Capítulo 13

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  — Aiala, passa aqui, antes de ir ao ensaio?
— Sim, senhora. Mais algum desejo que possa realizar?
Era sábado de manhã e Maria ligou para Aiala. Era a vez de ela contar a Aiala o que tinha em mente. O que iria fazer. Ela não sabia ao certo como a amiga reagiria, mas precisava tirar, pelo menos, um peso de suas costas.
Deitou na sua cama, pensando no que tinha acontecido ontem. Aiala estava morrendo de ciúme da nova amiga dos garotos. Com certa razão, pensou, ela nos pegou num péssimo momento.
Ficou olhando o teto, por alguns segundos. Um teto tão branco que a irritava. Odiava coisas totalmente brancas. Precisava colocar alguma coisa naquele teto. Em compensação, seu quarto tinha paredes rosas, daqueles fechados, que combinavam com preto, que, aliás, eram as cores das suas prateleiras e da escrivaninha em que ficava o computador. O seu guarda-roupa era feito de vidro esfumaçado, em acabamento preto, e ficava em frente à cama. Como o quarto era bem espaçoso, havia alguns puffs coloridos no canto, ao lado da escrivaninha, e uma janela com cortinas de desenhos variados, bem fofinhos. Do outro lado do quarto, os mais desavisados veriam apenas um espelho enorme, mas que era uma porta de correr que dava para o seu banheiro. Era um quarto bem menininha, porém era de dar inveja em qualquer pessoa que odiasse rosa.
E a última coisa que a fez ficar olhando fixamente para um ponto no resto da parede ao lado do espelho/porta do banheiro: um mural de fotos, que não tomava a parede toda, mas ocupava um bom espaço. Tinha fotos de todas as épocas da vida de Maria. De um ultrassom de quando sua mãe estava grávida, vestida de coelhinho numa festa da pré-escola, com os amiguinhos do infantil, várias fotos dos seus aniversários, sorrindo com a janelinha aparecendo e, à medida que ela ia crescendo, fotos de festas iam aparecendo. Dos quinze anos, luais, dos primeiros shows que viu do All Time Low, vestida de líder com a equipe... E uma recente em que Holly ainda aparecia sorrindo, abraçada a Alex. Estavam todos na foto.
Mas, ao ver Jack, Maria se lembrou de que também precisava falar com ele. Jack estava estranho, como se ainda não tivesse cem por cento certo sobre Alex e ela. O que ela achava uma tremenda idiotice porque só se ela estivesse se encontrando às escondidas com Alex num lugar muito secreto. E riu ao imaginar uma história dessas.
Ah, também precisava ligar para Alex. Ele tinha que ir com ela encontrar Francesco ainda nesta semana.
Maria respirou fundo. Eram tantas coisas que aconteciam ao mesmo tempo para alguém que só tinha 18 anos.
Não o bastante. Ainda havia Holly, que não dava notícias, com seu celular sempre na caixa e sem responder seus e-mails.
Sem pensar, ligou para a casa dos pais dela...
— Alô? — gritou desesperada quando atenderam.
"Oi! Pois é, nós não estamos. E se você sabe pra quem ligou, pode deixar recado que a gente retorna. Se não, deixa recado que a gente retorna também, só pradizer que você ligou errado!"
Maria riu do recado. Só poderia ser a doida da Holly mesmo.
E não foi desta vez que ela conseguiu. Largou o telefone em cima da cama e correu para tomar banho. Precisava estar muito relaxada para conversar com Aiala.

Wazzap, dude? — Aiala apareceu no quarto, imitando alguém do gueto.
Yo, man! — Maria riu e levantou a mão para a amiga fazer um high five.
— Besta. E aí, como tá? O que me conta? Já terminou de se arrumar?
— Calma, aí! Uma pergunta de cada vez, por favor!
Aiala deu de ombros e sentou com todo cuidado na cama, para não se desarrumar muito.
— Falou com o Zack, depois de ontem? — Maria perguntou enquanto terminava de arrumar o cabelo num "rabo de cavalo".
— Acredita que ele não teve nem a ousadia de me ligar? Agora, sim, eu estou realmente muito furiosa com ele! — Ela se olhou no espelho, tentando fazer um fio rebelde voltar ao seu lugar.
— Hum... É... — Maria parou o que estava fazendo e ficou pensativa, encarando Aiala pelo espelho.
— Fala logo o que houve, Maria. Você tá tentando me falar alguma coisa e isso já tem um tempo, não é?
— É.
Maria se jogou com tudo em cima da cama, sentando de frente para Aiala.
— É que... Sabe, Aiala, eu decidi... — Ela estava começando a tremer de nervosismo. Era muito difícil falar, porque sempre foi uma coisa que ela gostou. Sempre foi o que a fez feliz durante um bom tempo. E muitos veriam como se Maria estivesse desistindo. — Eu pensei muito sobre isso, pensei bastante mesmo, mas... Eu vou sair da equipe.
Foi o suspiro mais longo que Maria deu em toda a sua vida.
— Como assim? Por quê? — Aiala ficou sem entender.
— Eu preciso pôr algumas ideias em dia, sabe? Quem sabe, arranjar outra coisa pra fazer, escolher outro público, crescer. E estar na equipe só iria atrapalhar os meus planos. E, desculpa se eu não posso contar a você agora, mas, depois, eu te prometo que você será uma das primeiras pessoas a saber o que eu vou fazer. Da minha boca.
— O que está acontecendo com o mundo? — Aiala não resistiu. — De repente, tudo ficou maluco!
— Eu sei. Parece inesperado. — Maria explicou. — Mas não é, eu juro. Eu já, há um bom tempo, penso nisso e não queria dizer nada, antes que fosse uma certeza para mim. Quero ter meus amigos ao meu lado, porém preciso pensar no meu futuro, na minha vida.
Seja lá o que Maria estivesse armando, ela precisava de apoio. E, Aiala, apesar de ter ficado surpresa com a decisão da amiga, não poderia deixá-la de lado nesta hora.
— Se você tiver certeza do que tá fazendo, eu te apoio. Não importa com o que seja. Mesmo que seja roubar um banco. — Aiala sorriu e involuntariamente abraçou Maria. — Você vai contar para todo mundo quando?
— Hoje.
— E SÓ AGORA VOCÊ ESTÁ ME CONTANDO? — Aiala cruzou os braços, chateada, mas desfez rápido a expressão, imaginando o que viria a seguir. — Você sabe que as meninas vão te matar, não é?
Maria riu alto.
— Se sei! Mas acho que nós podemos vencer o mal, não é?
— Claro! Ninguém é páreo para nós! — Elas trocaram um high five de novo. — Agora, vamos, que a tarde será muito longa!

— Vocês deveriam ir com mais cuidado, sabe?
Jack sugeriu, ajeitando seu instrumento. Os quatro entraram numa conversa aleatória, enquanto se ajeitavam para o ensaio, e acabaram entrando num assunto muito polêmico: Kara.
— Ah, não! Não me diga que você também não foi com a cara da Kara! — Rian mostrou impaciência na sua voz.
— Não, caras, não é isso. Não tem nada de errado com ela. Ela é super legal e tal... Só que não dá pra ignorar o fato de que Maria e Aiala não conseguiram assimilar essa nova realidade.
— Nossa! Como o Jack falou bonito agora. — Rian o olhou espantado e repetiu o "assimilar essa nova realidade".
— Depois elas se acostumam, rapaz.
— Você sabe que não é assim, Alex. Eu, apesar de não aceitar, entendo essa resistência das meninas. Faz 3 semanas que estamos sem a Holly, e ela era um tipo de cola invisível entre as duas. Não é pedir muito para irmos com mais cuidado.
— Veja bem, Jack, acho que a palavra certa nem é cuidado. As meninas, quer dizer, a Aiala, pelo menos, tá doida. — Zack disse descontraído. — Mania de perseguição ou, talvez, só paranoia mesmo. Mas ela acha, de verdade, que a Kara tem alguma segunda intenção ou qualquer coisa do tipo...
— Falando nisso... Tu ainda nem falou com ela depois de ontem, né? — Rian quis saber das fofocas.
— Não...
— Ai, meu Deus! — Alex fingiu uma preocupação muito afetada. — Zack e Aiala há mais de 12 horas sem se falarem... O mundo vai acabar!
— Nah... Quando a gente acabar aqui, eu ligo pra ela.
— A gente vai ao "Êxodus" depois daqui, né? — Alex perguntou.
— Ô, tanto tempo que a gente não vai lá que, se a galera já não mudou totalmente, já não se lembram mais quem é a gente. Rimou! — Rian riu. — Eu sou um poeta! Mas... A Kara vem e vai?
— Vem e vai, né? RUUUUUMMM! — Os outros três zoaram com a cara do amigo.
— Tá danado!
— Quem tá danado desse jeito?
Kara apareceu no porão, fazendo Rian ficar sem graça até o último pelo do seu dedão do pé, enquanto os três quase tinham uma síncope de tanto que riam.

— Ok, gente, vocês já se aqueceram demais! — A treinadora bateu palmas, chamando a atenção. — Venham aqui, que a gente precisa conversar.
Um bando de garotos e garotas (ok, nem tantos garotos assim. Só havia dois) com roupas de ginástica sentaram-se de frente para a treinadora, esperando a conversa começar. Maria se postou ao lado da treinadora.
— Pronto, gente?! Agora, silêncio, que Maria vai dar um recado.
Os olhos curiosos fitaram Maria, em busca de esclarecimentos. Aquilo seria difícil. Um frio na espinha percorreu o corpo dela enquanto tentava fazer com que as palavras saíssem da sua boca.
Quinze pessoas estavam sentadas à sua frente. Companheiros de equipe. Ela tinha prometido que não choraria, mas, com a situação na sua cara, Maria percebeu que as promessas não levam em conta na hora de encarar o problema. Droga.
— A coordenação pediu para fazer surpresa, mas eles não se tocaram que os nossos uniformes são feitos sob medida...
— Mentira! — uma das garotas falou mais alto do que deveria, animada, já prevendo o que Maria iria falar.
— Verdade, Britanny. A direção aprovou o pedido para mudar as cores e o modelo do uniforme! — Ela sorriu com a animação que as outras demonstraram. — Chega de vermelho para a gente. Agora, todos os jogadores, atletas e líderes de torcida se vestirão de azul!
As vozes foram aumentando a um ponto que todos falaram juntos e ninguém entendia nada.
— Pera, gente! Pera! — Maria tentou por alguma ordem. — Nós vamos fazer tudo esta semana, para, daqui a quinze dias, estarem prontos para a abertura do campeonato intercolegial de futebol americano, que, como todo mundo já sabe, será aqui no nosso colégio. Mas não é só por isso que a nossa série tem que ser a melhor de todos os tempos... — Agora, sim, Maria teria que deixar de enrolar e ir direto ao ponto. Então, abaixou o tom de voz. — É que... Linzy, você ainda tem a lista das meninas que foram reprovadas no nosso teste?
— Tenho, sim, Maria.
— Pois chame a próxima da lista. — Ela respirou fundo e continuou de vez. Era agora ou nunca: — Eu deixarei a equipe.
— VOCÊ O QUÊ? — Linzy gritou, sem querer. — Você não pode! É a nossa capitã! É a estrela principal!
Linzy era uma das "fãs" de Maria. Achava que todo o "sucesso" e os últimos dois títulos que eles tinham ganhado de "melhor equipe de líderes de torcida do Estado" deviam só, e somente, à Maria.
— Por quê? — Linzy perguntou, agora, com um ar tristonho em sua voz.
Bem que Aiala falou que as meninas iriam matá-la.
— Lin... Eu tive que decidir entre a minha rotina de cheerleader ou dar um passo à frente. Deu para perceber o que eu escolhi, né? — Maria tremeu a voz e seus olhos encheram de lágrimas, mas nenhuma ousou se mostrar. — Além disso, eu só estou antecipando o que iria acontecer no fim do ano, pessoal! Vocês sabem que eu estou no último ano. De qualquer forma, vocês não me teriam mais aqui por muito tempo.
— Você só tá se esquecendo de que nós ainda nem entramos no 2° bimestre, Maria... Ainda tinha muito tempo para você ser nossa companheira. — outra líder, que parecia mais compreensiva, lembrou-se e sorriu, querendo demonstrar o carinho que sentia.
— Com tanta gente querendo estar entre nós, ela vai e desiste assim, do nada — alguém comentou alto, sem intenção de ser ouvida, mas com intenção de alfinetar.
— Pera aí! Eu não estou largando "do nada". Vocês sabem que eu amo isto aqui, que nos apresentar para o pessoal é a coisa que eu mais amo neste mundo. Então, não venham me dizer que eu não dou importância, pois me dediquei 100% nisso. E vocês são testemunhas. Eu vou sentir muita saudade de treinar com vocês, de me sentir bem em um grupo, de reclamar porque tinha festa na sexta, mas tinha treino no sábado, e eu não poderia aparecer toda desmantelada... Apesar de eu ter aparecido meio anormal umas duas ou três vezes... — Maria fez todo mundo rir. — De comemorar nossos títulos, nossos jogadores. Cada momento aqui foi MUITO especial, nem tem como descrever. Ninguém sente a felicidade que eu sinto ao me apresentar... Ninguém. Então, por favor, não falem que eu estou desistindo quando eu não estou. Vamos fazer o melhor na abertura dos jogos. E, além disso, eu ainda estudarei aqui. Vou ajudá-los sempre que precisarem.
Ela sorriu e depois do "UHUL, essa é minha amiga!" de Aiala, todos começaram a dar gritinhos e bater palmas.
Eles estavam perdendo uma líder, mas precisavam ganhar um jogo, não é verdade?
— AH, sim! Uma última coisa, ok? — Maria riu e passou o dedo pelo canto do olho, sem deixar a lágrima aparecer. — Vamos deixar os torcedores se surpreenderem, certo? Não contem nada do que foi dito aqui. Vamos deixar todo mundo de boca aberta naquele jogo!
O acordo foi feito. Só restava esperar que ninguém abrisse a boca.

Não foi a falta de tentativa que fez Zack ficar sem falar com Aiala após o ensaio, foi a falta de vontade da parte de Aiala, que quase cansou de ignorar as chamadas do namorado.
— Eu posso matar o Zack? Muito obrigada — ela reclamava dentro do carro enquanto ignorava mais uma ligação dele.
— Que desperdício! — Brianna brincou.
Aiala estava com Maria e mais três garotas no banco de trás do seu carro. Essa história de Maria sair da equipe deu um fôlego para mais uma comemoração. Eles estavam indo a um bar, passar a noite de sábado.
— Ei! — Aiala brigou com ela. — Eu tô com raiva dele, mas ele ainda é meu. Resuma-se à sua insignificância, tá?
— Que absurdo, Aiala! — Lee, a oriental da galera, comentou. — Só porque você tem um namorado HOT!
— É hot, mas é meu. — Aiala deu língua pelo retrovisor. — Agora, deixem de falar da beleza do meu namorado, que eu estou começando a ficar com ciúme.
— Ciúme da gente falando dele e não de você? — Maria riu.
— É, mais ou menos por aí...
E o carro era só gargalhadas de 5 garotas.

— Bem, vocês são testemunhas. Eu liguei. Ela quem não quer atender. — Zack fitou o celular enquanto entrava no carro de Alex. — Não vou ligar mais também.
— Que menino birrento, mamãe! — Jack apertou as bochechas do amigo, que deu um tapa, para se afastar do beliscão.
— Relaxa. Amanhã, você manda um buquê de flores e fica tudo bem. — Alex estava zoando com Zack.
— Até parece que eu vou fazer isso... — Ele rolou os olhos.
— Mas deveria. — Kara se imaginou no lugar de Aiala. Alias, de qualquer garota. Toda garota devia ganhar um buquê de algum garoto.
— Mas não vou. Ela que começou com as idiotices dela. — Zack bateu o pé, mas depois abriu um sorriso. — Quem deveria ganhar um buquê de rosas vermelhas era eu.
— Que romântico! — Rian pôs as duas mãos na bochecha, fazendo-se de fofo.
— Olha ali! — Alex apontou para rua, de surpresa, rindo. — Olha a Aiala comprando as rosas do Zackzusko dela!
— Oh, idiota! — os passageiros gritaram em uníssono, e Rian, aproveitando que estava atrás do banco de motorista, deu um belo tapa na cabeleira de Alex.

— Fa-le sé-rio. — Aiala falou pausadamente, aparentemente, olhando o nada.
— Sério, mesmo, aqueles sapatos lindos da Gucci estão vendendo na Zara. Não é original, mas é i-gual-zinho.
As garotas já tinham se acomodado em uma das mesas do bar e conversavam sobre roupas, e acessórios, e afins. O bar não estava tão cheio quanto costumava ficar. Nem precisaram pegar fila para entrar, mas também ainda estava cedo. Ainda não tinha dado 8 horas direito e só começava a lotar quando davam umas 10 horas da noite.
— Não é disso que eu tô falando... — O ponto fixo em que Aiala olhava criou uma curiosidade imensa em Maria, que, até, ela virou para trás para olhar, já que estava de frente para a amiga. — É daquilo.
Aiala não conseguia nem ao menos se fazer ouvir com aquela cena. Foi o seu dedo apontando para a cena, que fizeram todas as garotas ao seu redor olhar e instantaneamente abrir as bocas, sem acreditar no que seus olhos estavam vendo.
— O que aquela bisca loser tá fazendo com seu namorado? — Molly perguntou indiscreta.
Aiala fingiu que não estava ouvindo e ficou prestando atenção nas cinco pessoas que entravam no "Êxodus".
Não tinha nenhum problema Rian apontar para uma mesa do outro lado, nem Alex conversar qualquer coisa que fosse com Jack. Esse não era o problema. A questão eram as duas pessoas que iam seguindo os outros três, rindo alegres e felizes, sem perceberem que existiam mais pessoas no local, além dos dois. Até pareciam eles dois, no começo do namoro, quando tudo eram só flores e risadas apaixonadas.
Zack sabia que era importante na vida de Aiala, que era o protagonista da sua história. Então, por que estava tão próximo, tão perto de Kara?
— Agora, essa garota pegou pesado. — Aiala levantou com raiva, sem pensar no que iria fazer. Iria lá, arrancar o cabelo dela, se precisasse, mas não ficaria quieta.
— Calma aí! — Maria levantou, impedindo-a e fazendo-a sentar de novo.
— Calma o que, Maria? VOCÊ TÁ VENDO ISSO? — Ela não estava ligando para a discrição e apontava abertamente para eles. Que, por uma questão de arquitetura, não conseguiam ver quem estava do outro lado do bar. — TÁ VENDO? Eu disse! Eu disse, desde o primeiro momento que eu vi essa daí. Ela não tinha boas intenções, nunca teve.
— Eu conheço aquela menina! — Brianna comentou. — Ela é da minha sala de laboratório. Meu Deus! Eu sempre a vejo andando com uma das maiores fofoqueiras que eu já conheci!
— Tá vendo de novo? Eu disse que já tinha visto-a em algum lugar! — Aiala apontou para Brianna, encarando Maria. — ESSE SAFADO! O que o Zack quer, dando espaço para essa biscate? Eu sabia que ela não tinha nada de quietinha. Maria, me segura! Se ninguém me segurar... Alguém vai morrer e não sou eu!
— Pera aí, gente. Vamos manter a pose. — Lee se manifestou. — Aiala, você não vai até lá fazer escândalo.
— Você devia chegar lá de mansinho, fingindo que não aconteceu nada. — Maria tentava não criar confusão. — E dizer só oi, e voltar.
— Ou, então, sentar com aquele cara bonitão que está sozinho no balcão do bar. — Brianna queria ver o circo pegar fogo.
— Ou isso. — Maria concordou. — Um pouquinho de ciúme nunca fez mal a ninguém. Mas sem exageros, ok?
Aiala refletiu, por alguns minutos. Se bem ela não estava, mal é que não ficaria.
— É, vocês têm razão. Que mal há em conhecer gente nova, né?
E lá foi ela em direção ao loiro de olhos azuis chamativos, que, provavelmente, deveria ter não mais que 20 anos. O que já era bom demais para uma garota de 17 anos que queria impressionar o namorado de 18.
Ela não estaria traindo o namorado, só causando ciúme. Zack precisava se sentir ameaçado um pouquinho, afinal, Aiala estava se sentindo.

— Eu iria fácil para o Big Brother! E ainda ganharia. — Rian falou.
— Ganharia uma banana! Em uma semana, o povo iria te mandar embora, porque, cara... Tu, de vez em quando, é chato pra caralho. — Jack riu.
— Que nada, eu seria bem legal. Eu sou uma pessoa fácil de lidar.
— Eu que não iria! — Kara comentou. — Se bem que ganhar um dinheirinho fácil assim é até bom!
— Fácil é. Difícil é entrar lá!
— Acredite, Kara, ele sabe... — Zack cochichou, mas com a intenção de todo mundo na mesa ouvir. — Rian já se inscreveu, mas não conseguiu entrar.
— MENTIRA! — Kara não aguentou e explodiu em risadas.
— Ah, qual é! Eu juro que queria estar lá, mas parece que não sou homem suficiente. Bobocas da TV.
— Talvez, ano que vem, cara. — Jack deu dois tapinhas de consolação nas costas de Rian.
Alex se manteve calado, parecendo divagar com seus próprios pensamentos ou, talvez, só dando uma olhada no 'material' do bar. No entanto, estava bem mais perto que os seus pensamentos queriam estar e olhando o que não queria ver.
— Que golpe do destino, não? — Alex falou a si, escondendo os dentes num sorriso.
— O quê? — Zack, que estava ao seu lado, ouviu.
— Aiala. — Alex disse simplesmente e apontou com a cabeça na direção em que ela estava. — Acho que ela não imagina que você conhece o Kellan.
Zack franziu o cenho, confuso com o que Alex estava dizendo, até olhar para o balcão. Aiala estava em pé ao lado de Kellan, o loiro dos olhos azuis, e pareciam estar numa conversa muito interessante, já que ele conversava, pegando na mão da sua namorada. A expressão de Zack saiu de confusa para uma mistura de raiva e incredulidade. Apesar de saber, lá no fundo, que Aiala queria só causar ciúme nele, ela escolheu o cara errado para aquilo. Não que Zack odiasse Kellan, ao contrário, ele até o achava bem legal, mas Kellan tinha o charme que nenhum outro cara tinha e conseguia deixar a mais insensível das mulheres virar um poço profundo de sentimentos. Era o cara mais Don Juan que poderia existir na face da terra e usava todas as artimanhas possíveis para ter a mulher que estava de olho... Só que ele poderia escolher qualquer uma, menos a sua Aiala.
Foi quando ela sentou no banco ao lado do dele.
— Que coisa estúpida! — Ele balançou a cabeça, olhando a cena e, então, abriu um sorriso que poderia ser descrito como sádico. — Se é ciúme que ela tá tentando causar, vamos lá.
Ele levantou, deixando Alex rindo e os outros três se perguntando aonde ele iria.
— Eu também não faço ideia.
Foi só o que Alex conseguiu responder, enquanto via Zack se aproximar do balcão. 

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now