dois passos para trás, a fim de ouvir o amigo.
Sentiu-se orgulhoso por conhecer tão bem as pessoas ao seu redor.
— Eu vi Holly falando com você no MSN! Dizendo que tinha uma surpresa, que chegaria nesta semana e que, se não chegasse até sexta, era para você procurá-la.
Ele disse de uma vez só, respirando fundo no final.
— UAU! — Jack disse boquiaberto, querendo compreender tudo o que Holly dissera, mas ela realmente não tinha falado nada sobre viagem ou surpresa. — Muitas novidades numa frase só.

— Eu tenho uma melhor, se liga. — Rian colocou a cabeça do lado de fora da janela, enquanto passavam duas garotas de saia do outro lado da rua, e gritou: — A de calça é a mais gostosa!
As duas olharam para as pernas para ver quem estava de calça, e os dois dentro do carro rolaram de rir delas. Bem, eles tinham que arranjar alguma coisa para passar o tempo, não é?
— Essa foi boa! — Jack entrou no carro, dando risada também. — Vou usar mais vezes.
— E aí? — Zack perguntou animado.
— Nada. — Alex entrou logo depois. — Com crise de ciúme ou não, lá não tinha onde ficar.
Os quatro pararam um pouco para refletir, parecendo quatro pessoas sérias e compenetradas. No entanto, assim que olharam um para o outro, começaram a rir. E riam escandalosamente, até o ponto que suas barrigas começaram a doer.
Eles nem sabiam ao certo por que estavam rindo. Talvez, só o fato dos quatro estarem juntos ali, a poucas horas de tocar num festival, já fosse importante o bastante para todos estarem tão felizes.
— Pelo menos, nós temos uma van. — Jack disse com alguma dificuldade.
— E três das garotas mais bonitas da cidade. — Rian fez sua melhor cara de cafetão, fazendo os outros rirem mais e levantarem dois dedos. — Ok. Duas das mais bonitas da cidade e uma das mais bonitas das nerds do primeiro ano!
— Temos dinheiro para comida... — Alex continuou.
— É, podemos entrar para a galera do HIP HOP. — Zack fez os movimentos que os "mano" fazem com as mãos. — Ya know, nigga. We have car. Girls n money!
Eles gargalharam ainda mais alto.
— Acho que temos tudo. — Alex concluiu, fazendo os outros três concordarem, rindo.
Mas não. Alex não tinha tudo. Nem Jack. Nem Rian. Nem Zack.

Os garotos ainda ficaram algum tempo jogando conversa, até as garotas voltarem com humores muito diferentes. Aiala e Kara pareciam querer segurar o riso, enquanto Maria sentou no seu lugar, cada vez mais emburrada.
— O que aconteceu?
Essa simples pergunta de Jack fez Aiala e Kara não conseguirem mais se segurar e quase morrerem de rir, enquanto Maria jogava uma olhar mortífero para as duas. Zack sorriu junto com elas.
Parecia que Aiala havia repensado suas atitudes.
— Eu vou matar aquele garoto. O quarto era nosso! Loiro aguado dos infernos!
— Ai, ai. — Kara enxugou as lágrimas, que caiam de tanto ela rir, e explicou: — Maria encontrou o mesmo idiota do hotel anterior nesse hotel que estávamos e "roubou" a chave do último quarto disponível.
— E pior... — Maria se intrometeu revoltada. — Ainda perguntou se eu não queria dividir a cama de casal com ele! Pela segunda vez! Isso é perseguição!
— Pior nada, amiga. Pior foi você disputando a chave com ele no meio do pessoal. — Aiala continuou a história. — Vê-lo te fazendo de bobinha foi a cena mais impagável da minha vida.
— Ele fez isso mesmo?! — Alex deu uma risada escandalosa.
— Não se mete, Alex! — Maria gritou com ele. — O que nós vamos fazer agora?
— Almoçar. — Rian decidiu, ao ouvir o grito de socorro da sua barriga.
— É, lá, com calma, a gente vê o que faz. — Alex voltou ao seu lugar de motorista e ligou o carro.
Em menos de cinco minutos e sem virar rua nenhuma, eles encontraram um típico restaurante americano que servia hambúrguer com fritas.

Os sete estavam sentados numa mesa, compenetrados e pensativos sobre a situação na qual se encontravam.
— E agora? — A simples pergunta de Kara pareceu bem complicada.
— Que horas vocês têm que estar lá no festival? — Maria se preocupou.
— Às quatro e às cinco e meia a gente sobe no palco.
Alex respondeu e fez todo mundo retornar aos seus pensamentos. Zack e Rian se entreolharam, discutindo pelo olhar se deviam ou não contar sobre o hotel maluco.
— Rian... — Aiala percebeu a troca e o chamou. — O que houve no segundo hotel?
Ela perguntaria isso a Zack, se não fosse tão difícil assim voltar a olhar nos olhos dele, de tanta vergonha que ainda sentia. Mas Zack fingiu que a pergunta tinha sido feito a ele e respondeu:
— Não acho que vocês gostariam muito do que encontrariam.
— Lá é um lugar sinistro... — Rian completou.
— É só pra caso de última opção, mesmo!
Aiala não ligou para o que eles disseram, estava mais concentrada em segurar a imensa vontade de pular por cima daquela mesa e arrancar inúmeros beijos de Zack, que, propositadamente ou não, estava muito mais bonito naquele dia. Notar aquilo, imediatamente, fez Aiala sentir ciúme. Não aguentaria ver aquelas groupies dando em cima de seu... De Zack.
— Velho! Vocês só não são mais lerdos porque só são seis! — Jack bateu na testa. — Ainda temos uma salvação!
Todos se entreolharam com um pouco de medo.
— Temos?! — Alex disse cético.
— Claro! A gente nem procurou o hotel que o frentista indicou!
— É mesmo! — Maria se animou.
— Ah, não! — Alex fez objeção. — Eu não fico lá de jeito nenhum, gente... Por que vocês não cogitam a possibilidade de dormir na van?
— Deixa de loucura, Alex. Não vai doer ir lá ver, vai? — Kara respondeu.
Eles começaram a discutir e, mesmo a contra gosto, Alex teve que aceitar, até porque era ele contra todos os outros. Havia certa desvantagem aí.
Quando estavam a caminho da van, o celular de Jack começou a tocar desesperadamente, ainda era aquele toque dos et's, mas, ainda assim... Ao ouvir isso, Alex correu para o lado de Jack, quase arrancando o telefone das mãos dele e atendendo-o.
— Oi, MÃE! — Jack frisou para Alex ouvir e deixá-lo em paz, mas não foi o suficiente. Alex só relaxou quando Jack finalmente desligou o celular. — Vai ficar ouvindo minhas conversas agora?
— Só as que eu achar necessário. — Alex deu de ombros, aumentando os passos e passando na frente de Jack, deixando-o irritado com aquela atitude. 

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now