Capítulo 14

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  Alex assistia, achando um pouco de graça, Zack sentar ao lado de Aiala, enquanto ela não se dava conta de quem estava ao seu lado. Ele conseguia se imaginar na posição de Zack, lembrando-se de como era com Holly, nas várias tentativas frustradas e não frustradas dela fazer ciúme nele.
E o celular de Jack tocou.
Involuntariamente, Alex ouviu a conversa:
— Não é uma boa hora pra essa ligação... — Jack ficou constrangido e diminuiu o tom de voz, quase sussurrando: — Hum... É, exatamente isso. E parece que nós vamos ter que nos preparar para uma briga entre Zack e Kellan... Um amigo nosso... Tem, sim... Aiala... É, você tá bem perspicaz... — Ele riu. — Fala sério! Juro. Tá, vai logo... Eu tô dizendo que eu vou contar! Si, si, como no... Agora, chega, né? Amanhã à tarde, ok? Tá. Beijo. Tchau!
— Namorada nova? — Alex olhou desconfiado para Jack.
— É só uma amiga...
Aquela resposta não pareceu ser o suficiente. A probabilidade de Jack continuar em contato com Holly era muito maior que as que ele imaginava e a paranoia estava batendo. E se Jack continuava a falar com Holly? E se ele sabia quando ela voltava? O que estava acontecendo com ela? Se ela estava mal?
Alex tentou afastar esses pensamentos e focar nos acontecimentos daquele instante, mas estava difícil.
— Não era a Holly, Alex. Eu nunca mais falei com ela. — Jack esclareceu.
O incrível era que essas palavras não foram o suficiente para convencê-lo.

— Você tem mesmo só 18 anos? Não parece. — Aiala jogou charminho para Kellan.
— Nem você... — Ele foi aproximando-se. — Digo, você é bonita demais, para ter só 17 anos.
Ela ajeitou o cabelo. Como era bom ouvir aquilo de outro homem! Não que Zack não a enchesse de elogios e mimos, mas era outra pessoa, alguém desconhecido que nunca havia falado com ela antes. Contava mais, de certa forma.
Kellan era realmente muito encantador e sabia prender a atenção das mulheres, mas, mesmo assim, Aiala não deixou de perceber a mão de alguém, que estava sentada ao lado dela, chamar o barman. Esse movimento pareceu despertar Kellan para sua volta.
— Cara! O que tá fazendo aqui, irmão? — Ele levantou e bateu a mão na de Zack.
O mais devagar que pôde e com o máximo cuidado que alguém poderia ter, Aiala olhou no fundo dos olhos de Zack e fugiu, no mesmo instante, olhando para as manchas do balcão.
Era a vergonha que havia aparecido.
Besteira, idiotice e estupidez tentar fazer ciúme em Zack. Ela confiava nele, não precisava desses testes para provar uma coisa que ele deixava claro todos os dias. Não havia, não houve e nunca haverá outra, se não Aiala.
Mas, ao olhar o namorado, ela sentiu algo diferente, um incômodo no olhar, uma decepção aparente. Ela estava começando a se martirizar.
— Vim com os caras ver o movimento aí.
— E aquela ali, na mesa, namorada nova do Alex? — Kellan tentava ser discreto, não querendo que Aiala ouvisse a conversa, mas os ouvidos dela estavam bem atentos.
— Não... Só uma amiga. — Zack não dizia nada mais do que deveria. Ele estava com muita raiva, para ser simpático e fingir que estava tudo bem.
— E a sua namorada, onde tá? Eu nunca tive a oportunidade de conhecê-la!
— Você já a conhece.
— Conheço?
Zack balançou a cabeça, afirmando, e prendeu o olhar em Aiala, esperando alguma reação da parte dela.
Ela sentiu o olhar dele e virou-se devagarzinho, sorrindo ironicamente.
— Namorado!
— Namorada! — Ele sorriu do mesmo jeito cínico. — Achei que você queria sair comigo hoje e conhecer o meu amigo Kellan. — Zack apontou para o amigo. — Mas já vi que, mesmo não atendendo meus telefonemas, você o conheceu.
— Achei que você estaria ocupado, rindo de alguma piadinha da sua nova amiguinha. — Aiala não conseguiu segurar seu tom sarcástico.
— Ela é sua namorada?! — Kellan assustou-se.
— Kellan, Aiala, minha namorada. Aiala, Kellan, meu amigo. Mas acho que vocês já tiveram o prazer de se conhecer.
— Puts... — Kellan bateu a mão na testa. — Que mole, cara! Eu não sabia... E ela...
— Tá bom, Kellan. Daqui pra frente, é só comigo. Mas não se preocupe, eu gostei mesmo de te conhecer. — Aiala tomou a palavra, evitando tornar a situação ainda mais constrangedora, fazendo Kellan sair de fininho, sem graça com a situação. — Ok...
— Ok. — Zack olhou no fundo dos olhos de Aiala. O que a fez se sentir culpada do que havia acontecido. Culpada pela raiva dele. — AGORA, você pegou muito pesado.
— Claro. EU peguei pesado?
— Eu estava com algum desconhecido, conversando na maior intimidade? Hum... Acho que não! E eu não atendi nenhuma ligação do meu namorado e vim a um bar sozinha? Hum... Acho que também não. Mas, olha, VOCÊ fez tudo isso!
— Primeiro, VOCÊ deveria ter me ligado ontem mesmo. Segundo, eu não estou sozinha, as meninas estão do outro lado. Terceiro, EU NÃO TENHO QUE AGUENTAR VER O MEU AMOR SAINDO COM UMA DESCONHECIDA, QUE ELE ACHA QUE É AMIGA! — Aiala se descontrolou e falou mais alto do que deveria. — Zack! Você acha que eu não vi vocês dois agarradinhos quando entraram? Rindo, parecendo... Felizes!
— E isso é motivo pra sair se fretando pra qualquer um? Você nem conhecia o cara. Ele é o maior Don Juan, Aiala! Você acha que eu fiquei feliz em te ver conversando com ele? Você sabe que isso não é coisa que se faça... E se ele tivesse te convencido a sair daqui? Você se lembraria de mim? Lembraria que, mesmo não ligando ontem, morri de ligar hoje?
— Eu não iria a lugar nenhum com ele! — Aiala franziu a testa, sentindo-se muito ofendida.
— Eu não entendo por que você duvida tanto de mim!
O coração dela se apertou.
— Não é de você que eu duvido, Zack. É dela. — Ela abaixou o tom e a cabeça. Os dois sabiam que ela se referia a Kara.
— Piorou! Felizmente, ela não tem nada de Aiala. O jeito de falar, se expressar, se vestir... NA-DA da pessoa que eu amo. O que significa que ela não me chama nenhum pouco a atenção, mas você continua com esse ciúme idiota! Para de complicar e de misturar as coisas!
Aiala se segurou para não pular no pescoço de Zack e arrancar inúmeros beijos.
— Mas o que eu vou fazer se o meu santo não bate com o dela? Aliás, meu santo QUER bater no dela, isso sim. Não, Zack, não dá. Eu não aguento pensar nem na possibilidade de ela estar no mesmo lugar que eu.
— Só que ela estará. O Alex, o Rian, o Jack... Todos eles gostam muito dela.
— É a PRIMEIRA vez que vocês se encontram fora do colégio e você está me dizendo que gosta dela?
— Sim, ela é uma ótima amiga. — Zack disse simplesmente.
— Uma ÓTIMA amiga. Ok. Então, vai lá ficar com sua ótima amiga, que eu vou sentar com as minhas ótimas amigas também. Tudo bem. Acho que eu posso aceitar sua escolha. Você prefere Kara a mim.
— Mas nem fodendo eu caio nessa. Eu odeio quando você me dá essas escolhas. Sabe disso! E sabe mais ainda que não dá pra escolher pessoas, Aiala. Você será sempre você, e ela será sempre ela.
— As coisas não são assim, Zack. — Ela tornou a se enfurecer. — Eu não suportei todas aquelas garotinhas em seus shows, na escola, no shopping, quando a gente saia, nas festas, olhando você, paquerando você descaradamente para uma qualquer chegar e roubar você de mim.
— As coisas são assim, sim. E deixe de criar confusão. Você nem ao menos deu a chance da menina se apresentar.
— Nem nunca vou deixar. Fala sério! Olha só como ela é! Aposto que é a primeira vez que ela sai com alguém que não seja os pais dela. Eu vivo num mundo comunicativo, onde as pessoas têm mais amigos que seus hamsters ou sapos, ou caixa de formiga. Sei lá o que uma pessoa como essa pode querer de estimação. Ela não deve nem saber onde fica o shopping!
— Não é só por que ela não lê revista de moda, que ela deixa de ser legal, Aiala. Deixa de ser cabeça dura! — Zack já se mostrava mais impaciente ainda. — Só por que ela não é que nem suas amiguinhas fúteis, que vivem todo o dia no salão de beleza e sabem da vida de cada celebridade deste planeta, que ela não tem do que falar.
— Você tá me chamando de fútil? Pois bem. VOCÊ NÃO QUER IR LÁ FICAR COM ELA? POIS QUE VÁ! E APROVEITE E VÁ AO INFERNO JUNTO COM ELA, seu idiota!
Aiala fez menção de sair da cadeira, mas Zack a impediu. Aquela conversa não poderia terminar assim, pois ele sabia que havia mais do que a namorada estava tentando dizer.
— Não é só por isso, é? Não pode ser! Essa confusão toda há dias não pode ser só por eu ter arranjado uma nova amiga! — Ele fez de tudo para parecer mais calmo. — Me diz, Aiala. PELO AMOR DE DEUS, me diga qual é o seu problema! Você tá assim, mais mandona, mais chata, mais briguenta não é de hoje. O que você quer? Desse jeito, nós não vamos acabar bem. Eu não vou aguentar ouvir você reclamar todo dia!
Ela abriu os olhos, inconformada com as palavras dele.
— Vo-cê acabou de dizer o que acabou de dizer mesmo? — Aiala não conseguiu raciocinar direito. — Você tá me dizendo que não me aguenta mais?! Que eu reclamo demais?! Zack, eu te odeio.
— Aiala, Aiala, Aiala, por favor. Escuta, não só ouve! Você tá entendendo da maneira que quer!
— Eu não quero mais saber, Zack. Se eu me tornei um estorvo pra você, por que ainda continua aqui?
— Porque eu te amo! E você nunca foi um estorvo, nem nunca será! Merda! Só me diga o que você realmente quer!
Ela parou por um segundo, suspirando pesarosa.
— Eu não sei, Zack. Eu não sei. Tudo o que você disse me deixou confusa... — Aiala passou a mão no rosto, tentando desanuviar os pensamentos. Tentando se acalmar. — Eu preciso parar para pensar.
— Você quer dar um tempo, é isso? — ele perguntou duvidoso. Ela não poderia querer aquilo, mas era a única coisa que passava pela cabeça de Zack. Havia outra explicação para todo esse mau humor e briga? — Porque, se for, acabe logo com isso.
— Eu não quero, mas acho que nós estamos precisando, não é?
— Você acha isso?
Aiala não iria responder àquela pergunta. Se respondesse, ficaria gravado na memória e esse fantasma iria atormentá-la.
— Zack...
— Não, não precisa falar nada! — Ele levantou-se com todos os seus músculos contraídos. — Depois que você pensar e tiver certeza do que quer... E começar a confiar em mim de novo, me procure.
Zack voltou à mesa dos seus amigos, irritado e mal-humorado, enquanto Aiala o seguia com o olhar. Ela acordou, de repente, e levantou.
É, para ela, a noite tinha terminado.   

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now