Capítulo 10

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  Aiala tinha um plano em mente; absurdo, mas válido. Seu desespero chegou a um lugar que não tinha mais como aumentar, só iria explodir.
Treze dias. A contagem era involuntária. Treze dias desde que tinha deixado Holly no avião. Treze dias desde que seus melhores amigos não eram mais os seus melhores amigos. Treze dias, ou melhor, dois finais de semanas sem sair com sua melhor amiga. Era de enlouquecer qualquer um!
Era difícil, era complicado e era infantil subir as escadas para fazer o que ela estava fazendo, mas não havia outra solução. Só alguém de fora poderia ajudá-los.
Parou em frente à porta, encarando a placa. É, ela realmente faria aquilo.
— Com licença, Carly. Posso entrar? — Aiala perguntou com receio.
Carly era psicóloga e supervisionava os alunos do último ano, já que a maioria deles acabavam tendo muitos problemas com a pressão de sair do colégio, entrar na faculdade... E, como toda psicóloga deveria ser, Carly era bem comunicativa e conversava com todos, o que a fez decorar o nome de cada um.
— Entra, Aiala. — Carly afastou-se do computador e ofereceu o sofá para Aiala sentar. — A quem devo a honra desta visita?
— Eu não sabia mais a quem recorrer e vim aqui pedir ajuda.
"Atenção, alunos Alex Gaskarth, Jack, Rian, Zachary e Maria Stern, do 3ª ano, por favor, Carly Simmons espera vocês na sala do SOE".
— O que aquela louca quer? — Zack perguntou a Rian, já que os dois estavam juntos na mesa.
— Louca? Ela é gostosa. Isso, sim.
Os dois levantaram-se, ainda com Rian imaginando aquela psicóloga de 27 anos em um vestido de enfermeira.
— Gostosa, mas louca. Fica achando que tem intimidade com todo mundo... É cada uma! Outro dia, ela veio falar de mim e de Aiala, achando que já me conhecia há 10 mil anos. É cada uma que eu tive que aguentar, viu? Em estados de animação totalmente opostos, foram atrás de Jack, que já subia as escadas também.
— O que nós fizemos desta vez? — Zack achou que, talvez, Jack soubesse a resposta. — Por que ela não chamou Aiala?
— Não faço ideia. Será que ela tá achando que nós que esvaziamos os extintores?
— Não, não. — Rian ficou pensativo. — Ela não chamaria a Maria, se esse fosse o motivo...

— Alex Gaskarth? — a bibliotecária chamou, desligando o telefone.
— Aqui?! — Alex respondeu incerto.
Kara olhou curiosa para ele.
— Carly está te esperando na sala dela.
— Eu? — Ele apontou para si, achando que estava metido em mais uma confusão. Era tipo um dom dele se meter em confusão. Até quando só estava respirando.
— Sim, você.
— Vai lá, Alex. Depois, você me conta o que aconteceu. — Kara riu da cara de confuso dele. Ele deu de ombros e saiu. Só poderia descobrir se fosse lá em cima, né? Porém, ao sair, acabou esbarrando em alguma garota que usava o uniforme de líder de torcida.
— Maria! — Surpreendeu-se com o fato da amiga estar andando por esses lados.
— Alex! — Ela assustou-se e deu um passo para trás. — Vim aqui te chamar, achei que não ouviria a chamada para ver a Carly...
— Ligaram avisando. Por que será, hein?
— É que... — Maria coçou o nariz.
— Andar com o Jack não faz bem a ninguém. Todo mundo se entrega com essa mãozinha no nariz! — ele riu, fazendo-se sorrir também. — Algum problema? — Nah... Nah... — ela grunhiu, balançando as mãos. Maria estava mesmo nervosa. — Eu queria que alguém me ouvisse, e você é o único que sabe do meu problema, fora o Jack, mas não acho que ele conseguiria me compreender tão bem.
Maria sorriu, procurando algum apoio no rosto de Alex.
"Alex Gaskarth e Maria Stern, por favor, Carly Simmons esperam vocês em sua sala".
Eles ouviram a voz chamando-os.
— Será que dá para ouvir a história toda no caminho? — Alex sorriu, abraçou Maria, deu um beijo no topo de sua cabeça e andaram assim, abraçados.

— Se você já se decidiu, eu não tenho muito que fazer. — Alex mostrou todos os dentes, tentando passar a segurança que Maria estava procurando. — Eu só posso te apoiar e te dar a certeza que você pode contar comigo no que precisar.
Ele abriu a porta da sala, e cinco pares de olhares curiosos o atingiram. Pela primeira vez, Alex sentiu-se envergonhado do que tinha feito. Privou seus melhores amigos de sua vida.
Maria sentou-se ao lado de Jack.
— Bem, acho que, agora, estamos todos aqui, então podemos ir ao ponto principal. — Carly anunciou de um modo simpático. — Devem estar todos confusos, mas não fiquem apreensivos, ninguém vai levar uma advertência para casa... A menos que não se entendam. Aí, sim, vão levar logo é uma suspensão, para ficarem trancados numa casa por 2 dias, porque nem acredito que vocês estão aqui, na minha sala, por isso. Porém, vejo que é necessária a interseção de alguém de fora para por ordem na casa! Que é isso, gente?! O que aconteceu com meu grupo de amigos preferidos? A minha esperança de aparecer no arquivo confidencial do programa da Oprah?! — Todos abriram um sorriso tímido com a brincadeira. — Alguém quer começar a falar? Aiala?!
— Não, eu preciso abrir meu coração primeiro. — Jack tomou a palavra, fazendo caras e bocas e batendo no peito, sofrendo. — Tem uma coisa que tá me incomodando desde... Eu juro que tentei entender vocês nesse meio tempo, mas não deu, ficou difícil, e eu não posso mais guardar isso só para mim. — Ele coçou o nariz e olhou para Alex, e Maria, que estava desesperada com o que o amigo falaria.
— Não, Jack, por favor! — suplicou, fechando os olhos.
Todos esperavam ansiosos pelo que Jack falaria.
— Desculpa, Maria, mas eu preciso. Vocês realmente pretendem esconder o namoro de vocês até quando?
E não houve uma boca, naquela sala, que não ficou aberta com a pergunta.   

Show Girl [COMPLETO]Where stories live. Discover now